Capítulo 5 ✓

Benjamim Cooper √

Duas semanas depois.

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Mais uma vez Richard havia me provado que não era um completo incompetente. Me fazendo lembrar o motivo pelo qual se tornou meu braço direito na Cooper Northstar. Três dias após minha solicitação as informações sobre aquela garota/ mulher estavam em minha mesa.

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Ficha de Ava Brown

Nome: Ava Brown

Idade : 24 anos

Formação : Engenharia Civil, Administração de Empresas

Idiomas : Inglês (nativo), Alemão, Russo, Francês, Espanhol

Nacionalidade : Estadunidense

Local de nascimento: San Diego, Califórnia

Pais: Savannah Alencar e Sebastian Brown

Situação atual:

• Dona de todos os bens da família Brown, incluindo a empresa da família que está se reerguendo após um grande desfalque financeiro.

Histórico Acadêmico:

• Considerada um prodígio no colegial, Ava avançou várias séries e se formou aos 15 anos.

• Após um ano sabático na Alemanha, terra natal de seus avós, ingressou na universidade aos 17 anos.

Status Civil:

• Casada com Bryan Cooper, herdeiro das empresas Cooper Northstar.

• O noivado foi anunciado há alguns meses, após um relacionamento de quase dois anos.

• Casaram-se há cerca de duas semanas em uma cerimônia fechada na mansão da família em Nova York, apenas para amigos e parentes próximos.

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Agora estou aqui em meu escritório na mansão, relendo essas informações pela décima vez nos últimos quinze dias e tentando a todo custo entender o que há de errado. Onde está o erro? A garota fala cinco idiomas, é dona de uma grande companhia, foi uma das melhores alunas na escola e cursou duas graduações simultaneamente na universidade. Ela é um prodígio, isso é inegável. Então, o que diabos ela está fazendo com alguém como Bryan?

Sinto minha cabeça doer novamente enquanto tento decifrar esse famoso enigma. Por que uma mulher assim se interessaria por um irresponsável como meu filho? Não pode ser apenas pela beleza. Não subestimo a beleza de Bryan; modéstia à parte, sua mãe e eu fizemos um bom trabalho. Jogo os papéis sobre a mesa e olho para o relógio na parede, que marcava cerca de 12h27.

Saio do meu escritório e me dirijo à sala de jantar, onde a mesa já deveria estar pronta à minha espera. Chego à sala de jantar e, para minha surpresa, a mesa não está posta. Porém, o aroma delicioso que exala da cozinha chega até minhas narinas. Sinto meu estômago roncar e presumo que seja Helena, nossa cozinheira, que já deve estar preparando o almoço. Sigo até a cozinha, me deixando levar por aquele aroma dos deuses.

— Helena, você se superou desta vez. Estou ansioso para saber qual a rec... — As palavras morrem em minha boca assim que percebo que não era Helena quem estava cozinhando.

Ali, parada no meio da cozinha, concentrada no que quer que estivesse sendo feito no fogão, estava ninguém menos que a garota prodígio. Instantaneamente, minha postura muda. Minha expressão se fecha, e a arrogância de sempre assume seu lugar.

Pouco me importava se aquela mulher, ou garota, tanto faz, é um prodígio ou não. Se ela foi burra o suficiente para achar que poderia entrar em meu caminho e me desafiar como fez no hospital há algumas semanas, ela está muito enganada. Esta é minha casa e ela irá pagar pelo que fez naquele quarto de hospital naquele dia.

— Onde está Helena? E o que, exatamente, você está fazendo na minha cozinha? — pergunto, com um tom de voz frio e autoritário.

Ela se vira para me encarar, o sarcasmo automaticamente presente em seu rosto, me fazendo pensar por um momento que eu me arrependeria amargamente de tê-la confrontado. Ela continua a me observar, exibindo aquele sorriso desafiador em seu rosto, fazendo minha raiva crescer ainda mais.

— Vamos, sua insolente, me responda! O que acha que está fazendo na minha cozinha? — meu tom se torna mais cortante a cada palavra.

Olho em volta, como se procurasse algum sinal de Helena, esperando que ela apareça a qualquer momento para explicar essa situação absurda. Mas a única resposta que recebo é o olhar firme e determinado de Ava, que parece não se intimidar com minha arrogância.

— Isso é uma cozinha? Por um momento, achei que fosse um campo de futebol. Vejam só, acabei me confundindo novamente. — Ela mesma ri de suas palavras, dando de ombros e voltando a cozinhar. — De qualquer forma, Helena não está... Ela teve um imprevisto com sua filha e eu a liberei.

— VOCÊ FEZ O QUÊ? — Grito, e automaticamente ouço barulhos de rosnados baixos vindos das laterais da imensa ilha.

De onde estou, não consigo enxergar mais do que a parte de cima do corpo da mulher à minha frente, devido à grande ilha que fica no centro da cozinha.

— Isso são rosnados? — pergunto com incredulidade.

— Uma pergunta de cada vez, sogrinho, não sou a melhor pessoa para responder a inúmeras coisas de uma única vez.

— Para alguém considerada um prodígio, essa resposta me surpreende. — digo em tom desafiador.

Ela congela por um momento, deixando a colher que estava usando para preparar o almoço de lado. Seu corpo fica tenso e, novamente, os rosnados se fazem presentes no meio da cozinha.

— Luna, Nébula... Sitzen. — Sua voz ecoa em forma de comando, me fazendo erguer as sobrancelhas em descrença.

— O que diabos está fazendo, garota? — Digo, perdendo a paciência que me restava. Entro de vez na cozinha e me dirijo em direção a ela. — Eu perguntei quem você pensa que é para liberar um funcionário sem meu consentimento, você não tem... — Paro instantaneamente ao fazer a volta na ilha e me deparar com dois pares de olhos negros me observando. Rosnando em minha direção, recuo alguns passos ao notar que aqueles enormes cães se levantam, se pondo em posição de ataque logo à frente da garota prodígio.

— LUNA, NÉBULA. LIEGEN. — Ela fala mais alto, exercendo uma espécie de autoridade sobre as duas feras, que demoram um pouco, mas logo recuam, tornando a se deitar ao seu redor. — Sugiro que não se aproxime. Elas me obedecem, mas estão prontas para pular na garganta do primeiro infeliz que, na visão delas, me represente algum perigo. — Ela diz normalmente, voltando a cozinhar como se nada tivesse acontecido.

Minha paciência, já esgotada, se transforma em pura raiva. Aquela insolente não só desobedeceu minhas ordens como também encheu minha cozinha com aqueles monstros.

— Eu perguntei quem você pensa que é para liberar um funcionário sem meu consentimento! — esbravejo, avançando em direção a ela, ignorando completamente os cães.

Ava, com uma calma irritante, ergue o olhar, um brilho desafiador em seus olhos.

— Ah, você ainda está nisso? Já disse, Helena teve um problema e eu a liberei. Se não gostou, problema seu. — Ela sorri, voltando a atenção para a panela à sua frente. — E sobre os cães, sugiro que se acostume. Eles são parte do pacote.

Dou mais um passo, sentindo minha raiva borbulhar. Os cães se erguem novamente, rosnando, mas não me importo.

— Saia da minha cozinha, agora. — Minha voz sai baixa, mas cheia de ameaça.

Ava suspira dramaticamente, como se estivesse sendo extremamente incomodada por minha presença.

— Sinto muito, mas tenho ordens para seguir e seu filho precisa se alimentar ou esqueceu que ele fez uma cirurgia e não pode comer certos tipos de comigo. Esqueceu não é ? — Ela sorri convencidamente. — Pelo visto, sou a única aqui que sabe lidar com um imprevisto. — Ela lança um olhar sarcástico em minha direção. — E sobre os cães, já disse, não são negociáveis.

Minha paciência se esgota de vez. Dou mais um passo, ignorando os rosnados que se intensificam.

— Ou você sai agora, ou eu vou...

— Vai fazer o quê? — Ela interrompe, sua voz carregada de desafio. — Me expulsar? Vai em frente, mas não se esqueça dos cães.

Eu encaro Ava, meu sangue fervendo de raiva. Ela continua me desafiando, a expressão inabalável, como se nada no mundo pudesse intimidá-la.

— Você não tem ideia de quem está desafiando. — digo, minha voz baixa e ameaçadora.

Ela ri, um som seco e sem humor.

— E você não tem ideia de quem está subestimando. — responde, com seus grandes olhos em cor âmbar me atraindo para um desafio silencioso.

— Você não faz ideia de onde se meteu ao entrar na vida do meu filho e, coincidentemente, na minha. Se acha que pode chegar na minha casa e me desafiar dessa maneira, está muito enganada. — digo com certa raiva, sem pensar duas vezes, agarro um de seus pulsos, puxando-a para perto, fazendo seus olhos encararem os meus.

— Nebel, Luna... NEIN. — Ela grita, desviando os olhos dos meus e, em um movimento rápido, me empurra para o lado, passando à minha frente e se colocando entre mim e os cães, que estavam em posição de ataque, totalmente tensos e alertas.

— Nein... — ela repete, em um tom mais baixo, ao se aproximar de ambos os cães. — Estou bem, está tudo bem. — Ela se ajoelha em frente às duas feras, que agora parecem simplesmente dois grandes filhotes deitados no chão, se contorcendo enquanto recebem carinho em suas barrigas.

— Então é isso, suas feras iriam me atacar. Por que não permitiu? — pergunto com sarcasmo, sendo ignorado por ela. Antes de sua voz voltar a soar momentos depois.

— Não posso deixá-los sair por aí mordendo qualquer porcaria. Sabe o quanto eu gasto com eles por mês? Não sou nem louca de deixá-los morder você. Vai que eles contraem raiva. — A naturalidade com a qual suas palavras ecoam é a gota d'água para mim.

Saio da cozinha a passos firmes, no caminho pego minhas chaves e sigo para a garagem. Entro no meu carro e saio em alta velocidade, indo em direção ao melhor restaurante da cidade, tudo para me afastar daquela casa e daquela criatura arrogante com a qual meu filho se casou.

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