SEIS

— E como faço quando os clientes tentarem algo comigo? — Perguntei não escondendo o meu medo.

— Eles são avisados para não tocar nas domésticas daqui.

— E eles o fazem?

— Às vezes eles tentam algo, mas se acontecer você chuta as bolas dele e me avisa para eu tomar providências. 

— Certo, farei isso!

— Olhe, às duas suítes serão ocupadas hoje, mas os cavaleiros vão demorar um pouco, estão em uma reunião muito importante. Um deles é muito exigente, gosta de tudo certo, então você limpa o quarto dele primeiro.

— Certo! Hum! Aqui também é hotel?

— Mais ou menos, a maioria dos clientes vem, faz a putaria e vai embora, mas os senhores, os clientes em questão, às vezes gostam de marcar suas reuniões de negócio aqui, então quando isso acontece, ele pede o local só para ele e seus acompanhantes. Ele sempre paga muito bem, muito bem mesmo.

— Ele deve ser bem rico. — Comentei acompanhando ela que saia pela porta que entramos a pouco. 

O cara deve ser um velho gordo e asqueroso. Penso não freando a minha cara de nojo. Ainda bem que dona Cláudia está andando na frente e não viu.

— Rico? Esse homem transborda dinheiro. — Ela para de andar e me fita. — Um gostoso que transborda dinheiro.

Sei! Volto a pensar não acreditando nas palavras dela. Ela parece exagerar um pouco… Sei lá.

— Qualquer dúvida você me fala, tudo bem?

— Sim, senho… — Ela me encara séria e eu me calo. — Desculpa, esqueço. — Sorriu envergonhada pela quinta, décima vez? Nem sei mais. — Agradeço dona Cláudia, pela oportunidade.

— Por nada menina, te ajudarei no que eu puder.

Quando Lourdes me contou sobre dona Cláudia, avisou que ela é uma ótima pessoa, eu fiquei na dúvida, acredito que pelo preconceito de ela ser uma espécie de cafetina e eu assisto a muitos filmes para tirar a conclusão que essas pessoas são más, contudo paguei com a minha língua, ela não me parece uma má pessoa. 

Tirando a parte que ela riu de mim por ser virgem, não tenho do que reclamar.

Ela prometeu tentar me ajudar e eu acredito, acredito de verdade, mesmo que ela não consiga fazer muito por mim. 

Afirmei com a cabeça para dona Cláudia e sorriu aliviada, sabendo que no outro dia teria dinheiro para comprar algo para Levi comer. Só esse pensamento renovou todas as minhas forças.

EDWARD

O que estou fazendo aqui mesmo? Pergunto-me passando as mãos em meus cabelos, me sentindo estressado. 

Tenho me sentido assim às vezes e por mais que eu tente me controlar, falho miseravelmente.

Contudo, para ser sincero, não me importo, minha paciência tem limite! O que me parece é que as pessoas à minha volta gostam de testá-la.

 Eu devia estar estudando os casos em aberto que preciso resolver.

 Como advogado, eu me especializei em Direito contratual, penal e criminal, mas faz muito tempo que não me envolvo com direito criminal ou penal.

 A última vez que defendi alguém acusado de um crime que não fez, perdi muito e até hoje não superei.

 Sou um dos mais famosos advogados do mundo. Quando abrir a minha empresa, meu foco era defender pessoas inocentes de crimes que elas não cometeram, já fiz muitos pró bônus, pois defender pessoas ricas me rendeu muito dinheiro, algo que eu já tinha de sobra.

 Eu era bom nisso, porra, eu era o melhor. Suspirei pesadamente. Porém, isso foi há muito tempo.

 A sede de minha empresa fica em New York, mas alguns anos depois eu decidi expandir meus negócios, algumas coisas contribuíram para essa minha decisão, não me arrependo, a dor da perda, as lembranças vinham a todo momento e isso já afetava o meu trabalho. 

 Hoje a KING Advocacia é considerada uma empresa multinacional. 

 Claro que eu não obtive esse sucesso sozinho, Felipe foi e ainda é o meu braço direito até hoje.

 Conheci Felipe no colegial, estávamos no mesmo colégio interno.

 Nossas histórias eram parecidas, nossos pais haviam falecido quando éramos apenas duas crianças de 10 anos e meu tio, e os avós dele preferiram nos mandar para longe ao invés de cuidar de nós.

 O instituto Le Rosey, na Suíça, não era um lugar ruim, fizemos daquele lugar o nosso lar.

 Não é ruim dividir dormitórios com vários garotos. Muitos de nós estávamos lá pelo mesmo motivo

 Foram deixados por pessoas que deviam nos proteger. Alguns garotos ficaram revoltados, outros escolheram se apoiar, criar laços, amizades, um irmão, assim como eu e Felipe. 

 Poucos conseguem imaginar o quão divertido é...

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