Capítulo 2✓

Ava Brown ✓

Desço as escadas de malas prontas. Passam das 22h40 da noite, e meu voo sai por volta das 03h30 da manhã. Contudo, Bryan e eu voaremos no jato da minha família até o aeroporto de Buffalo, onde pegaremos voos separados para nossos respectivos destinos.

Deixo minhas malas na sala de estar e caminho pelos corredores da mansão, em busca de meu suposto marido, que já deveria estar aqui. Cozinha, sala de estar, quartos, escritório, piscina, jardins... nada. Nenhum sinal de Bryan. Onde aquele imbecil foi?

Sigo até a garagem e percebo que um dos carros havia sumido. Ótimo, ele foi para o aeroporto sem mim. Será que pareceria suspeito ficar viúva menos de 24 horas depois de me casar com o herdeiro da maior petrolífera da América?

Caminho até a saída principal, onde dois seguranças guardavam o portão. Ambos notam minha presença e assumem rapidamente uma postura mais rígida e formal, me fazendo erguer as sobrancelhas em descrença.

— Senhora Cooper, a senhora está precisando de algo? — diz um dos seguranças.

— Há quanto tempo ele saiu? — pergunto diretamente, me referindo a Bryan.

— Há cerca de uma hora e meia, senhora — responde o outro.

— Ele avisou algo ou disse para onde estava indo?

— Não, senhora. Bem, o senhor Cooper não costuma nos avisar quando sai.

— Maravilha — digo com aborrecimento. — Caso ele retorne, peço que avisem que esta noite ele dorme no sofá.

Não espero que eles digam nada, apenas retorno para dentro da mansão, tentando manter o papel de esposa aborrecida. Entro na mansão e pego meu celular, discando o número daquele incompetente. Uma, duas, três, dez chamadas perdidas. E nada de Bryan atender.

Deixo minhas malas ainda no andar de baixo e retorno para meu quarto, onde me preparo para dormir. Eu não iria atrás de Bryan, mas também não poderia viajar sem ele. Nosso casamento foi, digamos, um grande atrativo para a mídia. Então, para manter essa m*****a farsa, precisaríamos ser vistos juntos no aeroporto.

Me deito na enorme cama no centro do quarto e fico olhando para o teto por alguns minutos antes que o sono me atinja.

~~°~~

Ouço o toque irritante do celular preencher todo o quarto. Coço meus olhos e acabo bocejando por conta do sono. Busco por meu celular, o encontrando no móvel ao lado da cama. Pego o aparelho e observo o número de Catherine estampado na tela. Observo a hora, passam das 04h20 da manhã.

— Cathe? Está tudo bem? — digo com voz sonolenta.

— Ava? Graças a Deus você atendeu, prima. É o Bryan. Nós o encontramos em uma boate um pouco mais cedo e você não estava por perto. Ele estava fora de si, totalmente alcoolizado. Tentamos levá-lo embora, mas ele se irritou. Ele e Vincent acabaram discutindo, e ele saiu da boate às pressas. Nós o seguimos, e ele pegou o carro e saiu em alta velocidade — a voz de Catherine estava falhando, fazendo parecer que ela estava em pânico, talvez chorando. — Bryan sofreu um acidente, Ava. Ele bateu o carro contra a traseira de um caminhão e está no hospital central.

Respiro profundamente, mantendo a calma e tentando me manter o mais racional possível.

— Estou a caminho, Cathe. Agradeço por me avisar. Espero que Bryan fique bem, pois eu mesma irei matá-lo quando ele acordar — digo com certa irritação.

Catherine fala mais algumas coisas, das quais não consigo entender, pois estou ocupada demais me vestindo como uma maluca para ir até o hospital. Meu esposo não me avisou que seu plano era me fazer viúva antes do tempo.

Droga, Bryan, como pode ser tão irresponsável? Por mais que fosse apenas um maldito contrato, ele poderia ter contado comigo. Afinal de contas, estamos juntos para isso, certo? Amigos são para isso.

Só então a ficha cai: havíamos nos tornado amigos. Ainda que isso fosse apenas um plano de ambas as partes, eu me preocupo com esse imbecil porque ele simplesmente se tornou meu amigo, alguém importante para mim.

Benjamin Cooper √

A bela mulher de longos cabelos dourados se mantinha deitada na cama à minha frente, embalada em um sono profundo. Sua pele pálida e perfeitamente lisa estava marcada de vermelho em diversas extremidades, fruto da noite intensa que tivemos.

Clarissa Martínez é o tipo de mulher que todos os homens desejariam ter em sua cama. E adivinhem só, no meio de tantos presentes neste hotel, é justamente em minha cama que ela veio parar. Observo com maestria o bom trabalho feito por nós na noite passada. As marcas de meus dedos estão espalhadas por todo o seu corpo, principalmente naquela bunda maravilhosa.

O quarto está totalmente revirado, e não é para menos. Não exagero quando digo que estávamos famintos um pelo outro. Deixo-a dormir tranquilamente enquanto me volto para o banheiro da suíte, tomo um banho revigorante antes de me vestir e descer para a academia do hotel.

Me exercitar é a forma que encontro para aliviar a mente do estresse. Bem, isso e mulheres como Clarissa, obviamente. Atualmente comando o império de minha família, fundado por meus avós há quase um século. A Cooper Northstar é uma empresa centenária, sendo uma das maiores, se não a maior, petrolífera de toda a América, com poços de extração em diversas partes do mundo.

A empresa foi passada para meus pais após o falecimento de meu avô, e logo depois para mim quando meus pais decidiram se aposentar há alguns anos. Tenho planos de passar a empresa para meu filho em alguns anos. Contudo, Bryan não demonstra o comprometimento necessário para tocar uma empresa desse porte, e meu medo é que ele simplesmente afunde tudo o que meus avós levaram tanto tempo para construir.

Bryan costumava ser um bom rapaz, o tipo de filho que sempre me deu orgulho, assim como para sua mãe, que sempre enchia a boca para falar o quanto ele era especial para ela, para nós. Minha esposa faleceu em um acidente há cerca de dez anos. Bryan estava no colégio quando isso aconteceu; foi um verdadeiro baque para nós dois.

Depois da morte de Eloise, foi como se um abismo tivesse se formado entre nós dois. Meu filho se rebelou e começou a andar com más companhias. Bryan teve de ser internado cinco vezes em clínicas de reabilitação para se livrar dos vícios em drogas, acabou sendo preso algumas vezes e se envolvendo em polêmicas que quase levaram ao fundo do poço o sobrenome da família.

Eu me preocupo com meu filho e o amo com todas as minhas forças, mas ele se tornou um irresponsável que acha que a vida se resume a festas e bebidas, e insiste em não querer pensar no futuro. Sei que boa parte disso se deve à perda de sua mãe, mas ele não pode culpar Eloise por seu fracasso iminente.

Tão pouco a mim, por tentar ser um pai melhor ao invés de tê-lo enfiado em um maldito internato até que completasse a maioridade. Talvez esse tenha sido meu erro e, se eu o tivesse colocado em um internato, ele tivesse seguido um caminho diferente.

Finalizo o aparelho no qual estou treinando e me volto para outro, e depois outro e outro. Fico por cerca de duas horas na academia, tempo suficiente para, enfim, esfriar a mente. Faz alguns meses que estou fora de casa e ficarei por mais alguns dias aqui antes de finalmente retornar.

A Escócia é um país Maginifico com paisagens de tirar o fôlego, mas não é por isso que estou aqui. Estou aqui a trabalho em meio a uma convenção e reuniões extremamente longas em busca de novos fornecedores, assim como formas mais sustentáveis de extração de petróleo, sem que isso danifique tanto o meio ambiente, não que eu me importe com isso, mas segundo Richard, meu braço direito na empresa. Isso trás uma maior credibilidade para a empresa, e nos faz parecer mais sustentáveis, palavras dele.

Enquanto termino meu treino e me preparo para voltar ao quarto, sou abordado por um dos funcionários do hotel. Ele me informa que recebi uma ligação urgente do escritório em Nova York. Agradeço e me dirijo à área de comunicação do hotel, onde posso fazer a ligação em privacidade. Ao atender, reconheço a voz de Richard.

— Sr. Cooper, sinto interromper sua estadia na Escócia, mas temos um problema sério — diz Richard, sua voz carregada de preocupação.

— O que aconteceu? — pergunto, a tensão já se acumulando em meus ombros.

— É Bryan. Ele se envolveu em um acidente feio essa madrugada, enquanto dirigia sob efeito de álcool. Ele está internado no hospital central Ben, tentei visitá-lo mas fui barrado. Apenas a família pode entrar, segundo informações que recebi de um dos médicos, ele está estável. Mas está acompanhado por uma mulher que se diz sua esposa. A mídia está começando a noticiar o incidente, e temo que isso possa afetar a imagem da empresa.

Esposa? Como assim esposa se quando estive em casa a cerca de seis meses Bryan não estava se quer namorando ? Seria pedir muito um filho normal ? Respiro fundo, enquanto tentando manter a calma. Enquanto um misto de raiva e desespero toma conta de mim. Mais uma vez, Bryan está colocando tudo em risco. Agradeço a Richard pela informação e peço que ele cuide dos primeiros passos enquanto arrumo minhas coisas para voltar imediatamente aos Estados Unidos.

Ao voltar ao quarto, vejo Clarissa ainda dormindo serenamente. Deixo um bilhete breve, explicando que tive uma emergência e precisarei partir. Com a mente já acelerada, começo a arrumar minhas coisas, preparando-me para enfrentar mais um desastre causado por meu filho.

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