TRÊS

Demorou um pouco até eu encontrar a sala que o segurança havia falado. Virei à esquerda, logo encontrei o corredor largo que ele disse, seguir reto, mas o corredor parecia que não tinha fim.

— Puta que pariu. — Esbravejei baixo parando por alguns segundos. Minhas pernas queimavam de um jeito absurdo. — Como trabalharei às 08h00 de relógio assim?

Trabalhando. Penso.

—Você não tem escolha, Ana Beatriz! Você não tem escolha. — Murmurei. Mesmo não querendo, o ressentimento estava lá em minha voz.

Eu não me arrependo de ter deixado meus planos ou a mim mesmo de lado pelo meu irmão, Levi. Longe disso, ele não tem culpa. Mas, não consigo deixar de ficar triste por tudo que estamos vivendo.

Respiro profundamente com um pesar no peito e volto a caminhar, sentindo como se estivesse levando o mundo nas costas.

Após andar por quase cinco minutos, cheguei em frente a duas salas. 

Isso ele não me contou. 

Olhei para a sala da esquerda e estava escrito novamente em letras de imprensa “COORDENAÇÃO”, olho para a sala da direita e vejo escrito “GERÊNCIA DO PROSTÍBULO”. Parecia uma piada para ler algo assim.

Eu poderia rir se a porta da gerência não se abrisse de repente e uma loira de meia-idade toda elegante, usando um conjunto de terno tubo listrado preto e branco aparecesse em minha frente.

—Até que enfim, pensei que você havia se perdido. — A sua voz não era de uma pessoa chateada, mas sei lá, eu não a conheço, por isso, sem querer, fico na defensiva.

— Desculpa, eu não imaginei que o corredor fosse tão longo. — Logo que falei isso, me arrependi.

Ela pode pensar que estou dando desculpas. Cogitei com raiva de mim em ter dado essa mancada. Mas, ela apenas sorriu com diversão no olhar. Quase respirei aliviada.

— É, nem me fale. Entre, conversaremos um pouco… Beatriz, não é?

— Sim, Ana Beatriz. — Respondo entrando na sala. — É um prazer conhecê-la, senhora Cláudia. A Lourdes me contou muito sobre a senhora.

— Lourdes aquela linguaruda. — Rir ao dizer. — Sente-se querida.

A sala era bem estreita, mas confortável, só havia uma estante de livros com poucos livros dispostos na mesma e a mesa de escritório com duas cadeiras.

— Senhora Cláudia, a Lourdes me explicou um pouco sobre o trabalho que farei aqui…

— Ela explicou serem apenas diárias? — Afirmei com a cabeça. — A menos que queira mudar de profissão. Você é linda, gostosa.

Onde é que ela está vendo isso? Questionei-me envergonhada.

— cheia de carne.

Nisso ela tem razão! Torno a pensar escondendo minha insatisfação com esse detalhe sobre meu corpo.

— Do jeito que os homens aqui gostam. — Arregalei os meus olhos, assustada com suas palavras.

— Senhora, eu…

— Calma menina, quem olha esse nervosismo todo pensa até que você é virgem. — Voltei a arregalar meus olhos. — Ah! Não acredito! — Ela exclamou surpresa. — Não me diga que você realmente é virgem. — A senhora começou a rir de mim a ponto de perder o fôlego.

 Como ela chegou a essa conclusão? Não falei nada.

— Você não sabe nem disfarçar. — Diz com ironia no tom de sua voz. — Não me diga que decidiu esperar? —  Questionou-me rindo.

— Eu…

Eu nem sabia o que falar, a vontade que eu tinha era em ser grosseira, dizer-lhe em alto e bom som um não te interessa, mas estou precisando do serviço, então não podia fazer isso.

Nunca imaginei que seria motivo de riso de alguém só porque sou virgem.

Puta que pariu, devia era ter ficado calada.

— Isso nunca foi a minha preocupação, senhora. — Respondo me sentindo ofendida e envergonhada em simultâneo, pois a mesma ainda esperava uma resposta minha.

— Calma querida, não estou debochando de você, estou rindo porque achei graça essa situação.

— Situação? Não entendi! — Retruquei sincera.

— Nesse instante um dos clientes me pediu uma virgem e você apareceu. Ele quer pagar meio milhão, topa?

— Eu não! — Respondi rápido a fazendo rir mais uma vez. — Vim trabalhar de camareira, apenas...— Ela estava para me responder alguma coisa, mas alguém bateu à porta a impedindo e eu respiro aliviada.

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