Na mansão Barros, Zelda observava a escuridão do quarto durante a noite enquanto a última ponta de esperança se dissipava em seu coração. Ele na realidade não retornou. Durante os quatro anos de casamento, ele raramente voltava para casa, e as páginas de fofocas de Cidade Nuvemis nunca deixaram de mencionar seus romances. A coisa mais insultante ainda era o fato de que, como assistente de Vicente, ela tinha que estar sempre pronta com suas roupas limpas, levando-as todas as noites ao hotel onde ele mostrava sua gentileza com outras mulheres. Isso era cruel demais para ela.Por anos, ela suportou em silêncio, sempre esperando que um dia ele voltasse e visse sua espera. Mas naquele instante, ela entendia que não era uma questão de não ser boa o suficiente; tudo se resumia ao fato de que ele não a amava. A falta de amor era simplesmente isso, e nenhum esforço adicional valeria a pena. Em um relacionamento, a pessoa que não é amada, independentemente do que faça, sempre parecerá est
Quando Zelda acordou, já era meio-dia do dia seguinte. O quarto estava vazio, Vicente já havia ido embora, e apenas os pedaços de tecido rasgados no chão confirmavam a realidade da noite anterior. As lágrimas de Zelda começaram a cair enquanto olhava para os hematomas.Ela não precisava de um espelho para saber que não havia uma parte de seu corpo que não estivesse machucada, era uma visão terrível.A dor física era intensa, mas o que mais doía era o seu coração. Vicente tinha sido como um lobo feroz na noite anterior, sem um pingo de misericórdia. Só de lembrar, o corpo ainda tremia.— Vicente, se você não me ama, por que não pode me deixar ir? — Ela murmurou para si mesma, a tristeza mal teve tempo de se dissipar quando o celular em sua mesinha de cabeceira começou a tocar.Zelda levantou seu braço dolorido para atender. Assim que conectou a ligação, ouviu a voz ansiosa de Lídia, a empregada da família Montenegro:— Senhorita Zelda, aconteceu algo terrível, você precisa voltar p
Zelda realmente não queria se envolver naquela situação. O que a vida ou a morte de Ada tinha a ver com ela?Em certo momento, ela lembrou que Ada era a mulher favorita de Vicente, e que provocar o homem temperamental pioraria ainda mais as coisas...— Deixe estar, agora não é hora de complicar as coisas....Meia hora depois, Zelda entrou no café e imediatamente viu Ada sentada perto da janela. Ada estava claramente preparada para o encontro, usando maquiagem impecável e um vestido de alcinha sexy enquanto exibia uma aparência sedutora e encantadora, muito diferente do semblante abatido do outro dia.Ada olhou para Zelda se aproximando e, com um sorriso, provocou:— Você parece péssima. Vicente não está cuidando bem de você?Zelda ignorou a provocação de Ada e sentou-se em frente a ela, dizendo friamente:— Fale logo. Estou ocupada e não posso desperdiçar o meu tempo.Ada parou de fingir. Mexeu no café à sua frente e então olhou para Zelda com um sorriso:— Zelda, eu quero o seu ri
Devido à cena causada por Ada, Zelda optou por não dirigir até o Grupo Barros, mas decidiu ir ao bar onde sua amiga Vanessa trabalhava. Ela estava confusa, ainda não se sentia pronta para enfrentar Vicente, e precisava desabafar com alguém. Vanessa, que era garçonete no bar, aproveitou que ainda não estava na hora do movimento para encontrar a amiga em um canto isolado e conversar um pouco.Ao ouvir o que Zelda havia feito naquele dia, Vanessa aplaudiu com entusiasmo. Durante todos aqueles anos, Zelda sofreu tanto com as manipulações ocultas de Ada, sempre aguentando por ser muito boa, o que deixava Vanessa frustrada por ver a amiga ser constantemente maltratada. Com isso, a atitude de Zelda foi mais que satisfatória para Vanessa.No entanto, Zelda estava visivelmente abatida e as sobrancelhas franzidas de preocupação, contrastando com o sorriso de Vanessa.Vanessa, percebendo sua expressão sombria, abraçou os ombros de Zelda e aconselhou: — Já que aqueles dois estão juntos, a
Doar um rim? De novo, Ada!A esperança que Zelda havia acumulado desmoronou ao ouvir essa demanda, e uma dor lancinante se espalhou pelo seu peito. Ele realmente queria matá-la!Pensando nas provocações de Ada naquela tarde, Zelda mordeu seu lábio com força, seus olhos se enchendo de raiva. Ela levantou o olhar, encarando o homem à sua frente, e disse entre dentes:— Impossível.Vicente soltou uma risada fria, sua voz soou baixa e ameaçadora:— Não quer? Então caia fora.A frase: "caia fora" não era nova para ela, mas cada vez que ele falava, feria Zelda profundamente.Na visão dele, a esposa era apenas algo que ele poderia manipular à vontade, um ser desprezível sem dignidade?Observando Vicente impassível, os olhos de Zelda se encheram de lágrimas de raiva.— Vicente, eu sei que você me odeia, mas por favor, em consideração ao fato de que seu pai e o meu eram amigos próximos, ajude-o desta vez. A empresa é o único legado que minha mãe deixou para ele, e se a perdermos, eu temo que
Vila Mar Azul.Quando Vicente chegou, já eram onze horas da noite. Vestida com uma camisola sensual, Ada estava deitada na cama, fingindo estar fraca enquanto olhava para o homem que se aproximava.— Vicente, eu... eu acabei de ter uma tontura e caí no banheiro. Fiquei tão assustada.Enquanto falava, as lágrimas começaram a rolar pelos cantos dos seus olhos, escorrendo pelas bochechas macias de forma que a fazia parecer ainda mais vulnerável.— Não vai acontecer nada, não tenha medo. — Vicente se sentou ao lado da cama, tentando acalmar a mulher que ainda chorava, mas suas sobrancelhas continuavam franzidas de preocupação.— Tome o remédio. — Vicente pegou o copo na mesa e os comprimidos que haviam sido prescritos no hospital, e com cuidado, ajudou-a a tomar.Ada engoliu o remédio com dificuldade, a sua expressão era amarga.— Vicente, esse remédio é muito amargo.Vendo a fisionomia de desconforto de Ada, Vicente esboçou um leve sorriso.— Boba, o que é amargo faz efeito.Ada fez uma
Ada percebeu que Vicente não a rejeitava e, enquanto os dois se envolviam, tentou desabotoar a camisa dele, mas foi interrompida.— Vicente? Você não me quer? — perguntou ela, com uma voz carregada de decepção.— Ada, seu corpo não está em condições para isso agora. — Vicente respondeu, mas Ada viu isso como uma desculpa.Inconformada, ela voltou a beijar ele, insistindo, querendo que ele a tomasse. Ela sentia que só poderia se acalmar se seu corpo pertencesse a ele, caso contrário, sempre teria a sensação de que não poderia segurá-lo.Vicente percebeu a urgência dela, o que o incomodou. Com uma atitude firme, ele a pressionou de volta na cama.— Apenas descanse. Eu vou ficar aqui com você esta noite.Seu tom não deixava espaço para discussão, e mesmo contra sua vontade, Ada teve que se conformar e se deitar obedientemente, sem ousar contrariá-lo."Espere e veja," pensou Ada. "Um dia, eu serei a mulher dele."...No silêncio da noite, Zelda estava sentada no telhado da mansão, abraç
Vicente subestimou o quanto Zelda podia ser obstinada. Mesmo com tudo isso, ela ainda se recusava a se divorciar dele. Percebendo que estava pensando nela novamente, Vicente ficou tão irritado que quase jogou os papéis no chão.“Ada é a única que realmente te ama, enquanto Zelda... o que ela sabe fazer além de te trair?” pensou ele.Ao lembrar de Zelda supostamente tendo um caso com Jonas antes do casamento e continuando a traí-lo depois, a expressão de Vicente se tornou sombria, seus punhos cerraram com força.Meia hora depois, Zelda chegou apressada à empresa com os documentos nos braços e bateu na porta do escritório do presidente. Ao entrar, não lançou sequer um olhar para Vicente, colocou os papéis na mesa dele e se virou para sair.Vicente não entendia porque Zelda, que sempre foi tão submissa, hoje o tratava com tanta frieza. O que ela estava tramando dessa vez?Vendo que ela estava prestes a sair, ele finalmente falou, com frieza:— Pare.Zelda parou, seus olhos frios olhando