Como imaginei, Gael morava no topo do morro, ao lado de um matagal extenso.
Havia pelo menos uma dúzia de carros nos dois lados da rua, fora ás motos; Precisando Bianca, deixar o carro estacionado na outra rua.
Caminhamos lado a lado, conversando por olhar. Com certeza, assim como eu, ela não esperava que havia tantas pessoas.
A música alta em um funk de Mc Drika, balançava os vidros da janela e tremia o portão de ferro.
Algumas mulheres estavam num pequeno grupo na garagem, bebendo e dançando, enquanto conversavam. Fixando seus olhares em nós ao passar.
Paro na porta da sala, sentindo Bianca trombar em minhas costas, ao me deparar com mais de cinco pessoas se espremendo na sala. Além de algumas que vinha do fundo da casa.
Quatro caras sentados no sofá, se revezavam em cheirar pó. Um deles, tinha uma garota, parecendo ter minha idade, sentada em uma de suas pernas.
Assim como Gael, não era de se jogar fora. Possuía os olhos verdes mais bonitos que já vi em um negro.
A mulher em seu colo sustenta meu olhar, até eu decidir encontrar Gael, que já havia sumido de vista.
Bianca se mantém o mais perto de mim, ao voltarmos a andar, temendo que alguém ali a agarrasse.
- Vai passando e não fala com ninguém - Meu braço é segurado e só então que a voz masculina estava se referindo á mim.
Desvio o olhar da mão que segurava gentilmente, para um cara com um sorriso largo. Um sorriso familiar para mim, graças à noite anterior.
- Tá perdida por aqui? - Ele pergunta, dando uma tragada em um cigarro.
Olho ele com atenção, vestido em uma bermuda jeans e camiseta vinho. Lembrando com clareza da sensação de ter sua boca contra a minha.
- Você que parece perdido.
Ele balança a cabeça de um lado para o outro devagar, sem deixar de sorrir.
- Aqui não é meu território, mais é como se fosse.
Ergo um dos cantos da boca num leve sorriso, não entendendo sobre o quê estava falando.
- Qual é seu nome? - pergunto por cima da música.
- Marco - Responde soltando a fumaça do cigarro no ar - E o teu?
Inclino a cabeça para o lado, fazendo com que meu cabelo fosse todo para aquele lado.
- Marcela.
Ele assenti, dando mais tragada no cigarro.
Sinto uma mão na minha cintura, notando ao erguer a cabeça para cima, que se tratava de Gael.
Ele cumprimenta Marco com um aceno de cabeça, antes de me guiar em direção de um corredor algumas portas.
A cozinha parecia ser o único lugar da casa, que não tinha gente. Invés disso, estava uma bagunça.
Subindo uma escada não terminada na área de serviço, entramos na laje da casa, aonde era o centro do churrasco do Gael.
Havia mais pessoas lá, comendo e bebendo.
Gael se aproxima da churrasqueira, conversando com algumas pessoas próximas.
- Então é assim que é um churrasco na laje? - Bianca pergunta perto do meu ouvido.
- Estava esperando o quê?
Ela ri sarcástica.
- Eu nem sei o quê estava esperando, Marcela. Só vim por quê... - Ela respira fundo, fechando os olhos por alguns segundos - não queria ficar na faculdade.
- Poderia ter ido para a praia - digo observando as pessoas ali.
- É. Poderia. Mas não queria deixar minha melhor e única amiga vir para uma favela sozinha - Ela segura meu braço forçando um sorriso.
Gael volta, segurando dois pratos descartáveis com linguiça e outra carne, cortada em pedaços.
- Se quiser mais, só pegar - diz entregando meu prato.
- Obrigada.
Ele olha para Bianca, antes de se afastar de novo.
- Nossa, que cavalheiro - Bianca debocha, comendo um pedaço da linguiça - Hum. Pelo menos a linguiça é boa.
- Tem como você não ser tão debochada? - pergunto pegando um pedaço de carne - Foi legal chamar a gente.
- Vocês só se beijaram ontem e cara já quer quer transar com você.
- E se eu quiser também?
Ela me olha, semicerrando os olhos.
- Marcela, sua safada - diz sorrindo - Você quer transar com ele?
Sorrio.
- Por quê não? - Olhamos na direção de Gael ao mesmo tempo, tendo a visão de suas costas. A camiseta preta estava bem justa em seu corpo, principalmente nos braços fortes.
- É. Ele até que dá um gasto - Ela comenta, comendo um pedaço de carne.
Gael se afasta do casal que conversava, se aproximando de nós tomando uma cerveja que, me oferece assim que diminui o espaço entre nós.
Pego a cerveja tomando um bom gole.
- Eu não bebo nada? - Bianca pergunta para ele, atraindo sua atenção - Também quero uma cerveja.
Ele vai até o grande isopor no meio da laje, voltando com uma cerveja que mostrava estar mais do que gelada.
Bianca tenta abrir a latinha, sem conseguir, graças ás suas unhas compridas.
- Abre pra mi? - pede para Gael, que neste instante mexia no celular. Ele encara a latinha por alguns segundos, antes de a olhar e abrir a latinha com um único movimento.
Nossos olhares se encontram, lhe dou um sorriso safado disfarçado, recebendo em troca outro sorriso.
Gael indica com a cabeça o andar de baixo e em seguida olha para Bianca, distraída olhando para a vista que nos rodeava.
Assinto disfarçadamente, me inclinando na direção de Bianca.
- Vou no banheiro - Ela me olha no mesmo instante.
- Vou com você - Ah, não ia mesmo.
- Até no banheiro, Bianca? Sério?
Ela revira os olhos.
- Fazemos tudo juntas.
- Mas quero ir no banheiro sozinha - Olho para Gael - Aonde é o banheiro?
- Mostro pra você.
Olho para Bianca mais uma vez, antes de andar em direção da escada, tendo que me equilibrar nela, quando algumas pessoas vem na direção contrária.
Na cozinha, Gael segura minha mão, me puxando até o segundo quarto do lado direito. Trancando a porta antes de pressionar a boca contra a minha com desejo.
E que desejo. Parecia que iríamos pegar fogo a qualquer momento.
Ás mãos dele descem para minha bunda, apertando com vontade.
- Por quê veio de calça jeans? - questiona a poucos centímetros da minha boca.
- Vim da faculdade - Respondo beijando ele em seguida - Não deu tempo de trocar de roupa.
- Próxima vez venha de vestido. Saia... - Ele me beija por longos segundos incendiantes.
- Próxima? - pergunto o afastando um pouco, sem fôlego.
Os olhos dele vagam pelo meu rosto, um vestígio de sorriso em seus lábios.
- Não quer mais vir aqui?
Meus olhos vagam pelo quarto mobilhado. Não conseguiam ser igual aos movéis que tinha no meu quarto, mas conseguia chegar perto.
- Só é você me chamar.
- E eu vou.
Assinto, tendo seus lábios nos meus novamente. Gael me faz caminhar até a cama de costas, pressionando sua ereção contra mim, ao se colocar no meio das minhas pernas.
Envolvo sua cintura com ás minhas pernas, o mais forte que consigo, pressionando sua ereção com mais força contra minha vagina.
Gemo quando nossas línguas se enroscam, desejando não estar vestida.
Batidas fortes na porta tira completamente nossa atenção. Gael olha para a porta por cima do ombro.
- Quem é? - pergunta alto.
- Tem uma parada para resolver aqui, Gael - Gael revira os olhos, saindo de cima de mim. Levanto arrumando a roupa no meu corpo e o cabelo.
Gael abre a porta, se deparando com o cara de olhos verdes.
- Qual foi, Rubinho? Tava ocupado - Rubinho olha para mim, voltando a olhar para Gael, antes de se inclinar sobre ele e sussurrar alguma coisa. Gael solta o ar dos pulmões impaciente - Tá. Vamos - diz antes de passar por ele, sem ao menos me dizer se era para esperar ele ou não.
Bianca coloca a cabeça para dentro do quarto, os braços cruzados sobre o peito.
- Banheiro, não é, Marcela?
- Não começa, Bianca.
- Poderia ter dito que queria transar com ele.
Me aproximo a olhando indignada.
- Não sabia que tinha que avisar quando fosse transar ou não - Ela sustenta meu olhar, erguendo uma sobrancelha - Vamos embora - Passo por ela, roçando em seu ombro.
Como uma pessoaansiosa, esperei que Gael me mandasse uma mensagem no Instagram à noite, mas ele não mandou.Passei mais tempo do que passava no aplicativo, olhando todos os storys que estavam disponíveis e navegando pela aba explorar, me entretendo com vídeos repetitivos e fofocas de famosos.Até meia-noite, Gael não entrou no Instagram, me fazendo acreditar que tudo não passou de um rolê aleatório com uma pessoa que ele nem conhecia.Fuço praticamente o Instagram dele, olhando cada mina que ele seguia. Sempre com alguma coisa a mais no corpo, sendo peito ou bunda, ou mesmo os dois.
- Então é aqui que faz faculdade?Estávamos no estacionamento da faculdade, dentro do meu carro.- Como me achou? - Ele dá um meio sorriso.- Aquela sua amiga lá. Bianca - Claro, ela queria ver o circo pegar fogo. Uma confusão daquelas talvez - Se ela não me dissesse onde você estava. Encontraria você de qualquer jeito.Ergo as sobrancelhas.- Tudo isto por causa de um áudio? - Fixo meu olhar num ponto dentro do carro.- Você tinha me bloqueado e achei que nunca mais iria querer falar comigo - Seus olhos vagam pelo meu rosto - Só por quê não sou muito bom com as palavras - Ergo meus olhos, encontrando os seus - Não podia terminar o sentimento tão bo
Acabou que bebemos toda a cerveja que comprei, enquanto conversávamos sobre assuntos aleatórios sobre o efeito do álcool.Passamos o restante do dia deitados sobre a areia, na maioria do tempo olhando o céu azul e na outra parte rindo de algum comentário.Estava quase anoitecendo, quando Gael levanta, olhando ao redor.- Temos que ir - diz me olhando em seguida.Suspiro.- Tenho mesmo? - pergunto com a língua enrolada.- Não tem como ficar aqui no escuro.Sento pegando minha roupa, recebendo a ajuda dele ao vestir a calça jeans.Com ás mãos no zíper da calça e os o
O pouco que dormi, foi um sono conturbado. Me mexendo toda hora na cama, sendo torturada pelas palavras que foram ditas.Pouco tempo depois do dia amanhecer, levanto. Tomo minha insulina, apesar de não sentir fome alguma e tomo um banho.Feito isto, em uma bolsa, coloco três mudas de roupa, não sabendo exatamente o que estava fazendo isto.A casa estava em completo em silêncio, quando deixo meu quarto. O único barulho que podia ouvir, era baixo, e vinha da cozinha, onde Luzia já deveria estar fazendo o café da manhã.Dentro do café, olhando os demais carros no estacionamento, penso para onde ir.
Lurdes era uma mulher de aproximadamente quarenta anos, usando um short que mostrava completamente a papada de sua bunda e a blusa que não cobria completamente sua barriga de avental.Era ágil. Enquanto falava dos últimos acontecimentos da favela para Gael, que parecia muito entretido em resolver alguma coisa no celular, limpava os cômodo da casa com maestria.Tentando não atrapalhar seu serviço, me locomovia sempre para o cômodo que ainda estava por limpar, acabando meio por fim, quando ela chegou na cozinha, a voltar para a sala.Da sala, podia ver Gael fazendo uma ligação de vez em quando, irritado com a pessoa do outro lado da linha, enquanto dava ordens.
- Tá indo aonde? - Rubinho pergunta, quando vou na direção do meu carro.- Pensei em seguir você.- Corta essa. Entra aqui logo - diz indicando com a cabeça o carro parado a poucos passos dos meus.Entro no carro, sentando no banco do carona, não me impontando em por o cinto de segurança.Rubinho dá partida, entrando e saindo de ruas estreitas com esgoto a céu aberto, casas amontoadas e um emaranhado de fios expostos.Quanto mais o carro avançava, mais o contraste mudava e se tornava quase impossível de um carro passar, isto graças aos buracos na rua de barro.- Onde a gente tá? - pergunto, ao sentir pela terceira vez, a mão de Rubinho roçar em meu joel
Até na hora que fui dormir, Gael não apareceu. Resultando minha janta sendo pão com mortadela, enquanto assistia um filme infantil.Cansada de esperar por ele, decido ir para a cama, me encolhendo em baixo da coberta.Acabou que dormi muito bem, só acordando quando o despertador tocou na manhã seguinte.Desligo o despertador, me espreguiçando, enquanto encarava o teto do quarto.Sento na cama, respirando fundo, sem notar nenhum vestígio de que Gael esteve por ali.Abrindo minha bolsa, pego minha insulina, sentando novamente na beirada da cama, para tirar o liquido do pequeno frasco com a seringa.<
Após o café da manhã, enquanto pulava a maioria dos canais na televisão, meu celular começa a receber mensagem atrás de mensagem.Desbloqueio a tela, vendo que as mensagens era de Bianca.Onde você está?Sua mãe já ligou umas cinco vezes e já veio aqui em casa.Até minha mãe já tá preocupada.Onde você se meteu????Encaro as mensagens sem qualquer vontade de responder. Concluindo após alguns segundos, que se não desse algum sinal de vida, minha mãe faria Samuel colocar a polícia atrás de mim.Voltando para o quarto, pego minha bolsa, garantindo se não estava esquecendo nada.Dirijo para fora da favela, só então lembrando que não havia deixado um bilhete para Gael. Mas duvidava que ele sentiria minha falta.O trânsito no inicio da manhã se