Capítulo 8
Vila Mar Azul.

Quando Vicente chegou, já eram onze horas da noite.

Vestida com uma camisola sensual, Ada estava deitada na cama, fingindo estar fraca enquanto olhava para o homem que se aproximava.

— Vicente, eu... eu acabei de ter uma tontura e caí no banheiro. Fiquei tão assustada.

Enquanto falava, as lágrimas começaram a rolar pelos cantos dos seus olhos, escorrendo pelas bochechas macias de forma que a fazia parecer ainda mais vulnerável.

— Não vai acontecer nada, não tenha medo. — Vicente se sentou ao lado da cama, tentando acalmar a mulher que ainda chorava, mas suas sobrancelhas continuavam franzidas de preocupação.

— Tome o remédio. — Vicente pegou o copo na mesa e os comprimidos que haviam sido prescritos no hospital, e com cuidado, ajudou-a a tomar.

Ada engoliu o remédio com dificuldade, a sua expressão era amarga.

— Vicente, esse remédio é muito amargo.

Vendo a fisionomia de desconforto de Ada, Vicente esboçou um leve sorriso.

— Boba, o que é amargo faz efeito.

Ada fez uma careta e, em seguida, inclinou a cabeça no ombro de Vicente, falando suavemente:

— Você sabe que eu sempre odiei tomar remédios desde criança... Naquela época, Zelda sempre me obrigava a tomar tantos remédios estranhos, todos muito amargos.

O olhar de Vicente escureceu, e ao lembrar das dificuldades que Ada enfrentou, ele sentiu que Zelda merecia tudo de ruim, sem nenhuma compaixão.

— Agora, eu tomo qualquer remédio, por mais amargo que seja, porque tenho mais medo de perder você, Vicente...

Antes que Ada pudesse terminar, Vicente se inclinou e beijou sua testa.

— Não pense nisso. O que você mais precisa agora é descansar. Deixe o resto comigo.

Ele não deixaria Ada morrer. Depois de tanto tempo esperando por sua volta, como poderia a deixar ir novamente?

Ada segurou a mão dele, dizendo com voz fraca:

— Pode ficar comigo, por favor?

Olhando para o rosto pálido de Ada, Vicente ficou perdido em pensamentos.

Quando Zelda o procurou mais cedo, também parecia muito abatida. O corte no rosto dela, feito pelos cacos de vidro, deixaria uma cicatriz?

— Vicente, o que foi? — A voz suave de Ada o trouxe de volta à realidade.

Percebendo que estava pensando em Zelda, Vicente sentiu uma raiva súbita.

Que absurdo, o que importava se o rosto dela ficaria marcado ou não?

Se ficasse, seria melhor, pois ela não atrairia mais nenhum homem.

O rosto de Vicente exibia uma expressão indecifrável, o que deixou Ada inquieta. Ela olhou para ele com preocupação e, com cuidado, perguntou:

— Vicente, depois de tantos anos convivendo com Zelda, você já se apaixonou por ela?

— Não. — Vicente respondeu sem titubear.

Como ele poderia amar uma mulher que ele considerava desleal e impura?

Ao ouvir sua resposta, Ada suspirou aliviada. Segurando a mão dele, ela a levou ao rosto, acariciando-a suavemente enquanto sua voz frágil ecoava:

— Quando éramos crianças, por ser filha ilegítima, minha irmã sempre me rejeitou e me machucou... Mas não posso negar que ela te amava muito. Mesmo assim, ela se uniu ao nosso pai e fez de tudo para nos separar...

Ela fez uma pausa propositalmente, antes de continuar:

— Vicente, se eu morrer, eu ainda gostaria que você e ela...

Antes que pudesse terminar, Ada começou a se contorcer de dor, como se estivesse sendo atingida por uma crise de sua suposta doença, encolhendo-se com uma expressão de extremo sofrimento.

— Ada, o que está acontecendo? — Vicente perguntou, com uma pitada de desespero na voz. Era a primeira vez que ele via Ada em tanta dor.

Ada apertou a mão dele com força, respirando com dificuldade:

— Não se preocupe, eu vou ficar bem... só preciso suportar essa dor por um tempo, e vai passar. Talvez isso seja o castigo de Deus, porque minha mãe foi uma mulher que destruiu uma família. Desde pequena, sofro, e agora essa doença... é só o preço que estou pagando.

Vendo Ada tão frágil e sofrendo, Vicente apertou os lábios, e seu desprezo por Zelda se intensificou.

Ele lutou para controlar suas emoções e, olhando para Ada deitada na cama, suavizou sua voz:

— Ada, acredite em mim, você vai ficar bem. Eu não vou deixar nada te acontecer, porque você é a pessoa mais importante da minha vida. Se você não cuidasse de mim na época em que perdi os meus pais, eu provavelmente já estaria morto.

Ninguém poderia se comparar a ela.

Vicente não era alguém que esquecia favores.

Ao ouvir as palavras de Vicente, Ada teve uma mudança repentina de expressão, um brilho de preocupação passou por seus olhos.

E se um dia ele descobrisse a verdade...

Não, ela não podia perder Vicente. Ele era tudo o que ela tinha.

Com esse pensamento, Ada lentamente se levantou da cama e, erguendo o rosto, beijou os lábios de Vicente.

O corpo de Vicente enrijeceu, sua expressão ficou confusa, mas após um momento, ele segurou a cintura de Ada e aprofundou o beijo...
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