— Não quero que fique um clima estranho entre nós. O senhor é o meu chefe. — Que se foda isso, Ana Beatriz, apenas você está se importando tanto. — Ela abaixou seu olhar e abraçou seu corpo. Provavelmente envergonhada. — Eu não esquecerei. — Avisei. — Mas o senhor disse no avião... — Levanto minha mão direita a interrompendo. — Se quiser que eu finja que nunca aconteceu, por hora posso fazer isso. — Me dê licença senhor Edward. — Aonde vai? — Agradeço por me ajudar com Lourdes. Vou para meu quarto, acredito que terminamos aqui. — Ela diz me dando as costas e caminhando para a porta. — Você quem pensa, Ana Beatriz, nós apenas começamos. — Avisei antes que a mesma saísse do escritório me deixando para trás. Respiro fundo e contenho a vontade de quebrar qualquer coisa que vejo à minha frente. Olho as horas em meu relógio de pulso. — Ótimo, 1h da manhã. Pelo visto nem dormirei hoje. __ Digo tornando a sentar em minha cadeira ignorando a ereção que me incomodava. Suspiro alt
O pouco que dormi, não foi o suficiente para acalmar a minha mente cansada. Tive um sonho ruim e bom ao mesmo tempo que, me deixou momentaneamente abalada. No sonho, estava perdida numa floresta, em um instante eu estava sozinha, gritando por socorro e no outro, eu estava rodeada de pessoas estranhas que me ofendiam, me diziam coisas horríveis, humilharam-me e machucaram, aponto de fazer-me sangrar. Até que o senhor Edward apareceu como um cavaleiro de armadura para me salvar. Ele literalmente vestia armadura e portava uma espada, estava tão lindo que literalmente babei no sonho e acordei babando. Ele desceu de seu cavalo negro, afastou a multidão e me carregou em seus braços, dizendo que eu ficaria bem e que ele cuidaria de mim. Quando ele me beijou e me pôs em cima do cavalo, sentou atrás de mim e sussurrou-me amar, que acordei sobressaltada, ofegante e amedrontava. Ele me ama? Isso é demais para mim. Parece loucura sonhar algo assim. Até eu que não entendo sobre interpretar son
— Olá! Sou Maria Luíza, secretária do senhor Edward. — A mulher baixinha de sorriso fácil, olhos castanhos escuros, declarou ao se aproximar de mim e Levi. Levi se empertigou, travou o puxador de sua mochila de carrinho e fitou a mulher à nossa frente com um sorriso doce e conquistador. — Oi! — Iniciou ainda sorrindo. — Sou o Levi e essa é a Bea, a minha mana. — Sua voz me faz encarar ele rapidamente, mas logo levo meus olhos a mulher a minha frente e lhe dou um meio sorriso. — É um prazer conhecê-la, Maria Luíza. — Digo sincera estendendo minha mão direita para cumprimentá-la. — Me chame Luíza. — Ela diz ainda sorrindo. Seus olhos castanhos brilharam de alegria ao retribuir o cumprimento. — Só minha mãe me chama assim. — Ela gargalhou e seus cabelos soltos cortados em chanel balançaram e pararam a poucos centímetros de seus ombros. Nossas mães e suas manias. Imaginei ao lembrar que mainha também tinha essa mesma mania de me chamar Ana Beatriz. Assim como o senhor Edward. Record
Não esperei ela nos chamar duas vezes. Como Maria havia falado, seus filhos gêmeos, Alisson e Alice, nos esperavam no banco de trás do carro. Eles pareciam mines Maria Luíza, pois são a cópia dela. A pele clara que lembrava o leite e os olhos castanhos, com um belíssimo tom avermelhado. Maria não possui esse tom avermelhado, os olhos dela são um pouco mais claros que os meus. Alice tem os cabelos pretos em chanel como os da mãe, mas era um chanel que combinava com a franjinha reta e as pontinhas repicadas.Ela ficou linda!Já os cabelos de Alisson também são pretos, cortado curto com direito a topete, o que se destacava era o piebaldismo, uma mecha branca em uma pequena quantidade de cabelo.Galã desde pequeno.Os uniformes que eles usavam eram bem lindos. Maria me explicou que toda criança ganha agasalho próprio do Colégio, calça preta e casaco com a camiseta branca com manga curta para dias de calor ou longa para dias de frio. Bermuda preta de tactel ou microfibra, calça e jaqueta p
— Vejo que algo está te incomodando. — Maria comentou. Nós já estávamos no carro a caminho do Balneário "shopping". — Sim, algo me incomoda. — Respondi sinceramente a encarando de soslaio. — O quê? — O colégio anglo é uma escola particular? — Perguntei e a mesma me fitou com as suas sobrancelhas erguidas. — Sim, ele é, pensei que soubesse. — Ela respondeu e eu arregalei meus olhos assustados. — Eu não sabia, o senhor Edward não me disse. — Passei as mãos em meu cabelo com aparente nervosismo. — Eu mal comecei no emprego, como pagarei uma escola particular agora? — Perguntei desolada com medo de perguntar o valor da escola, imaginando que deve ser uma "facada" das grandes. — Calma. — Ela pediu estacionando na garagem do "shopping". — O senhor Edward já resolveu. — Como assim ele resolveu? — Perguntei ainda mais nervosa. — Ele pagou? — Sim, ele pagou. — Ela respondeu confirmando meu medo. Porque ele faz essas coisas? — Ele nada me disse. — Falei não conseguindo esconder minha
Salvador, Bahia! BEATRIZ É noite e o vento forte balançava meus cabelos para todos os lados deixando os meus cachos embaraçados, o suor colava a minha calça, jeans clara e minha blusa, polo ao meu corpo me deixando desconfortável. Caminhei a passos largos pelas ruas do comércio, estava tudo tão silencioso. Alguns carros passavam e meu corpo gelou de medo. O que estou fazendo? Porque eu não dou meia volta? — Porque preciso! —Tento me convencer pela milésima vez. A vida é uma sucessão de escolhas e eu sinto, sinto em meu íntimo que vou me arrepender dessa minha escolha. Ou talvez seja só o medo falando. — Mas agora é tarde! Não dá para retroceder. Se dependesse apenas de mim eu estaria em meu quarto, estudando as matérias atrasadas da faculdade. Pensei, sentindo a tristeza nublar meus pensamentos mais uma vez, mas tão rapidamente surgiu, me obriguei a ignorá-la. Contudo, eu não posso! Não tenho dinheiro para pagar minha faculdade, não tenho dinheiro nem para pegar um
Os seguranças à minha frente usavam a típica farda social, calça, blazer, sapatos, gravatas na cor preta e camisa social branca. Pareciam seguros e altivos. Estava claro estarem acostumados com as mulheres que vem aqui em busca de trabalho. — Ciências Sociais? — Perguntei-lhe. — Isso! — Falta pouco para ela terminar, senhor! Hum! Os senhores podem ver se está tudo certo? — Ah, sim! O pedido de Lourdes é uma ordem para mim. — O entusiasta disse caminhando novamente até a sua mesa, abre um caderno, olha por um instante e depois volta a olhar para mim. — Aqui! Ana Beatriz, uma diária como camareira, oito horas de relógio. — Sim! — Ligarei para, Cláudia, ela que resolve essas coisas. Enquanto ele ligava para senhora Cláudia, o rapaz que me atendeu não tirava os olhos de mim, eu não sabia para onde olhar. — Você daria uma bela de uma puta. — Ele diz como se estivesse me elogiando. Fingir que não ouvir. Troglodita. Meu coração voltou a bater forte e eu fiquei com raiva d
Demorou um pouco até eu encontrar a sala que o segurança havia falado. Virei à esquerda, logo encontrei o corredor largo que ele disse, seguir reto, mas o corredor parecia que não tinha fim. — Puta que pariu. — Esbravejei baixo parando por alguns segundos. Minhas pernas queimavam de um jeito absurdo. — Como trabalharei às 08h00 de relógio assim? Trabalhando. Penso. —Você não tem escolha, Ana Beatriz! Você não tem escolha. — Murmurei. Mesmo não querendo, o ressentimento estava lá em minha voz. Eu não me arrependo de ter deixado meus planos ou a mim mesmo de lado pelo meu irmão, Levi. Longe disso, ele não tem culpa. Mas, não consigo deixar de ficar triste por tudo que estamos vivendo. Respiro profundamente com um pesar no peito e volto a caminhar, sentindo como se estivesse levando o mundo nas costas. Após andar por quase cinco minutos, cheguei em frente a duas salas. Isso ele não me contou. Olhei para a sala da esquerda e estava escrito novamente em letras de imprensa