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Capítulo 05 - Raquel

O homem para ao meu lado, me fita por um momento. Dá para ver o seu rosto, parece cansado e com um pouco de barba que faz o quê? Uma semana sem fazer aquela barba, ao que parece? E aqueles olhos? São verdes que me deixa completamente rendida a ele, fico até sem fôlego.

— Tinha que ser uma mulher mesmo pra fazer isso! — protesta, sua voz alta me tira dos meus devaneios. Continuo encarando-o. — Aposto que estava falando no celular.

— O quê? Como ousa falar assim comigo? — Pego a minha bolsa que está banco do carona e saio do carro, ele dá um passo para trás quando saio do veículo. — Escuta aqui, seu filhinho de papai! — Ele levanta a sobrancelha. — Eu dirijo muito bem, ouviu? — brado, apontando o celular pra ele, me deixou muito irritada. Se aproxima e olha para a tela do telefone.

— Acho que tem alguém na linha. — diz, indicando para o telefone. Olho para tela e noto que é a minha amiga Patrícia que ainda está na linha. Merda.

— Alô? Patrícia? Está me ouvindo? — sussurro, virando de costas para ele.

— Caramba, por que demorou para me responder? — pergunta.

— Patrícia, depois te explico. Agora tenho que desligar, tchau. — Acabo desligando na cara da minha amiga, coloco o celular na bolsa e me viro. Ele continua ali parado, esperando... O que esse cara quer? Calma, Raquel. Você fez a merda, então resolva como uma mulher adulta que você é. — Olha, sei que estou errada, quero pedir desculpas... Por ter batido no carro.

— Tudo bem, está desculpada — ele acrescenta. Pega o celular no bolso da calça, acho que vai chamar o guincho?

Já está tudo resolvido, vou seguindo o meu caminho, pois estou atrasada. Quando estava andando ele pega no meu braço e me puxa para si, acabo perdendo equilíbrio e bato de cara no seu peito. Olho para ele, estava tão perto que dava pra sentir a sua respiração e aqueles olhos verdes? Não sei explicar, mas senti meu corpo pegar fogo.

Raquel se controle! Você tem namorado! Dou um empurrão para me afastar dele. Mas não adianta, ele continua segurando o meu braço. 

— Quer me soltar? — Faço força para sair, mas não consigo. — O que você quer?

— B**e no meu Bugatti e acha que é só pedir desculpas que vai ficar por isso mesmo? Só pode ser piada? — protesta, me encarando.

— Foi sem querer... Não queria bater no seu... Seu... Carro? — Encolho os ombros.

— Bugatti Veyron. Essa belezinha custou nada menos que dez milhões de reais. E vai ter que arcar com o prejuízo — esbraveja. Soltando o meu braço.

— O que disse? Pode repetir? — indago.

— Eu disse que a senhorita vai ter que pagar esse prejuízo. — Se aproxima e alisa a minha bochecha.

— O quê? Está maluco? — grito, andando para trás. — Não tenho esse dinheiro, começo hoje a trabalhar aqui...

— Começa hoje? — Ergue o braço e olha para o relógio. — Lamento em dizer que está atrasada, corrigindo, está bem atrasada.

— Nossa, não me diga. — Bufo de raiva. Ele sorri me vendo daquele jeito. — Olha aqui seu... Seu... — Me fita com as mãos no bolso da calça. — Quer saber? Foda-se.

— Não pode falar assim comigo? Sabe com quem está falando? — vocifera, ao se aproximar de mim.

Dou uma olha para trás e noto que tem um elevador. Essa é a minha chance. Imediatamente, giro o meu corpo e corro em direção para elevador e o deixo ali falando sozinho. Quando percebe ele vem atrás de mim, mas já é tarde, estou dentro do elevador.

— Sua louca! Volta aqui? — berra, furioso. Está chegando perto, mas o elevador está fechando. Enquanto está fechando, mando o dedo do meio para ele.

Pronto. Estou livre daquele babaca... Lindo... Balanço a cabeça tirando aquilo da minha mente. Encosto no espelho do elevador. Que dia hein, Raquel? Acho que não tem como piorar, né?

Esperando o elevador chegar ao quinto andar, meu celular começa a tocar. Ai meu pai, quem está me ligando? Será que é a Patrícia? Procuro dentro da bolsa, mas quando o pego noto que é um número desconhecido.

— Raquel? — Chama a moça no outro lado da linha.

— Sim, é ela — respondo, me olhando no espelho.

— Cadê você? Esqueceu que começa hoje na empresa? — pergunta toda preocupada, conheço essa voz... Sim, é da mulher do RH. Droga.

— Oi, Camila. É que aconteceu um probleminha no meio do caminho... Mas já estou na empresa, estou no elevador — digo, ajeitando a alça da bolsa no meu ombro.

— Tudo bem. Por sorte o senhor Montenegro não chegou, assim que você chegar ao quinto andar vá direto para minha sala. Estou de aguardando — Camila instrui. Concordo, antes de desligar ela me dá instruções de onde fica a sua sala e logo desliga.

Chego ao quinto andar vou logo para a sala do RH. Ela está sentada à sua mesa, morena de cabelos negros ondulados na altura dos ombros, está elegante com um vestido vintage vinho que combina com o seu tom de pele.

— Raquel, sente-se. — Camila se levanta e indica a poltrona na minha frente, me aproximo e me sento, em seguida pouso minha bolsa na outra poltrona. Reparo que ela está me observando.

— Algum problema? — indago, cruzando as pernas, ela volta a se sentar na sua cadeira.

— Chegar atrasada no seu primeiro dia de trabalho... — Solta o ar, inclina-se para frente apoiando seus braços na mesa. — Não sei, se deixo você trabalhar...

— Não! Por favor! — Dou um pulo da poltrona. — Aconteceu um imprevisto, me dê mais uma chance, isso não vai se repetir — imploro, acabo pegando na sua mão. Ela fica me encarando e noto que exagerei e solto a sua mão. — Desculpa, mas é meu grande sonho trabalhar aqui...

— Tudo bem... — Levanta-se da cadeira, vem na minha direção se encostando na mesa. — Como o senhor Montenegro não chegou ainda, você vai trabalhar hoje. Mas Raquel isso não pode se repetir! Ele odeia atrasos — adverte.

— Sim, sim, não vai acontecer. — Dou um abraço nela, pegando ela de surpresa. — Desculpe... De novo. — Recuo, encolhendo os ombros.

— Tudo bem — comenta, sorrindo. — Vamos conhecer sua sala?

— Claro. Estou louca pra ver. — Sem perder tempo pego a minha bolsa e vou atrás da Camila.

Voltamos para o elevador, agora iremos para o nono andar, sem demora chegamos ao andar, no caminho ela me mostra as salas de cada cargo: criminalista, trabalhista, ação penal... Também me indica a sala de assistência jurídica, que sai uma morena bem bonita e Camila nos apresenta.

— Elena, essa é a Raquel, a moça que falei outro dia — Camila informa. A moça levanta a sobrancelha.

— Oi, tudo bem. Seja bem-vinda — diz, erguendo a mão para me cumprimentar.

— Obrigada. — Cumprimento-a. — Nossa, quanta papelada?

Ahh... Isso aqui é umas coisinhas que meu irmão me pediu, nada de mais — comenta, olhando o relógio. — Por falar nisso, Camila sabe me dizer se ele já chegou? Tenho que entregar isso a ele — pergunta para moça do RH.

— Não sei, Elena, ele ainda não chegou — Camila responde, educadamente.

Humm... Ok então. Vou voltar para a minha sala, depois vou para sala dele. — Quando ela faz menção de se virar, faz uma pausa e dá meia-volta olhando para mim. — Boa sorte. Acho que você vai precisar. — Ela entra na sua sala.

— Por que ela disse aquilo? — pergunto para Camila, enquanto estamos indo para minha sala.

— Vamos dizer que o Senhor Montenegro tem um gênio difícil — explica Camila. Não digo mais nada, já vi que vou ter muita trabalho com esse cara.

Antes de chegar à minha sala, ela me explica como é o meu chefe. Além de não gostar de atrasos, ele é bem exigente, não gosta que fique no telefone, gosta de tudo organizado e se pedir algo é pra fazer, detesta ser contrariado, que avise três dias antes dos julgamentos para ele se preparar.

E diz para não ligar se ele por acaso for ignorante ou arrogante que pode ser por conta do estresse do trabalho. Deve ser uma merda trabalhar com um cara desse, agora sei o porquê não dura funcionária nesse lugar. Aposto que deve ser um barrigudo e careca, não resisto começo a rir.

— O que foi, Raquel? — Camila pergunta não entendendo a minha atitude.

— Hã? Não foi nada... Me lembrei de uma piada. — Seguro o riso, ajeito a alça da minha bolsa que estava caindo.

Ela abre a sala, quer dizer, a minha sala. Tenho que dizer que é maravilhosa. É ampla e bem grande, as paredes são cinza-chumbo, a mesa com tampa de vidro e o corpo em madeira. É linda demais. Pareço que nem aquelas crianças que vão para Disney a primeira vez. Fico ali admirando tudo, a decoração, o ambiente... Mas volto para realidade.

— Raquel? — A senhora Camila me chama, fazendo gestos para ir até ela.

— Desculpa, estava admirando a sala.

— Ok. Por favor, sente-se. — Aponta para a cadeira. Estilo concha giratória com revestimento metálico, assim que me sento na cadeira, ela me mostra o computador e duas agendas.

Fito Camila sem entender o porquê duas agendas e ela me explica que a cinza é para reuniões com clientes, julgamentos, etc.. Já a preta para encontros particulares. Nossa, o cara deve pegar muita mulher para ter uma agenda para isso? Olho para o lado e noto que tem uma divisória de vidro.

— Camila, o que é aquilo? — pergunto, indicando para ela.

— Ali? É o escritório do Senhor Montenegro. — Levanto a sobrancelha. — Não se preocupe, lá fica um blackout e está sempre fechado. Ele não vai ficar olhando para você e nem você para ele.

Ufa, que alívio. Já basta esse velho pegador ficar me vigiando. Quando ela ia falar algo entra um homem rosnando até entrar na outra sala e fecha a porta ferozmente que levo um susto.

E nem deu tempo de ver quem era, foi tão rápido. A Camila me pede para esperar aqui, pois ela vai ver o que houve, balanço a cabeça concordando. Ela vai para sala e encosto na cadeira esperando-a voltar, não demora muito ela volta.

— Raquel, levante-se e venha comigo — Camila orienta, me dando passagem para ir até à sala de vidro. Então foi o velho que entrou daquele jeito? Calma, Raquel, vai dar tudo certo. Assim que entro na sala ele está de costas no frigobar. Não sei por que, mas já vi aquele terno azul?

— Essa é a secretária que falei, ela vai começar hoje — Camila anuncia, enquanto o homem sorve sua garrafa d'água que logo se vira.

— Ok, seja... Que porra é essa, Camila? — Ele j**a a garrafa na mesa, que respinga, mas não se importa.

Ah, não. Joguei pedra na cruz só pode. O que esse babaca está fazendo aqui? — Aponto para ele e fito a Carla que fica perdida.

— Olha como a senhorita fala! — alerta, levantando o dedo. — Já basta o que fez no meu carro!

— O que ela fez no seu carro? — Camila pergunta olhando para o homem de terno azul.

— Cala a merda da sua boca! — protesto, já irritada por esse cara ficar falando desse jeito comigo. O que ele está fazendo aqui?

— Raquel! Não pode falar assim! — Camila me adverte.

— Por que não, mas é verdade... — Ela se aproxima e puxa o meu braço.

— Ele é seu chefe. Esse é o Bruno Montenegro. 

Oi? Olho para frente, ele está com os braços cruzados na altura do peito. E achando que não tem como piorar o meu dia. Que merda!

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