Dentro do carro, retocando a maquiagem, não acreditava que estava indo para o Complexo do Alemão.
Bianca alternada sua atenção entre dirigir e tomar uma Heineken. Já estava na segunda, desde que havíamos saído de sua casa, enquanto eu, estava enrolando ainda com uma.
- O caminho é este? – pergunto minutos mais tarde.
Ela dá uma rápida olhada no celular ao lado.
- Segundo o GPS, sim.
- Acho que estamos andando em círculos – Bianca estava a uma hora dirigindo e nunca chegávamos.
- O GPS é conhecido em dar os caminhos mais longos. Nunca os mais rápidos.
Odiava GPS. E odiava ainda mais, quando não conhecia o lugar para onde estava indo.
O carro sobe por uma rua de paralelepípedo, entrando e saindo de ruas estreitas e com pouca iluminação, finalmente nos deparamos com diversas pessoas e música alta.
- Chegamos – diz Bianca com um sorriso.
Descemos do carro, ouvindo as portas sendo travadas, a medida que nos aproximamos mais de toda aquela agitação.
Mulheres dançavam em toda parte com shorts minúscula e topa ao som da música. Olho para meu vestido vermelho cintilante justo e o preto de Bianca, sem esquecer dos saltos. Neste momento, tive certeza que estávamos vestidas errado para a ocasião.
Estávamos parecendo dois peixes fora d’água.
- A gente tem que se soltar – Bianca grita por cima da música, perto do meu ouvido, segurando uma garrafa de uísque que acabara de comprar de um homem com um isopor.
Ela nem sabia que aquilo estava vencido.
- Bia, acho melhor não – grito de volta.
- Você não tem querer! – Ela abre a garrafa, inclinando a mesma sobre a minha boca, não deixando saída a não ser engolir uma boa quantidade do líquido âmbar.
Tudo começa a rodar e quando percebo, Bianca está rebolando ao som da batida, não se importando com o vestido que subia a cada cebolada, evidenciando sua calcinha rendada preta.
Tentava me mexer no ritmo da música, me arriscando em até rebolar, atraindo alguns olhares masculinos ao fazer isso.
Neste momento, já estava me considerando fora da casinha e pouco me importando com mais nada, sendo que sempre me mantinha “sóbria” para conseguir voltar para casa.
Bianca segura meu braço de repente, pressionando a boca contra meu ouvido.
- Olha aquele gostoso que está olhando pra você – Sigo seu olhar até um homem moreno com tranças boxe no cabelo.
Sim. Ele era gostoso. Muito.
Ele sorri, erguendo um dos cantos da boca carnuda de um jeito que para mim, serviu como um convite.
Me afasto de Bianca, caminhando em sua direção, sentindo que as pessoas abrissem espaço até ele.
Paro em sua frente, sorrindo, me inclinando em direção da sua orelha.
- Oi!
- Oi! – Ele responde por cima da música.
- Gostei de você! – Ele dá um passo para trás, aumentando o sorriso, antes de se inclinar na minha direção.
- Também gostei de você!
Olho para ele ainda sorrindo, entendendo finalmente aquela frase: quando o santo b**e.
E foi exatamente o quê acontecer, antes de dar o beijo mais gostoso da minha vida. Aquela boca carnuda...putz, que paraíso! Aquelas mãos firmes então, segurando com força minha cintura, enquanto minha mente gritava para descer mais um pouco até minha bunda, querendo sentir o firmeza de seu aperto naquele local.
Um ronronar fica preso na minha garganta, quando ele se afasta e a vontade de quero mais.
Ele sorri mais uma vez, antes de se afastar, tomando algo num copo descartável.
Giro meus calcanhares, me deparando com Bianca aos beijos com um cara. O quê parecia era que iriam se engolir a qualquer momento, pelo jeito que suas bocas se mexiam.
Ela empurra bruscamente o peito dele, se afastando sorrindo.
A noite continua e perco completamente a noção do tempo, entre beber, dançar e beijar desconhecidos.
Era algo de praxe e que já vinha fazendo há bastante tempo.
Num determinado momento, quando dançava com minha bunda quase colada no chão, noto um par de pernas masculinas parada em minha frente com um tênis muito bonito, por sinal.
Ergo a cabeça encontrando olhos fixos em mim, enquanto tomava goles do que pareceu ser uísque.
Levanto devagar, passando por cada parte de seu corpo, praticamente cravando os olhos na protuberância abaixo do umbigo dele.
Os olhos dele, naquela pouca luz, pretos. Me analisam com atenção, deixando bem claro o desejo que estava sentindo, juntamente com o sorriso safado no rosto.
Eu tinha um grande fetiche por homens negros, apesar de ser negra. Não pelo fato de haver toda uma lenda, que dizia que éramos fogosos. Não, não era isto.
Era por quê havia uma beleza nos negros. As curvas do corpo de uma mulher negra, os estilos de cabelo, os lábios carnudos e a pele recheada de melanina, contendo um brilho próprio. E o homem parado na minha frente, estava sendo considerado o segundo mais bonito daquela noite, além do primeiro cara de tranças boxe que havia beijado na noite.
Aquele era diferente, podia sentir. Talvez fosse por causa da cabeça rasgada, deixando pouco vestígio de cabelo ou por causa dos olhos penetrantes dele.
Não tinha certeza do quê era, mas tinha certeza que meu sabe o bateu pela segunda vez só naquela noite.
Sem dizer uma única palavra, ele me beija, segurando minha nuca e puxando minha cabeça de encontro à sua.
Meus amigos, que beijo! Não era melhor do cara de tranças boxe, mas conseguia chegar perto, principalmente pelo fato dele usar a língua.
Língua gostosa do caraio!
Seguro os braços dele com força, gemendo baixo, inaudível para ele, por causa da música, enquanto nossas línguas estavam numa dança para lá de erótica.
Ele havia conseguido ascender a chama na minha buceta de vez e eu precisava urgentemente, quase dolorosamente, dar para ele, aonde quer que fosse.
Pressiono meu corpo contra o dele, sentindo sua ereção roçar em minha barriga. Mesmo de salto, não conseguia ficar na altura dele e estava praticamente me segurando em seu pescoço, me contendo para não passar minhas penas em sua cintura e transar ali mesmo. Tinha tudo do meu lado: estava de vestido e era só colocar a calcinha de lado. Gritos me fazem me afastar do cara que beijava e interromper aquele beijo fabuloso, para olhar para duas mulheres que se atracavam. Franzo o cenho, reconhecendo uma.- Bianca! – grito me afastando do cara, indo em direção da roda que se formava ao redor dela. Ambas se revezavam
Estou com uma puta dor de cabeça e dor no estômago na manhã seguinte. Acabando por demorar mais do que deveria na cama para levantar, tendo que tirar mais alguns minutos para a aplicação da minha insulina.Era segunda-feira, o que significava que tinha aula na faculdade praticamente o dia inteiro.Praticamente me arrastando, tomo um banho, aproveitando o embalo para lavar meu cabelo que, só cheirava a cigarro e odores diferenciados.De banho tomado, não perco tempo em escolher roupa, visto a que mais iria me deixar mais confortável naquele dia de merda e saio do quarto.O cheiro de café é convidativo a medida que me ap
Mal termino de tomar meu café e preciso sair às pressas, pois já estava quase atrasada para a faculdade.Saio do elevador, andando entre os carros no estacionamento, quando meu celular começa a tocar e vejo ser o cara da outra noite.- Pensei que não iria me atender – diz ele, assim que atendo, destrancando meu HB20.- Por quê ligou? – Não tinha tempo para enrolação e as vezes precisava ser direta.- Queria ouvir sua voz.- Está ouvindo – Coloco o celular no viva-voz, em seguida o cinto de segurança e ligo o motor do carro.Ele ri baixo.- Gostei daquele beijo. Você beija bem pra cacete.Queria dizer o mesmo,
Como imaginei, Gael morava no topo do morro, ao lado de um matagal extenso.Havia pelo menos uma dúzia de carros nos dois lados da rua, fora ás motos; Precisando Bianca, deixar o carro estacionado na outra rua.Caminhamos lado a lado, conversando por olhar. Com certeza, assim como eu, ela não esperava que havia tantas pessoas.A música alta em um funk de Mc Drika, balançava os vidros da janela e tremia o portão de ferro.Algumas mulheres estavam num pequeno grupo na garagem, bebendo e dançando, enquanto conversavam. Fixando seus olhares em nós ao passar. 
Como uma pessoaansiosa, esperei que Gael me mandasse uma mensagem no Instagram à noite, mas ele não mandou.Passei mais tempo do que passava no aplicativo, olhando todos os storys que estavam disponíveis e navegando pela aba explorar, me entretendo com vídeos repetitivos e fofocas de famosos.Até meia-noite, Gael não entrou no Instagram, me fazendo acreditar que tudo não passou de um rolê aleatório com uma pessoa que ele nem conhecia.Fuço praticamente o Instagram dele, olhando cada mina que ele seguia. Sempre com alguma coisa a mais no corpo, sendo peito ou bunda, ou mesmo os dois.
- Então é aqui que faz faculdade?Estávamos no estacionamento da faculdade, dentro do meu carro.- Como me achou? - Ele dá um meio sorriso.- Aquela sua amiga lá. Bianca - Claro, ela queria ver o circo pegar fogo. Uma confusão daquelas talvez - Se ela não me dissesse onde você estava. Encontraria você de qualquer jeito.Ergo as sobrancelhas.- Tudo isto por causa de um áudio? - Fixo meu olhar num ponto dentro do carro.- Você tinha me bloqueado e achei que nunca mais iria querer falar comigo - Seus olhos vagam pelo meu rosto - Só por quê não sou muito bom com as palavras - Ergo meus olhos, encontrando os seus - Não podia terminar o sentimento tão bo
Acabou que bebemos toda a cerveja que comprei, enquanto conversávamos sobre assuntos aleatórios sobre o efeito do álcool.Passamos o restante do dia deitados sobre a areia, na maioria do tempo olhando o céu azul e na outra parte rindo de algum comentário.Estava quase anoitecendo, quando Gael levanta, olhando ao redor.- Temos que ir - diz me olhando em seguida.Suspiro.- Tenho mesmo? - pergunto com a língua enrolada.- Não tem como ficar aqui no escuro.Sento pegando minha roupa, recebendo a ajuda dele ao vestir a calça jeans.Com ás mãos no zíper da calça e os o
O pouco que dormi, foi um sono conturbado. Me mexendo toda hora na cama, sendo torturada pelas palavras que foram ditas.Pouco tempo depois do dia amanhecer, levanto. Tomo minha insulina, apesar de não sentir fome alguma e tomo um banho.Feito isto, em uma bolsa, coloco três mudas de roupa, não sabendo exatamente o que estava fazendo isto.A casa estava em completo em silêncio, quando deixo meu quarto. O único barulho que podia ouvir, era baixo, e vinha da cozinha, onde Luzia já deveria estar fazendo o café da manhã.Dentro do café, olhando os demais carros no estacionamento, penso para onde ir.