Capítulo 3
Na mansão Barros, Zelda observava a escuridão do quarto durante a noite enquanto a última ponta de esperança se dissipava em seu coração.

Ele na realidade não retornou.

Durante os quatro anos de casamento, ele raramente voltava para casa, e as páginas de fofocas de Cidade Nuvemis nunca deixaram de mencionar seus romances.

A coisa mais insultante ainda era o fato de que, como assistente de Vicente, ela tinha que estar sempre pronta com suas roupas limpas, levando-as todas as noites ao hotel onde ele mostrava sua gentileza com outras mulheres.

Isso era cruel demais para ela.

Por anos, ela suportou em silêncio, sempre esperando que um dia ele voltasse e visse sua espera.

Mas naquele instante, ela entendia que não era uma questão de não ser boa o suficiente; tudo se resumia ao fato de que ele não a amava.

A falta de amor era simplesmente isso, e nenhum esforço adicional valeria a pena.

Em um relacionamento, a pessoa que não é amada, independentemente do que faça, sempre parecerá estar errada.

Exausta, Zelda foi ao quarto para arrumar suas roupas.

Depois de pronta, ela pegou sua mala e começou a descer as escadas, mas ao chegar à entrada, deparou-se com Vicente, que acabava de voltar para casa.

Seus olhares se cruzaram, carregados de emoções distintas.

Zelda não esperava que ele voltasse naquela noite, e Vicente, por sua vez, fixou o olhar na mala que ela segurava, esboçando um sorriso de escárnio.

— Fingir que estava doente não funcionou, agora, você está tentando fugir para me afetar?

Zelda não queria ouvir mais nada daquele homem e tomou a iniciativa:

— O acordo de divórcio será entregue amanhã pelo meu advogado.

Isso fez Vicente pausar por um momento antes de rir, como se tivesse ouvido uma piada:

— Divórcio? Zelda, você realmente faz de tudo para chamar minha atenção. Se realmente quisesse o divórcio, teria esperado até agora?

Acha mesmo que estou fazendo de tudo para chamar a sua atenção? Zelda sentiu um amargo no coração. Era assim que ele a via?

Ela não queria dizer mais nada, apenas desejava nunca ter conhecido aquele homem.

— Acredite se quiser, eu estou indo.

Ela disse isso e começou a descer as escadas, mas Vicente a agarrou pelo pulso.

— Zelda, eu disse que você poderia ir?

— ME SOLTE! — Zelda estava confusa com sua loucura.

Ela estava indo embora, não era isso que ele queria?

Vicente a arrastou em direção ao quarto enquanto ela protestava:

— Vicente, o que você quer afinal?

— Você não tem permissão para ir. — Sua voz fria e sombria a acompanhou enquanto ele a jogava brutalmente na cama.

Zelda ficou chocada; era a primeira vez que ele lhe dizia para não ir. Ele não queria que ela partisse? Mas, no momento seguinte, as palavras de Vicente esclareceram sua tolice.

— Foi você quem afastou Ada e fez de tudo para se tornar minha esposa. Acha que pode brincar comigo? Casar quando quer ou divorciar quando deseja, o que você pensa que eu sou? Eu te digo, a menos que eu concorde, você não vai a lugar algum! — A voz dele crescia em frieza.

Ao ouvir isso, Zelda também ficou furiosa, questionando-se sobre o que ele realmente queria.

— Se nos divorciarmos, você poderá casar com Ada.

Era isso que ele sempre quis, não era?

Com uma expressão severa, Vicente disse claramente:

— Claro que vou me casar com Ada. Eu quero que você fique para doar seu rim para ela.

Transplante de rim!

Zelda ficou tão furiosa que tremia.

— Você está sonhando, eu nunca darei meu rim para ela! — Gritou entre dentes.

Dando-lhe um olhar de escárnio, Vicente ameaçou:

— Zelda, se você não concordar, eu farei com que Jonas seja arruinado.

Jonas?

Zelda ficou atônita por um momento, olhando para o homem frio à sua frente, sem entender qual era a conexão de tudo isso com Jonas.

— Zelda, não pense que eu não sei que você foi ao hospital hoje para se encontrar secretamente com Jonas.

Um tom sinistro brilhava nos olhos de Vicente.

Eles acham que ele é um tolo?

Zelda e aquele homem estavam juntos há muitos anos. Jonas... ela o chamava de maneira muito íntima.

Zelda sorriu amargamente, percebendo que era assim que ele pensava.

Ela fechou os olhos abruptamente, sentindo uma dor intensa no peito.

Observando a expressão dela, Vicente ficou ainda mais irritado. Jonas era tão importante para ela assim?

Ele levantou a mão e rasgou o colarinho da camisa de Zelda.

— Vicente, o que você está fazendo? — Zelda perguntou, aterrorizada, recuando.

— O que você acha?

Com uma voz sombria, Vicente se lançou sobre ela...

Zelda continuava a lutar, mas era em vão.

Apesar de terem sido casados por quatro anos, além da primeira vez, eles só tinham sido íntimos em duas ocasiões. Uma foi na noite de núpcias e a outra ocorreu um mês atrás, quando ele estava bêbado e a confundiu com Ada. Zelda sentia uma dor profunda ao se lembrar de Vicente abraçando-a e chamando repetidamente pelo nome de Ada. Como ele podia tratá-la assim?

O que ele realmente pensava dela? Por que o casamento e o amor que ela tanto esperava se despedaçaram dessa maneira? O que ela tinha feito de errado para merecer esse tormento interminável?

As lágrimas de desespero de Zelda não puderam ser contidas, mas ela mordeu os lábios, tentando não fazer nenhum som, tentando manter a última parcela de dignidade.

As lágrimas dela pareciam atingir Vicente, que zombou dela:

— O quê, decepcionada que o homem na sua cama não é Jonas?

Ele apertou o queixo dela com força, seus olhos cheios de indiferença:

— Dizem que as mulheres nunca esquecem o primeiro homem. Parece que é verdade.

O primeiro homem... As palavras humilhantes de Vicente deixaram-na sem fôlego.

Ela tinha perdido sua virgindade com ele cinco anos atrás, mas por alguma razão, Vicente estava convencido de que tinha sido com Jonas.

Por isso, ele a chamou de impura e a humilhou de todas as formas possíveis na noite de núpcias.

Zelda tentou falar, quis se explicar, mas a força e a violência de Vicente a silenciaram completamente.

Naquela noite, Vicente não mostrou nenhum sinal de que pretendia parar.

No início, ela ainda lutava desesperadamente, mas eventualmente perdeu todas as forças e foi subjugada aos abusos daquele homem...

Entre a confusão e o torpor, ele a segurava pela cintura antes de perder a consciência.— Zelda, sempre que eu te desejar, você não tem direito de recusar. — As palavras dominadoras saíram num tom mais agressivo.

Se ela o provocasse, ele tinha cem maneiras de forçar a se submeter.

Se ela o traísse, ele certamente a faria desejar estar morta.
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