Tiro meu braço de dentro da terra, o erguendo o mais alto que posso, até segurar na terra firme ao redor.
Puxo meu corpo com dificuldade, tossindo quando tento respirar fundo.
Estava escuro, a única luz que via era de postes distantes.
Ao meu redor podia ouvir os grilos cantando, o vento balançando os topos das árvores e o mato ao redor.
Levo minha mão para o lado direito do meu peito, notando a dor incômoda latejante. Me dando conta aos poucos do que havia acontecido.
Minha respiração entre corta, ao tirar com dificuldade o que deveria ser meu celular do bojo do croped. Digo isto, pois havia uma bala metalizada bem no meio da tela do aparelho.
O que me impediu de ser morta pela pessoa que amava e confiava.
Sinto minhas pernas francas e bambas, quando levanto, olhando novamente ao redor em busca de uma saída.
Acreditando ser a única solução, caminho em direção das luzes. Uma forte garoa começa, me deixando completamente molhada instantes depois.
Tive que atravessar um matagal extenso, me deparando com uma espécie de barranco no final, no qual escalei com dificuldade.
Ando pelas ruas que acreditava que conhecia tão bem, me sentindo completamente perdida. Como se não fizesse parte daquele mundo, em outras palavras, como se já não pertencesse mais aquele mundo.
O que me fez me questionar se estava viva ou agonizando naquela cova.
- Moça, você está bem? – Pisco atordoada, procurando a voz distante.
Uma mulher vem na minha direção hesitante, olhando para mim com os olhos arregalados.
- Está tudo bem? Quer ajuda?
Franzo o cenho, querendo gritar tudo o que havia acontecido. Mas só consigo ficar ali parada, sentindo as lágrimas deslizar pelo meu rosto.
- Está com dor? – Assinto devagar – Meu Deus! – Ela olha ao redor desesperada – Alguém ajuda! – grita.
Não me ajudaram quando precisei. Por quê fariam agora?, o pensamento surge de repente, trazendo uma lembrança.
Fecho os olhos, segurando minha cabeça entre ás mãos, tentando segurar o choro. Sentindo meu corpo fraco e suando frio.
Havia algo de errado...
Um casal se aproxima, a mulher conversa com ambos, me guiando pelo braço gentilmente em seguida até um carro.
Tudo acontece muito rápido em seguida.
Num instante estava no carro envolvida por três vozes agitadas e no outro, havia uma enfermeira em minha frente me examinando.
- Consegue me dizer o que aconteceu? – pergunta de repente, me trazendo para a realidade com variáveis sons externos – O que aconteceu? – insisti.
- Estou grávida – digo hesitante. Quando simplesmente a informação brota na minha boca.
- Certo – Ela diz devagar – Qual seu nome?
Meu nome...
- Marcela – Tremores surgem pelo meu corpo, primeiro devagar e depois com mais intensidade.
Estava esquecendo de alguma coisa...
- O que está sentindo, hein? – Ela me examina novamente – Merda – Resmunga baixo, quando mede a glicemia no meu sangue, saindo da pequena sala com rapidez.
Encaro a porta aberta, tentando me manter ereta sentada em uma cadeira, sendo invadidas aos poucos por lembranças.
Como eu falei, meu nome é Marcela. Vou contar como conheci um dos traficantes mais perigosos do Rio de Janeiro e como o amor ele me “matou".
Meses antes - Parabéns pra você... – Sorrio ainda de olhos fechados, despertando aos poucos – nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida – Abro meus olhos, mantendo o sorriso, ao ver minha então melhor amiga, Bianca, diante da cama de casal de seu quarto, segurando um bolinho de chocolate com uma única vela acesa – Tem que fazer um pedido – diz se inclinando na minha direção, quando sento. Encaro a vela diante de mim sem saber o quê pedir. Tinha tudo que uma garota da minha idade gostaria de ter. Não havia nada que não tivesse ainda, a não ser... Alguém para amar. Beijar a maioria das bocas de uma balada, havia deixado de me satis
Dentro do carro, retocando a maquiagem, não acreditava que estava indo para o Complexo do Alemão. Bianca alternada sua atenção entre dirigir e tomar uma Heineken. Já estava na segunda, desde que havíamos saído de sua casa, enquanto eu, estava enrolando ainda com uma.- O caminho é este? – pergunto minutos mais tarde. Ela dá uma rápida olhada no celular ao lado.- Segundo o GPS, sim.- Acho que estamos andando em círculos – Bianca estava a uma hora dirigindo e nunca chegávamos.- O GPS é conhecido em dar os caminhos mais longos. Nunca os mais rápidos. Odiava GPS. E odiava ainda mais, quando
Pressiono meu corpo contra o dele, sentindo sua ereção roçar em minha barriga. Mesmo de salto, não conseguia ficar na altura dele e estava praticamente me segurando em seu pescoço, me contendo para não passar minhas penas em sua cintura e transar ali mesmo. Tinha tudo do meu lado: estava de vestido e era só colocar a calcinha de lado. Gritos me fazem me afastar do cara que beijava e interromper aquele beijo fabuloso, para olhar para duas mulheres que se atracavam. Franzo o cenho, reconhecendo uma.- Bianca! – grito me afastando do cara, indo em direção da roda que se formava ao redor dela. Ambas se revezavam
Estou com uma puta dor de cabeça e dor no estômago na manhã seguinte. Acabando por demorar mais do que deveria na cama para levantar, tendo que tirar mais alguns minutos para a aplicação da minha insulina.Era segunda-feira, o que significava que tinha aula na faculdade praticamente o dia inteiro.Praticamente me arrastando, tomo um banho, aproveitando o embalo para lavar meu cabelo que, só cheirava a cigarro e odores diferenciados.De banho tomado, não perco tempo em escolher roupa, visto a que mais iria me deixar mais confortável naquele dia de merda e saio do quarto.O cheiro de café é convidativo a medida que me ap
Mal termino de tomar meu café e preciso sair às pressas, pois já estava quase atrasada para a faculdade.Saio do elevador, andando entre os carros no estacionamento, quando meu celular começa a tocar e vejo ser o cara da outra noite.- Pensei que não iria me atender – diz ele, assim que atendo, destrancando meu HB20.- Por quê ligou? – Não tinha tempo para enrolação e as vezes precisava ser direta.- Queria ouvir sua voz.- Está ouvindo – Coloco o celular no viva-voz, em seguida o cinto de segurança e ligo o motor do carro.Ele ri baixo.- Gostei daquele beijo. Você beija bem pra cacete.Queria dizer o mesmo,
Como imaginei, Gael morava no topo do morro, ao lado de um matagal extenso.Havia pelo menos uma dúzia de carros nos dois lados da rua, fora ás motos; Precisando Bianca, deixar o carro estacionado na outra rua.Caminhamos lado a lado, conversando por olhar. Com certeza, assim como eu, ela não esperava que havia tantas pessoas.A música alta em um funk de Mc Drika, balançava os vidros da janela e tremia o portão de ferro.Algumas mulheres estavam num pequeno grupo na garagem, bebendo e dançando, enquanto conversavam. Fixando seus olhares em nós ao passar. 
Como uma pessoaansiosa, esperei que Gael me mandasse uma mensagem no Instagram à noite, mas ele não mandou.Passei mais tempo do que passava no aplicativo, olhando todos os storys que estavam disponíveis e navegando pela aba explorar, me entretendo com vídeos repetitivos e fofocas de famosos.Até meia-noite, Gael não entrou no Instagram, me fazendo acreditar que tudo não passou de um rolê aleatório com uma pessoa que ele nem conhecia.Fuço praticamente o Instagram dele, olhando cada mina que ele seguia. Sempre com alguma coisa a mais no corpo, sendo peito ou bunda, ou mesmo os dois.
- Então é aqui que faz faculdade?Estávamos no estacionamento da faculdade, dentro do meu carro.- Como me achou? - Ele dá um meio sorriso.- Aquela sua amiga lá. Bianca - Claro, ela queria ver o circo pegar fogo. Uma confusão daquelas talvez - Se ela não me dissesse onde você estava. Encontraria você de qualquer jeito.Ergo as sobrancelhas.- Tudo isto por causa de um áudio? - Fixo meu olhar num ponto dentro do carro.- Você tinha me bloqueado e achei que nunca mais iria querer falar comigo - Seus olhos vagam pelo meu rosto - Só por quê não sou muito bom com as palavras - Ergo meus olhos, encontrando os seus - Não podia terminar o sentimento tão bo