Zelda passou a tarde inteira enterrada no trabalho, tentando distrair a mente. Só quando o relógio marcou sete da noite, ela finalmente colocou os documentos de lado.Levantou-se e foi até a janela, alongando os membros que estavam rígidos depois de horas na mesma posição. Apesar de só ter passado um dia longe de Fofinha, a saudade já preenchia seu coração.No caminho para o apartamento de Dália, Zelda fez questão de escolher os lanchinhos preferidos da filha. Só de imaginar o momento em que Fofinha correria para seus braços, sentia o coração aquecido. Seu rosto, antes sério, se iluminou com um sorriso genuíno de felicidade.Logo, ela chegou ao apartamento.Assim que viu Zelda, Fofinha correu até ela com os bracinhos abertos e pulou em seus braços.Todo o cansaço desapareceu no instante em que Zelda a segurou firme. Com um sorriso carinhoso, beijou as bochechas macias e perfumadas da menina.— Mamãe, eu estava com tanta saudade de você! — A voz doce de Fofinha ecoou, enquanto seus braç
— Embora ele tenha me levado para a delegacia, foi muito frio. — Fofinha respondeu, pensativa. — Eu tentei conversar com ele no caminho, mas ele só respondeu com algumas palavras e, mesmo assim, de forma muito fria. A expressão dele era tão gelada… Um homem assim serve como amigo, mas nunca como marido.O jeito de "pequena adulta" de Fofinha quase fez Zelda soltar uma risada.— Mamãe, se tiver uma chance, seja amiga dele. Acho que como amigo ele pode ser legal. — A voz doce e animada da menina trouxe um momento de leveza.— Certo, vou seguir o conselho da minha Fofinha. — Zelda respondeu, com um sorriso suave.Depois de mais alguns minutos de conversa, o sono finalmente venceu Fofinha, que adormeceu profundamente.Zelda ajeitou o cobertor sobre a filha e ficou sentada ao lado da cama, observando o rostinho sereno dela. Será que eles irão se encontrar novamente no futuro? Pensar nisso trouxe um suspiro cheio de resignação.— Talvez o que tem que acontecer, vai acontecer, não importa o
Passava da meia-noite quando Marilia, vestindo roupas rasgadas e com uma expressão inquieta, emergiu de um beco escuro no meio do bairro mais pobre da cidade.Ela olhava ao redor com cuidado. Só depois de se certificar de que ninguém a seguia, suspirou aliviada e avançou em direção a uma cabine telefônica velha e desgastada.Com passos hesitantes, quase tropeçando de fraqueza, ela entrou na cabine. Fazia dias que não comia direito, e seu rosto estava pálido, quase cadavérico. As mãos trêmulas discaram um número com dificuldade.Quando algumas pessoas passaram perto da cabine, Marilia instintivamente puxou o lenço sobre a cabeça, escondendo seu rosto.— Atenda… Por favor, atenda. — sussurrou para si mesma, os olhos fixos no celular.O celular chamou várias vezes, mas ninguém atendeu. A ansiedade crescia dentro dela, enquanto sua mente girava com pensamentos de desespero.Com a quantia mínima de dinheiro que ainda tinha no bolso, sabia que essa poderia ser sua última tentativa.Finalme
— Também fui ingênua ao acreditar na Ada. Nunca imaginei que ela fosse tão manipuladora. Acabou prejudicando o senhor... — disse Lídia com um suspiro, ao ouvir o nome de Ada.Zelda franziu levemente as sobrancelhas.— Marilia é a verdadeira manipuladora por trás disso tudo. Ada era apenas uma peça no jogo dela. — respondeu Zelda, com um brilho de frieza nos olhos.Até aquele momento, a polícia ainda não havia encontrado Marilia. Era como se ela tivesse desaparecido da face da Terra, o que parecia impossível.Algo na situação não fazia sentido para Zelda."Mesmo que Marilia odiasse nossa família, não parecia o suficiente para ela ir tão longe." pensava Zelda, enquanto sua expressão se tornava mais sombria."Será que há alguém por trás dela?" A possibilidade fez seus olhos ficarem ainda mais carregados de preocupação.Lídia, percebendo sua inquietação, segurou sua mão e tentou confortá-la.— Não pense demais nisso agora. Tudo tem seu tempo. Essa Marilia será encontrada. Concentre-se no
Na Mansão BarrosVicente estava sozinho em seu escritório. Amanhã seria o dia em que ele e Zelda assinariam os papéis do divórcio.Ele podia imaginar claramente o rosto dela, iluminado pela alegria de finalmente se livrar dele. Só de pensar nisso, uma dor cortante atravessava seu peito como uma lâmina afiada.— Zelda, você queria tanto que esse dia chegasse? — murmurou para si mesmo, sua voz baixa e carregada de tristeza.O som do celular interrompeu seus pensamentos. Ele piscou algumas vezes, saindo da inércia, e atendeu.— Encontramos Marilia. Ela está hospedada em uma pequena pensão. — informou Pedro, do outro lado da linha, com seu tom firme de sempre.Os olhos de Vicente brilharam com uma raiva fria.— Entregue-a diretamente à polícia.Pedro hesitou por um momento antes de continuar:— Ela disse que tem algo importante para lhe contar.Vicente bufou, impaciente.— Não importa o que ela tenha a dizer. Nenhuma desculpa mudará o que ela fez. Entregue-a à polícia. Não quero vê-la.—
Pedro ficou parado, com o rosto marcado por uma expressão de choque e incredulidade.“Naquela época, o corpo de Zelda já estava tão debilitado... como ela conseguiu dar à luz a uma filha?”Sabendo de todos os detalhes da história entre Vicente e Zelda, Pedro não pôde deixar de admirar profundamente a coragem dela.“Quanta força de vontade ela deve ter tido! Zelda o odiava tanto, a ponto de querer matá-lo por todo o sofrimento que ele a fez passar, mas, mesmo assim, decidiu ter a filha, mesmo à beira da morte.”Pedro estava atônito, imaginando quantas provações inimagináveis Zelda deve ter enfrentado para sobreviver àquilo.Marilia, por sua vez, continuava ajoelhada no chão, ainda tremendo, mesmo depois que Vicente a soltou.Ela havia seguido todas as ordens daquele homem misterioso. “Na prisão… será que vai ser mais fácil agora? Será que ele vai cumprir a promessa e garantir que eu não seja torturada?”Porém, no fundo, uma sombra de dúvida pairava em mente . “Eu nem sequer sei quem e
Zelda Montenegro segurava a barriga e, com esforço palpável, saiu da cama. A luz da lua invadia a janela e lançava um brilho sobre o rosto extremamente pálido. Os passos conhecidos de Vicente ecoavam do lado de fora. Com um esforço notável, Zelda tentou girar a maçaneta e, após alguns instantes, conseguiu abrir a porta.— Vicente. — Sua voz quase se esgotou ao chamar o nome dele.Vicente Barros parou, virou-se e lançou um olhar gelado para a mulher de camisola.— Você voltou, conseguiu comer? — A voz dela estava cheia de uma cautela exagerada, quase uma adulação.Um brilho que misturava esperança e expectativa se acendeu em seus olhos. Impaciente, o homem se virou com intenção de partir, Esse gesto perfurou o coração de Zelda como uma punhalada. Ela correu até ele e agarrou sua manga enquanto o sangue escorria dos lábios mordidos e as dores agudas na barriga mal deixavam-na respirar.— Solta! — O olhar de Vicente se encheu de uma raiva mais intensa.Zelda afrouxou o aperto, ous
Sob o sol escaldante, Zelda ficou parada na entrada do hospital. Por um momento, os seus olhos percorreram ao redor, sem saber para onde ir.Demorou um pouco até que ela começou a tremer quando discou o número que sabia de cor. O celular mal tocou duas vezes antes de ser atendido.— Vicente, eu... — A voz de Zelda estremecia, chorosa.— Estou muito ocupado na reunião. — A voz indiferente de Vicente sufocou tudo que Zelda queria dizer do outro lado da linha.Logo, a ligação foi encerrada de imediato.Zelda balançava como se fosse cair, era como se tivesse caído em um buraco de gelo conforme o seu corpo ficava cada vez mais frio. O que ela deveria fazer naquele momento? Zelda se apoiou em uma grande árvore ao lado da estrada, sem forças.No próximo segundo, o destino pregou uma peça cruel — na entrada principal do hospital, apareceram duas figuras familiares.Vicente saía, abraçando carinhosamente uma mulher, olhando para ela com adoração. Ele não disse que estava em uma reunião? M