Na saída da escola, Luna e Genevieve estavam esperando Âmbar, quando, de repente, Darius esbarrou em Luna sem querer. Os cadernos que ela tentava guardar na bolsa caíram no chão, espalhando-se pela calçada.- Droga! - Luna murmurou, irritada, sem olhar para quem tinha esbarrado nela.Quando ela se abaixou para pegar os cadernos e levantou a cabeça, viu que era Darius. Ele passou direto, sem ao menos olhar para trás, nem se dignando a pedir desculpas.- Olha por onde anda, seu idiota! - Genevieve exclamou, irritada, apontando para ele enquanto se afastava.Darius não deu sequer uma reação, apenas seguiu seu caminho. Luna suspirou, tentando manter a calma.- Deixa pra lá, Genevieve - Luna disse, levantando-se e arrumando os cadernos na bolsa. - Parece que ele quer me evitar desde o dia em que me apresentei. Não respondeu quando falei com ele na sala.Genevieve parecia perplexa e, ainda irritada, balançou a cabeça.- Isso não é normal, Luna. Ele não é assim. Normalmente, ele teria se des
Luna entrou em casa e, ao fechar a porta atrás de si, um silêncio profundo tomou conta do ambiente. A casa estava vazia, a luz suave do entardecer filtrava-se pelas janelas. Ela subiu as escadas com um suspiro profundo, tentando se livrar das memórias inquietantes de seu dia.Ao chegar em seu quarto, jogou sua bolsa no tapete e se deixou cair na cama, sem forças para fazer mais nada. Mas algo dentro dela a impelia a não se deixar sucumbir ao cansaço, e com um suspiro, ela se levantou, foi até sua mesa e pegou seu diário.Era um caderno simples, mas com a capa vibrante em tons de vermelho, cheia de desenhos sutis de flores e corações entrelaçados, um presente de sua mãe. Luna havia ganhado o diário quando era mais jovem, quando pensava que nunca precisaria usar. Sua mãe sempre dizia que aquele caderno seria o lugar onde ela poderia colocar seus maiores sentimentos. Mas até hoje, Luna nunca sentira necessidade de escrever.Agora, no entanto, ela sentia uma necessidade imensa de desabafa
Naquela noite, mais uma vez, Luna não conseguiu dormir. Sentada na cama, encarando o teto escuro de seu quarto, ela se perguntou o que a mantinha acordada. Seus dias na mansão começaram a se ajeitar: Genevieve e Âmbar tornaram-se boas amigas, Ravena era uma companhia constante e acolhedora, e seu pai, mesmo sendo enigmático, demonstrava ser uma boa pessoa. Então, por que aquela inquietação?Depois de um longo suspiro, decidiu que ficar deitada não resolveria nada. Caminhou até a varanda de seu quarto, abraçando o ar fresco da noite. Quando ergueu os olhos, foi imediatamente capturada pela visão hipnotizante da lua cheia. Ela estava em seu ápice, grandiosa e brilhante, dominando o céu com sua majestade.Algo dentro de Luna se agitou ao encará-la. Era uma sensação estranha e inexplicável, como se aquela lua a estivesse chamando. Uma força desconhecida parecia crescer em seu peito, uma vontade impulsiva e primitiva que ela não entendia. Por um momento, sentiu um impulso quase irresistíve
Luna não desistiria tão fácil. Continuou correndo, agora mais lentamente, pensando em achar outra direção que a levasse de volta à mansão ou ao encontro da voz de Ravena.Depois de alguns minutos, um som ecoou na escuridão: uivos. Vários. Luna parou por um momento, assustada, mas não se deixou abater. Respirou fundo e seguiu o som. Quanto mais andava, mais se aproximava deles, sentindo a tensão crescer em seu peito.Seus passos diminuíram. O coração batia freneticamente quando uma claridade cortou a escuridão à sua frente. Fumaça. Ela sentiu o cheiro de lenha queimando e notou o brilho alaranjado de uma fogueira.Cautelosa, andou mais um pouco, mas logo recuou instintivamente. A cena à sua frente era intrigante e misteriosa. Parecia uma aldeia, ou talvez uma pequena vila escondida na floresta. Luna deu alguns passos para trás, tentando não ser vista, escondendo-se por entre as árvores.Observou em silêncio, sem acreditar no que seus olhos viam. Parecia uma festa ou uma reunião secreta
Darius era apenas um adolescente comum na tribo, ou pelo menos assim se via. Com 18 anos, prestes a completar 19, ele ainda não havia passado pela transformação, algo que todos esperavam com ansiedade, mas que ele não entendia completamente. Crescer em uma matilha, onde seu pai era o alfa, sempre fora uma experiência que o conectava a algo maior, mas até aquele momento, ele se via mais como um espectador do que um participante ativo das dinâmicas da matilha.Enquanto os mais velhos falavam com respeito e reverência sobre os eventos da transformação, Darius sentia uma mistura de curiosidade e receio. Ele sabia que, aos 19 anos, o processo de transformação seria inevitável para ele, e, ao contrário das fêmeas, que passavam pela mudança aos 18, os machos precisavam esperar um pouco mais. A pressão de se tornar um lobo completo, de finalmente assumir seu lugar como membro pleno da matilha, estava sempre presente, mas ele não sabia o que realmente significava até aquele momento.Atribuiçõe
Eliezer entrou na sala com uma expressão grave, os olhos fixos em Ranamés, que o aguardava de braços cruzados. Ambos sabiam que o que estavam prestes a discutir poderia mudar o curso das coisas para ambos os lados.- Você precisa entender, Ranamés, minha filha não será um perigo - disse Eliezer com firmeza. - Não importa o que aconteça, ela não trará problemas para sua alcatéia. Caso haja qualquer situação que eu perceba que fuja do controle, eu mesmo darei um fim nisso.Ranamés olhou para ele, a desconfiança escrita em seu rosto. A desconfiança era inevitável. A tensão entre lobos e vampiros nunca esteve tão alta. Mas o que realmente o incomodava era o segredo que pesava sobre ele. O fato de que Taynara e Luna, as duas jovens, poderiam ser irmãs. Isso, se descoberto, acabaria com tudo. Se alguém descobrisse, a paz entre as duas espécies cairia por terra.- Você entende o que está em jogo, Eliezer? - disse Ranamés, a voz baixa e grave. - Não podemos permitir que Taynara ou Luna descub
Darius estava no quarto de sua cabana, o ambiente tranquilo, mas o coração acelerado. Ele acabara de completar 19 anos, e naquela noite, a lua cheia iluminaria o céu, marcando o momento de sua primeira transformação. Ele já estava preparado, em sua bermuda, sem camisa, e com a túnica de seda branca em mãos, pronta para ser vestida. A túnica era um símbolo de paz e saúde, colocada momentos antes da transformação, para garantir que nada de errado acontecesse. Era tradição. Os homens usavam túnicas, e as mulheres, camisolas sem nada por baixo, representando pureza e uma conexão com a natureza.Quando estava prestes a colocar a túnica, a porta do quarto se abriu discretamente. Taynara entrou silenciosamente, seus passos leves como sempre. Ela se aproximou de Darius e, sem hesitar, o abraçou por trás, seus lábios tocando suas costas, com um beijo suave.- Está com medo, meu amor?perguntou ela, sua voz suave e cheia de preocupação.Darius, um pouco surpreso, olhou para frente, tentando man
Luna abriu os olhos lentamente, sentindo uma dor aguda na cabeça que a fez gemer baixinho. Tudo parecia embaçado por um momento, até que sua visão clareou o suficiente para perceber onde estava: em seu quarto. As paredes familiares e os móveis bem arrumados a reconfortaram, mas o peso da dor em sua cabeça a trouxe de volta à realidade. Ela tocou de leve no local do incômodo e sentiu as bandagens que cobriam sua testa.Ao lado de sua cama, Ravena, sempre diligente, ajeitava um prato de sopa fumegante e um copo de suco de morango no criado-mudo. A expressão dela era de alívio misturado com preocupação.- Que bom que a senhorita acordou - disse Ravena, lançando-lhe um sorriso. - Ficamos muito preocupados.Luna piscou algumas vezes, tentando se lembrar do que havia acontecido. Tudo parecia um borrão confuso em sua mente. A floresta. A escuridão. E aquela cena... algo assustador. Antes que pudesse organizar seus pensamentos, sua boca se abriu para perguntar:- O que... o que aconteceu? Eu