Capítulo 2
Sob o sol escaldante, Zelda ficou parada na entrada do hospital. Por um momento, os seus olhos percorreram ao redor, sem saber para onde ir.

Demorou um pouco até que ela começou a tremer quando discou o número que sabia de cor.

O celular mal tocou duas vezes antes de ser atendido.

— Vicente, eu... — A voz de Zelda estremecia, chorosa.

— Estou muito ocupado na reunião. — A voz indiferente de Vicente sufocou tudo que Zelda queria dizer do outro lado da linha.

Logo, a ligação foi encerrada de imediato.

Zelda balançava como se fosse cair, era como se tivesse caído em um buraco de gelo conforme o seu corpo ficava cada vez mais frio.

O que ela deveria fazer naquele momento? Zelda se apoiou em uma grande árvore ao lado da estrada, sem forças.

No próximo segundo, o destino pregou uma peça cruel — na entrada principal do hospital, apareceram duas figuras familiares.

Vicente saía, abraçando carinhosamente uma mulher, olhando para ela com adoração.

Ele não disse que estava em uma reunião?

Mas o que deixou Zelda ainda mais desesperada era que a mulher era sua meia-irmã, Ada Montenegro!

O celular de Zelda caiu no chão.

Como isso é possível?

Ada havia partido há quatro anos, como ela poderia aparecer de repente em Cidade Nuvemis? Como ela poderia estar com Vicente?

Zelda avançou passo a passo até ficar de frente para eles.

— Isso é o que você chama de reunião?

Vicente parecia surpreso por encontrar Zelda ali. Por um instante, um lampejo de desconforto passou por seus olhos.

— Zelda, o que eu faço não é da sua conta. — Ele a fitou com um olhar frio e altivo O seu desprezo era visível..

Se não fosse Zelda ter afastado Ada anos atrás, se não fosse por suas intrigas para acabar em sua cama, ele nunca teria se casado com ela e nem mesmo viveria uma vida de mútuo desgosto.

No momento em que Ada viu Zelda, não conseguiu conter o tremor e o pânico visível em seus olhos.

— Zelda, por favor, escute... — Ada começou, mas foi interrompida por uma forte tosse. — Desculpe... foi tudo culpa minha, eu... eu não deveria ter voltado...

O medo e o pânico em Ada eram evidentes, e ela parecia realmente temer Zelda.

Vicente percebeu isso e seu olhar para Zelda se tornou ainda mais severo.

— Zelda, a Ada está assim por sua causa. É melhor você ficar longe dela. Se alguma coisa acontecer com ela, eu mesmo farei você pagar por isso! — Vicente estava furioso, enquanto Zelda olhava para Ada com uma expressão sombria.

Há quatro anos, Ada havia partido sem dizer uma palavra e, repentinamente, voltou sem que Zelda soubesse de nada.

As palavras de Vicente soavam como se Zelda tivesse feito algo terrível a Ada.

Então, com voz fraca, Ada falou:

— Eu... estou com uma doença terminal, é insuficiência renal. Talvez eu não sobreviva! Por favor, desta vez, não me expulse da Cidade Nuvemis! Eu estive sozinha, vagando por aí nos últimos anos, realmente sinto falta de casa. Não quero morrer longe de casa, irmã, por favor, não me force a ir embora outra vez.

Ao ouvir sobre a insuficiência renal, Zelda ficou chocada.

— Como você pode...

Zelda foi interrompida friamente por Vicente:

— Tudo isso não é culpa sua? — A voz gelada de Vicente continuou: — Os médicos disseram que há esperança para Ada, ela precisa de um transplante de rim. Atualmente, na família Montenegro, apenas você e Ada são compatíveis.

Zelda estava incrédula.

— Vicente, você sabe que eu...

Ela tinha câncer de estômago, como poderia doar um rim para Ada?

De repente, Vicente falou, olhando de cima para a mulher pálida, cada palavra carregada de desdém:

— Mesmo que você esteja morrendo, terá que dar o seu rim para Ada, pois é o que você lhe deve!

— Cof, cof… — Subitamente, o sangue jorrou da boca de Zelda.

Ada gritou baixinho e se refugiou nos braços de Vicente, preocupada:

— Vicente, estou com medo! Por que a Zelda começou a cuspir sangue?

Mesmo vendo Zelda pálida e trêmula, Vicente permaneceu impassível, observando-a com desdém.

"A manobra de ontem, você vai usar de novo hoje?"

— Vamos embora, não há necessidade de ficar aqui vendo ela atuar, é uma perda de tempo.

Atuar?

As lágrimas caindo dos seus olhos enquanto Zelda observava a silhueta de Vicente.

Esse era o homem que ela amou por cinco anos. Foram cinco anos de amor, e tudo que conseguiu foi seu desprezo e um coração partido...

Jonas correu para fora do hospital, seguindo Zelda. Ao ver o estado dela, a emoção contida de Jonas finalmente explodiu como se sua alma tivesse sido sugada.

— Zelda! Eu vou acertar as contas com ele!

Percebendo sua intenção, Zelda rapidamente agarrou a bainha da camisa de Jonas e pediu com uma voz suplicante:

— Não... não deixe que ele saiba.

— Por quê? Todos esses anos você se conteve por ele, sempre cedendo. E ele? O que ele fez por você? — A voz indignada de Jonas cessou abruptamente ao ver as lágrimas nos olhos de Zelda.

Ela sorriu amargamente e balançou a cabeça.

Jonas estava certo, e Zelda sabia disso.

Mas, ela amava Vicente.

O amor que ela havia mantido no passado desmoronou completamente quando ele partiu de forma decisiva momentos atrás.

Naquela ocasião, as ações de Vicente também fizeram-na enxergar a natureza de seus sentimentos.

Ele não vale a pena!

Zelda enxugou as lágrimas com força e olhou para Jonas.

Sua voz era muito suave, mas cada palavra que ela dizia era carregada de firmeza:

— Não há necessidade de ele saber... Eu vou me divorciar. A partir de agora, tudo em minha vida não terá mais nada a ver com ele.
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