Segredos da floresta A madrugada estava silenciosa, exceto pelo leve farfalhar das árvores ao redor da mansão Bolívar. Luna virou-se na cama pela quarta vez, incapaz de pegar no sono. Algo dentro dela parecia inquieto, pulsando como se buscasse uma saída. Após alguns minutos de luta interna, ela cedeu. Levantou-se, foi até a janela e a abriu.O ar frio da noite tocou sua pele, e ela inspirou profundamente. O céu estava limpo, com uma lua cheia brilhante que parecia maior do que o normal, cercada por estrelas que cintilavam como pequenos cristais. O brilho prateado da lua iluminava o jardim da mansão, revelando o contorno das árvores e os caminhos de pedra.Luna sentiu um arrepio na espinha ao olhar para a lua. Algo sobre sua luz parecia... convidativo. Um calor inexplicável cresceu em seu peito, e ela não conseguiu desviar o olhar. Era como se a lua sussurrasse seu nome, atraindo-a para algo que ela não compreendia.Ela fechou os olhos, tentando entender aquela sensação. Em sua mente
Após a conversa no escritório, Luna desceu as escadas, ainda assimilando a ideia de voltar para a escola. Já havia algumas semanas desde o acidente de sua mãe, e ela não tinha certeza de como se sentiria rodeada por tantas pessoas desconhecidas.Eliezer estava esperando por ela no hall de entrada, segurando uma mochila preta simples e uma pilha de cadernos e livros encapados com cores sóbrias.— Aqui estão seus materiais. Achei que precisaria de algo básico para começar — disse ele, estendendo o conjunto.Luna aceitou os itens com um aceno de cabeça. A mochila parecia pesada, mas a preocupação maior não era o peso físico, e sim o que o dia traria.— Eu achei que talvez... não fosse voltar para a escola — confessou, hesitante.— Educação é essencial — respondeu Eliezer, categórico. — Além disso, será bom para você. Uma oportunidade de começar de novo, se adaptar.Luna não quis prolongar a conversa. Apesar de tudo, sabia que ele estava certo. Então subiu para o quarto, trocou de roupa e
Quando o sinal do intervalo ecoou pelos corredores, Luna se levantou junto aos outros alunos, ainda um pouco desconfortável. Seguiu o fluxo até o refeitório, um amplo salão iluminado por grandes janelas que deixavam a luz do dia entrar e refletir nas mesas de metal polido. O local era decorado com murais coloridos e placas com mensagens motivacionais. O aroma de comida fresca pairava no ar, mas havia algo tenso no ambiente que ela não conseguia ignorar: os olhares.Ela pegou uma bandeja e seguiu pela fila, observando as opções disponíveis. Havia pratos simples, como sanduíches, saladas e sopas, mas também sobremesas que pareciam deliciosas. Escolheu uma salada e um suco de maçã, tentando não chamar atenção.Com a bandeja em mãos, começou a procurar um lugar para sentar. Olhou ao redor, mas percebeu que algumas pessoas cochichavam entre si, lançando olhares furtivos em sua direção. O calor subiu para seu rosto, e ela tentou ignorar.Finalmente, avistou uma mesa com quatro pessoas, apar
Enquanto Luna conhecia o cotidiano de sua nova escola, na diretoria, Eliezer Bolívar conversava com a Diretora Howthorne. Sentado em uma poltrona de couro escuro, ele mantinha a postura impecável e o semblante sério, algo típico de sua personalidade reservada. A diretora Howthorne, uma mulher de cabelos grisalhos e olhos penetrantes, o observava com atenção. Apesar de sua aparência humana, seus modos ainda carregavam traços da loba que fora no passado. Ela havia deixado a matilha há décadas, mas mantinha um vínculo velado com os Lunares, especialmente por ser uma figura de respeito em Lendcity. — Agradeço por me receber, diretora. — Eliezer começou, com sua voz grave e controlada. — Estou aqui para falar sobre minha outra filha, Taynara. Howthorne ergueu uma sobrancelha, interessada. Ela sabia da ligação de Eliezer com os Lunares, mas poucos compreendiam a extensão dos segredos que ele guardava. — Ah, sim, Taynara. — disse ela, entrelaçando as mãos sobre a mesa. — Tenho acompan
Eliezer empurrou a porta pesada da mansão, entrando no vasto hall de entrada. O ambiente estava iluminado por um imenso lustre de cristal que pendia do teto alto, refletindo luzes suaves nas paredes decoradas com quadros antigos e cortinas aveludadas. O som de seus passos ecoava pela sala silenciosa, interrompido apenas por sua voz grave e firme.— Ravena! Quero você no meu escritório agora! — ele bradou, sua voz cortando o ar como uma lâmina.Ravena, que estava na cozinha terminando de secar os pratos do jantar, ergueu a cabeça de imediato. Ela parou por um momento, tentando compreender o tom urgente na voz de Eliezer. Ele raramente a chamava com tanta impaciência. Com um suspiro contido, ela enxugou as mãos em seu avental branco impecável e saiu rapidamente, atravessando os corredores da mansão.Ravena era uma jovem que carregava consigo uma beleza única e impressionante. Sua pele de ébano reluzia sob a luz suave dos lustres, e seus olhos expressivos eram de um castanho quente, semp
O Segredo Revelado por EsmêRavena, ainda sentindo o peso da conversa com Eliezer, dirigiu-se apressadamente até o altar que mantinha escondido em um dos recônditos mais discretos da mansão. O altar era simples, mas carregava uma energia ancestral poderosa. Velas acesas em círculos, ervas aromáticas espalhadas e um espelho antigo repousavam no centro, refletindo a chama trêmula.Ela se ajoelhou diante do altar, com as mãos unidas, e murmurou em voz baixa:- Vovó Esmê... Eu preciso de você. Apareça, por favor.Quase imediatamente, o ambiente ficou pesado, e o ar pareceu vibrar. Uma figura translúcida emergiu no espelho, com olhos sábios e um sorriso acolhedor. Esmê, a avó de Ravena, era uma presença poderosa, mesmo em espírito.- Eu já sei por que me chamou, minha pequena Ravena - disse Esmê, sua voz ecoando como um sussurro entre mundos.Ravena respirou fundo, hesitante, mas sua preocupação logo emergiu em palavras.- Eu temo pelo que Luna pode ser, vó. Temo por ela... e por seu futur
Na saída da escola, Luna e Genevieve estavam esperando Âmbar, quando, de repente, Darius esbarrou em Luna sem querer. Os cadernos que ela tentava guardar na bolsa caíram no chão, espalhando-se pela calçada.- Droga! - Luna murmurou, irritada, sem olhar para quem tinha esbarrado nela.Quando ela se abaixou para pegar os cadernos e levantou a cabeça, viu que era Darius. Ele passou direto, sem ao menos olhar para trás, nem se dignando a pedir desculpas.- Olha por onde anda, seu idiota! - Genevieve exclamou, irritada, apontando para ele enquanto se afastava.Darius não deu sequer uma reação, apenas seguiu seu caminho. Luna suspirou, tentando manter a calma.- Deixa pra lá, Genevieve - Luna disse, levantando-se e arrumando os cadernos na bolsa. - Parece que ele quer me evitar desde o dia em que me apresentei. Não respondeu quando falei com ele na sala.Genevieve parecia perplexa e, ainda irritada, balançou a cabeça.- Isso não é normal, Luna. Ele não é assim. Normalmente, ele teria se des
Luna entrou em casa e, ao fechar a porta atrás de si, um silêncio profundo tomou conta do ambiente. A casa estava vazia, a luz suave do entardecer filtrava-se pelas janelas. Ela subiu as escadas com um suspiro profundo, tentando se livrar das memórias inquietantes de seu dia.Ao chegar em seu quarto, jogou sua bolsa no tapete e se deixou cair na cama, sem forças para fazer mais nada. Mas algo dentro dela a impelia a não se deixar sucumbir ao cansaço, e com um suspiro, ela se levantou, foi até sua mesa e pegou seu diário.Era um caderno simples, mas com a capa vibrante em tons de vermelho, cheia de desenhos sutis de flores e corações entrelaçados, um presente de sua mãe. Luna havia ganhado o diário quando era mais jovem, quando pensava que nunca precisaria usar. Sua mãe sempre dizia que aquele caderno seria o lugar onde ela poderia colocar seus maiores sentimentos. Mas até hoje, Luna nunca sentira necessidade de escrever.Agora, no entanto, ela sentia uma necessidade imensa de desabafa