Chapter 3

Pressiono meu corpo contra o dele, sentindo sua ereção roçar em minha barriga. Mesmo de salto, não conseguia ficar na altura dele e estava praticamente me segurando em seu pescoço, me contendo para não passar minhas penas em sua cintura e transar ali mesmo.

        Tinha tudo do meu lado: estava de vestido e era só colocar a calcinha de lado.

        Gritos  me fazem me afastar do cara que beijava e interromper aquele beijo fabuloso, para olhar para duas mulheres que se atracavam.

        Franzo o cenho, reconhecendo uma.

- Bianca! – grito me afastando do cara, indo em direção da roda que se formava ao redor dela.

        Ambas se revezavam em ficar por cima e por baixo, uma puxando o cabelo da outra, deixando completamente à mostra as calcinhas minúsculas que vestiam.

        Algumas pessoas tiravam foto ou riam da situação, aumentando mais meu nervosismo.

        Me aproximo da briga, precisando por toda a força que não tinha naquele momento, por quê estava bêbada e quase caindo em pé, tendo que me segurar no gostoso segundos atrás; Para puxar a garota se cima de Bianca, que já estava toda descabelada e com uma alça do vestido rasgada.

- Tu tá maluca é?! – A garota grita para mim, jogando seus peitos, muito grande por sinais, contra os meus.

- Não quero briga com ninguém não.

- Tu e essa loira falsificada aparece aqui, achando que são alguma coisa – Ela grita, mostrando que estava tão bêbada quanto eu.

- Loira falsificada é sua madrinha! – Bianca grita, tirando os saltos – Sua piranha! – Se jogando em seguida novamente em cima da garota.

- Pára!! – grito tentando puxar ela.

- Me solta, Marcela. Vou acabar com a raça dessa vagabunda! – diz puxando com força as tranças da garota.

       Um tiro soa de repente, fazendo todo mundo se encolher dentro do próprio corpo e ficar em silêncio.

       Um tiro, repito em minha mente assustada. Até aquele momento, ainda não havia escutado nenhum e agora tinha sido contemplada.

       Bianca se levanta rapidamente, também assustada, os olhos arregalados.

- Vamos embora daqui – murmuro ao seu lado, num tom baixo.

        A música volta a tocar e as pessoas começam a olhar para os lados receosas, caminhando para longe dali.

        Um grupo de homens armados, com armas bastante grandes, passam por nós, nos encarando literalmente e dando um ultimato com apenas o olhar.

        Não éramos dali e Bianca estava caçando confusão com uma desconhecida.

        Caminho para longe dali, a puxando pelo pulso até onde acreditava que havíamos deixado o carro.

- Marcela, calma -  Ela resmunga, enquanto continuo tentando andar com firmeza sobre paralelepípedo.

- Calma?! – digo o alto o bastante, irritada com ela – Por quê você foi arrumar briga com aquela menina?!

- Ela derrubou cerveja em mim.

- Você sabe muito bem que isto acontece!

- Estava na cara que não foi sem querer, Marcela! Este bando de favelado, faz de propósito!

         Um grupo passa por nós, a olhando com atenção. Não tinha dúvidas de que Bianca queria morrer naquele dia.

- Vamos embora antes que matem a gente – Ela destrava o carro, sentando atrás do volante – Consegue dirigir sem provocar um acidente? – pergunto ríspida.

- Cala a boca.

        Bianca era uma ótima pessoa, sério. A melhor companhia possível para ir em festas, mas havia um grande porém, ela não se controlava quando bebia demais. Arrumava briga com qualquer um que a olhasse diferente e isto acabaria levando ela à morte.

- Quero ficar em casa – digo quando já estamos bem longe da favela.

        Ela não diz nada, apenas muda o percurso.

        Morávamos em bairros diferentes. Enquanto ela morava em Ipanema, morava no Leblon e até que gostava. Ir para uma favela naquela noite, foi um contraste completamente diferente, mesmo de noite, vi esgoto à céu aberto, casas amontoadas e diversos fios num emaranhado.

        Mas havia algo de familiar, acolhedor, algo que não sabia explicar.

        Desço do carro, assim que Bianca para no prédio em que morava, pegando do banco traseiro minha “mala”, sem ao menos me despedir ao andar em direção a portaria.

        O porteiro me cumprimenta com a cabeça, permitindo minha entrada. Encosto minha cabeça na parede do elevador, fechando os olhos por alguns segundos, enquanto o elevador passa por todos os andares.

       Finalmente no 20° andar, saio do elevador, caminhando pelo corredor longo e bem iluminado, colocando uma das chaves na fechadura.

       O apartamento está em completo silêncio, o quê para mim não é nenhuma novidade. Preciso me manter atenta para não esbarra em nenhum móvel, muito menos derrubar algum objeto.

       A última coisa naquele momento que queria, era a fúria da minha mãe sobre mim e eu mais do que ninguém, sabia o quanto ela era apegada a certos objetos que tinham desde o vestíbulo, até a sala de estar.

        Entro em meu quarto, fechando a porta num click baixo, ligando a luz em seguida.

       O cheiro de limpeza foi a primeira coisa que notei e depois o quarto completamente arrumado. O quarto em tons de lilás, era o único cômodo que poderia mexer a vontade e destruir.

       A escrivaninha ao lado da porta, estava recheada de livros, livros quais quase nunca parava para ler ou estudar. Do outro lado do quarto, uma penteadeira, bem maior que a de Bianca e com luzes que me lembrava um refletor.

      Um guarda-roupa embutido de oito portas, estava do outro lado do cômodo, recheado com roupas para todo tipo de ocasião e estação.

      E no centro do quarto, o amor da minha vida, a melhor cama que poderia existir.

      Suspirando, entro no closet que fazia divisa com meu banheiro, deixando a mala de lado, encarando o reflexo no espelho.

       Pelo menos, não estava tão ruim quanto Bianca. Havia aproveita a festa, não como queria, mas não dei minha viagem perdida e até que valeu o risco de ser baleada.

 

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