Capítulo 1 √

Ava Bronw √

Jogo-me na enorme cama queen, extremamente macia, e sinto meu corpo relaxar em meio aos lençóis caros, mesmo com o tecido pesado e incômodo do vestido.

— Até que enfim. — digo, aliviada, por todo aquele teatro ter acabado.

Não via a hora de parar de sorrir como uma boba apaixonada. E desde quando tenho tantos parentes? Talvez noventa por cento das pessoas que estavam na festa de casamento, para não dizer todas, eram desconhecidas para mim. Com exceção de meus pais e Catherine, minha prima/irmã, as outras pessoas foram convidadas apenas para fazer volume.

Ouço batidas na porta do meu quarto, que logo é aberta, revelando Bryan, que traz consigo duas taças e uma garrafa de espumante. Ele me entrega uma taça, enchendo-a até a borda, e faz o mesmo com a que segurava.

— Um brinde, por conseguirmos sustentar essa farsa e aturar tanta gente chata ao mesmo tempo. — diz ele com sarcasmo, deixando a taça de lado e bebendo diretamente do gargalo da garrafa.

Se eu pudesse definir Bryan em uma palavra, seria excêntrico. Ele é o tipo de pessoa que não se importa com os outros à sua volta, vivendo a vida ao limite, como se vivesse um dia de cada vez. Quando o advogado de nossas famílias sugeriu esse acordo, pensei em recusar, mas ver a situação da minha família se agravando foi o motivo primordial para tomar minha decisão.

Diferente de Bryan, eu sempre tenho uma lista de planos, medindo cada passo meticulosamente e sempre com um plano B, C, D ou o alfabeto inteiro se for necessário, para que tudo saia como eu quero. E acreditem, não meço esforços para alcançar o que quero.

Enquanto crescia, minha avó me ensinou que o mundo era meu por direito e, se não fosse me dado de boa vontade, eu iria atrás e tomaria aquilo que desejo. E desde então, tenho seguido seu conselho à risca. Foi assim com o restante dos bens da minha família.

Quando vi que meus pais estavam prestes a aniquilar tudo o que tínhamos, precisei agir. E não, eu não me importo com o que vier pela frente, também não me importo com o que irão pensar ao descobrirem que agora sou oficialmente a dona do que restou do grande império da família Brown. Pretendo restaurar o sobrenome da minha família aos seus dias de glória a qualquer custo, nem que para isso eu precise... não sei, usar algumas pessoas.

Sento-me na cama, tomando um longo gole do espumante servido pelo meu querido marido, um brinde a um futuro promissor. Bryan continua a beber enquanto faz uma dancinha ridícula na minha frente. Se isso era uma tentativa de me seduzir, acho que deveria avisá-lo que não está funcionando.

Um dos termos do contrato era que não haveria nenhum tipo de contato físico. Não estamos casados de verdade e não precisamos viver como marido e mulher; talvez apenas como colegas de quarto.

Não me entendam mal quando digo que não pretendo que nada aconteça entre nós. Não é porque Bryan não seja bonito, ele é até bem atraente. O problema é que ele não me atrai, a pessoa dele não é meu tipo.

Sempre me envolvi com homens mais velhos, homens experientes, de sucesso, que sabem o que querem, homens de classe, que sabem iniciar e manter uma conversa sobre assuntos importantes sem perder o ritmo ou o foco. Nos últimos anos, devo ter namorado dois ou três amigos do meu pai. Mas ele nunca pôde fazer nada, afinal, já sou independente e crescida o suficiente para fazer minhas escolhas.

Contudo, talvez, só talvez, Bryan possa ser um brinquedo sexual em uma noite em que esteja entediada e não esteja a fim de viajar até outra cidade para ir a um dos meus clubes VIPs favoritos. Bryan tem cerca de 1,80 de altura, cabelos loiro-escuro e olhos esverdeados. Seu corpo está em um meio termo, nem forte nem magro. Mas, como eu disse antes, ele não me atrai.

— Já sabe para onde vai, querida esposa? — pergunta, trazendo-me de volta à realidade.

A pergunta inesperada remete à nossa "lua de mel", onde cada um vai para um lado durante dez dias para fazermos o que bem quisermos, longe de todas as câmeras, paparazzis e pessoas curiosas.

— Irei para a Escócia. Acredite em mim, é um ótimo destino para quem quer fugir de toda essa agitação. — digo, levantando-me da cama, deixando a taça de espumante sobre o móvel ao lado e pondo-me em frente a Bryan. — Pode me ajudar com o zíper? Não aguento mais usar esta coisa.

Não sei se é uma percepção minha ou se Bryan já estava bêbado antes mesmo do tempo. Mas sinto o toque trêmulo de suas mãos enquanto ele tenta descer o zíper até o fim. Talvez ele estivesse nervoso por estarmos tão perto sem a necessidade de câmeras nos filmando ou coisas desse tipo.

Bryan se afasta ao terminar de descer o zíper do vestido, que desliza pelo meu corpo antes de cair ao chão. Ele toma um longo gole de espumante, parecendo atônito com o que vê à sua frente.

— E você, para onde vai? — pergunto, recolhendo o vestido do chão e caminhando até o closet, onde minhas coisas já estão arrumadas.

Ele demora um pouco para responder, talvez absorvendo toda aquela situação.

— Estarei indo para a Espanha, mais precisamente Ibiza, a terra da diversão. — disse ele, tentando manter a voz aveludada e sedutora.

— Tente não fazer besteira, certo? Detestaria ter de dar continuidade ao nosso plano sozinha porque meu suposto marido não consegue se manter fora de encrencas. Também detestaria ter de voar até lá para retirá-lo da cadeia. — digo calmamente, aparecendo na porta e observando-o sentado na minha cama.

— Não serei preso por lá, se é isso que lhe preocupa, querida. Quero apenas aproveitar a vida noturna em Ibiza, que sem dúvidas é uma loucura. — Ele sorri para mim, e seus olhos passeiam pelo meu corpo.

— Meu rosto é aqui em cima, Bryan. — digo divertida, com as sobrancelhas arqueadas.

— Acreditaria se eu dissesse que encontrei algo muito mais interessante aqui embaixo? — diz ele, focando os olhos em meus seios.

— Você é um cretino, Bryan. — balanço a cabeça em sinal de negação e sigo em direção ao banheiro. — Você deveria ir se arrumar, seu voo sai em algumas horas e você está fedendo a álcool. Não deveria ter bebido tanto naquela festa. — paro na porta do banheiro e me viro para observá-lo.

— Isso seria um convite? — ele pergunta, com sobrancelhas arqueadas e um sorriso safado nos lábios.

— Um convite para que você se retire do meu quarto. — digo calmamente, ouvindo-o gargalhar. — E mais uma coisa, Bryan: pare de olhar para minha bunda enquanto ando. É uma parte do meu corpo que você nunca vai ter. Agora saia. — digo firmemente antes de bater a porta do banheiro.

Ouço sua risada ao lado de fora e acabo rindo também. Se essa palhaçada toda tem um lado bom, é que ao menos nos damos bem, mesmo que Bryan seja um tremendo tarado quase o tempo todo.

Ponho a banheira para encher, coloco meus sais favoritos e acendo algumas velas aromáticas. O cheiro suave de rosas se espalha pelo cômodo, permitindo-me relaxar enquanto desembaraço meus cabelos e me observo no espelho. A fênix tatuada em meu ombro reluz em tons vibrantes sob a luz fraca, misturando-se com a luz alaranjada das velas.

Renascimento. Precisei renascer das cinzas para chegar onde estou e jamais permitirei que alguém me puxe para o abismo novamente. Olho-me no espelho e relembro circunstâncias passadas. Todos aqueles que um dia ousaram zombar de mim caíram, um após o outro, e aqueles que ainda insistem em ficar de pé, esses, especificamente, serão os mesmos que me implorarão por misericórdia.

E quanto a você, titio Edward, espero que esteja preparado para ver seu império ruir aos poucos. Se você não teve piedade de mim, então espero que não me implore para ter de você.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo