Capítulo 6
Devido à cena causada por Ada, Zelda optou por não dirigir até o Grupo Barros, mas decidiu ir ao bar onde sua amiga Vanessa trabalhava.

Ela estava confusa, ainda não se sentia pronta para enfrentar Vicente, e precisava desabafar com alguém.

Vanessa, que era garçonete no bar, aproveitou que ainda não estava na hora do movimento para encontrar a amiga em um canto isolado e conversar um pouco.

Ao ouvir o que Zelda havia feito naquele dia, Vanessa aplaudiu com entusiasmo.

Durante todos aqueles anos, Zelda sofreu tanto com as manipulações ocultas de Ada, sempre aguentando por ser muito boa, o que deixava Vanessa frustrada por ver a amiga ser constantemente maltratada.

Com isso, a atitude de Zelda foi mais que satisfatória para Vanessa.

No entanto, Zelda estava visivelmente abatida e as sobrancelhas franzidas de preocupação, contrastando com o sorriso de Vanessa.

Vanessa, percebendo sua expressão sombria, abraçou os ombros de Zelda e aconselhou:

— Já que aqueles dois estão juntos, acho que você não deveria ficar com Vicente.

”Há realmente pessoas melhores para você ao seu redor.“

Claro, Vanessa não disse isso em voz alta. Ela sabia que assuntos do coração são delicados e não se deve interferir.

Zelda sabia que Vanessa queria o melhor para ela, lamentava por não ter visto as verdadeiras cores das pessoas antes, fazendo com que os amigos se preocupassem.

— Fique tranquila, eu vou me divorciar de Vicente em breve.

— Sério? — Vanessa mal podia acreditar.

Ela havia visto o amor de Zelda por Vicente durante muitos anos, e ouvir Zelda falar em divórcio mostrava quão magoada ela estava.

Vanessa esfregou a cabeça fofa no pescoço de Zelda, meio irritada:

— O divórcio é certo, mas mesmo assim, você não pode deixar aquele casal se sair bem nessa.

Ao ouvir isso, Zelda riu:

— O que devo fazer, então? Prendê-los e dar-lhes uma surra?

Vanessa achou isso hilário e começou a rir alto.

— Você não acha que essa é uma boa ideia? Esta noite, nós pegamos aqueles dois, damos uma surra neles e os jogamos no rio.

Zelda ergueu as sobrancelhas com um sorriso resignado:

— Você tem certeza que podemos derrotar Vicente? Vanessa, não se esqueça que o Vicente é faixa preta de judô, nono dan.

Vanessa tocou o nariz, um pouco constrangida.

— Eu esqueci.

Zelda sabia que ela estava tentando consolá-la.

— Eu vou me divorciar de Vicente logo, logo. Depois disso, ele não terá nada a ver comigo, e eu também não quero me importar.

Vanessa acenou em concordância com as palavras de Zelda, mas quando se lembrou do que Ada tinha feito, ficou furiosa.

— Mas ainda é tão irritante. Ada é tão desavergonhada. Mesmo que ela não se importe com o laço de sangue, ela deveria se lembrar da dívida de vida que tem com sua mãe, não é? Se não fosse por sua mãe ter se sacrificado para a salvar, como ela poderia estar viva hoje? Coração de lobo e pulmões de cão, é ingrata e desprezível, realmente indigna da sua falecida mãe.

Zelda sentiu uma dor profunda quando Vanessa mencionou sua mãe, que já havia morrido, e seus olhos baixaram tristemente enquanto ela se perdia em pensamentos sobre o passado.

Ada era a filha ilegítima que seu pai havia trazido para a família Montenegro quando tinha apenas três anos.

Talvez fosse porque sua mãe amava tanto seu pai que aceitou a filha que ele tinha fora do casamento.

Ada sempre foi doce desde pequena, e sua mãe, sendo tão bondosa, tratava Ada como se fosse sua própria filha.

Naquela época, eles eram uma família feliz..

Todavia, tudo terminou no ano em que Zelda tinha dez anos.

Até hoje, Zelda não conseguia esquecer a cena de sua mãe sendo atropelada por um carro enquanto tentava salvar Ada. A cena horrível havia acontecido bem diante de seus olhos.

Passaram-se muitos anos, e embora ela não culpasse Ada por acreditar que tudo não passou de um acidente, era difícil se reconciliar com isso.

...

Naquela noite, Zelda voltou para a casa da família Barros, surpresa ao ver todas as luzes acesas.

“Vicente está em casa?”

Lembrando-se de como o homem a tratou bruscamente na noite anterior, Zelda sentiu um medo instintivo de Vicente, mas...

Pensando em seu pai doente e na empresa à beira do colapso, ela respirou fundo e decidiu enfrentar a situação.

Ela subiu lentamente as escadas e parou diante da porta do escritório, batendo levemente.

— Entre. — A voz fria do homem veio de dentro da sala pesada, fazendo os dedos de Zelda se contraírem nervosamente.

Ela se acalmou e empurrou a porta para entrar.

Vicente deu uma olhada rápida na pessoa que entrava e continuou a baixar a cabeça para lidar com os papéis na mesa.

— O que foi? — A sua voz fria soou sem revelar nenhuma outra emoção.

— Eu… — Zelda hesitou por um momento, sem saber como começar. — A empresa do meu pai está com problemas... você poderia investir e nos ajudar? — Ela falou e não ousou olhar para a expressão de Vicente, apenas fixou os olhos em seus próprios sapatos.

Após um longo silêncio, o homem disse com frieza:

— Eu posso salvar o Grupo Montenegro. Você doa um rim para Ada, e eu invisto imediatamente.
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