Enquanto Luna tentava terminar a sopa, os flashes daquela noite invadiam sua mente como uma tempestade de lembranças. A cena era clara demais para ser um sonho. A transformação, os uivos, os olhos brilhantes... Tudo aquilo era real. Ela sabia disso.No entanto, seus pensamentos foram interrompidos por uma leve batida na porta. Ravena entrou, com o mesmo semblante calmo de sempre, mas com uma postura que exalava preocupação.- Senhorita, já terminou? Precisa tomar o remédio e descansar pelo resto do dia. - Ravena disse, aproximando-se da cama.Luna olhou para o prato e o suco, ainda com um pouco de ambos. Sentia-se dividida, sua mente ainda lutando para entender o que havia acontecido na floresta.- Não consegui terminar tudo... - respondeu Luna, desviando o olhar.Ravena pegou a bandeja com cuidado e a colocou no criado-mudo ao lado da cama.- Tudo bem, mas precisa comer mais depois. Agora tome o remédio, vai ajudá-la com a dor de cabeça.De repente, Luna falou, sua voz firme e decidi
Enquanto Luna dormia após tomar o remédio, sua mente a transportava para um sonho tão real que ela podia sentir o cheiro da floresta e ouvir o som do vento nas folhas. No sonho, ela estava no centro de uma clareira, sob a luz prateada da lua cheia. Ao seu redor, figuras indistintas observavam em silêncio, formando um círculo.De repente, uma sensação estranha tomou conta de seu corpo. Ela sentiu seus ossos se contorcendo, a pele esquentando, enquanto algo dentro dela ganhava forma. Ela tentou gritar, mas o som que saiu de sua boca foi um uivo poderoso que ecoou pela floresta. Luna olhou para suas mãos e viu garras surgirem. Seus pés, agora patas, afundaram na terra macia. Ela havia se transformado em uma loba.Sua pelagem era de um cinza prateado, brilhando à luz da lua, e seus olhos, espelhados no reflexo de uma poça de água próxima, eram de um azul intenso e hipnotizante. Ela sentia-se poderosa, conectada à terra e ao céu.No entanto, a cerimônia não parecia terminar ali. De repente
Uma semana depois do acidente, Luna despertou cedo, sentindo-se revigorada após os dias de repouso. Determinada a retomar sua rotina, ela se arrumou para voltar às aulas, mas antes disso, sentou-se à mesa de seu quarto com seu diário aberto.Com a caneta em mãos, começou a registrar cada detalhe do que viu naquela noite na floresta. As imagens estavam gravadas em sua mente com uma nitidez que a fazia questionar cada explicação dada por Ravena e seu pai. Escreveu sobre a transformação que testemunhou, os uivos, os olhos brilhantes e a sensação estranha que a conectava de forma inexplicável àquele momento.No final da página, quase sem perceber, desenhou o rosto de um lobo. O olhar selvagem e poderoso que emergiu do papel parecia encará-la de volta, como se a desafiasse a desvendar os segredos que a cercavam.Por mais que insistissem que tudo não passara de um sonho causado pela pancada na cabeça, Luna sabia, no fundo, que aquilo era real. E, acima de tudo, sentia que aquilo era só o co
Alguém chamou Darius ao longe, e ele se afastou de Luna sem dizer mais nada. Confusa, Luna tentou organizar seus pensamentos, mas antes que pudesse se recompor, viu ao longe suas amigas Genevieve e Âmbar no refeitório, acenando para ela.Sem muito apetite, Luna decidiu não pegar comida, preferindo comer algumas frutas que Ravena havia preparado para ela mais cedo. Ao se aproximar das amigas, sentou-se à mesa com um suspiro, claramente agitada.— Vocês não sabem o que aconteceu... — começou, chamando a atenção das duas.Genevieve e Âmbar se inclinaram curiosas, os olhos brilhando de expectativa.— Conta logo! — Âmbar insistiu.Luna fez uma pausa, como se não acreditasse no que estava prestes a dizer.— Darius. Ele falou comigo.As duas arregalaram os olhos.— Darius? Do nada? — Genevieve perguntou, incrédula.— E ele disse o quê? — Âmbar quis saber.— Ele... se apresentou, pediu desculpas por ter me ignorado e por aquele dia na frente da escola. Como se nada tivesse acontecido! — Luna
A moto estacionou com um ronco suave em frente à imponente mansão dos Bolívar, onde Luna morava. Ela desceu com cuidado, retirou o capacete e sacudiu os cabelos, tentando organizar os fios enquanto agradecia a Darius. Ele, por sua vez, desceu da moto com calma, mantendo aquele olhar enigmático que a fazia sentir um misto de nervosismo e curiosidade.— Está entregue — disse Darius, com um leve sorriso, encarando-a de forma diferente, como se tentasse decifrá-la.Luna estendeu o capacete para ele, mas no instante em que os dedos deles se tocaram, ambos sentiram uma faísca incomum. Era como se uma corrente elétrica os conectasse, um toque breve, mas intenso. Luna recuou, sem jeito, e tentou disfarçar o impacto que aquilo causou.— Obrigada pela carona — disse ela, virando-se rapidamente para entrar no jardim da mansão.— Luna? — chamou Darius, interrompendo-a.Ela virou-se novamente, surpresa e ainda um pouco nervosa, encontrando mais uma vez aquele olhar profundo.— Me desculpe mais uma
O dia da festa na mansão Bolívar finalmente chegou, e Luna estava apreensiva. Para ela, não havia necessidade de uma recepção grandiosa apenas para apresentá-la à cidade, mas seu pai insistiu tanto que ela acabou cedendo.No momento, ela estava no quarto, sendo preparada por suas amigas Genevieve e Âmbar. As duas estavam empenhadas em deixar Luna impecável, ajustando cada detalhe de seu cabelo e maquiagem.— Se essa festa é para você, então você tem que ser a mais linda e deslumbrante de todas, Luna! — declarou Genevieve enquanto penteava cuidadosamente os cabelos da amiga.Âmbar, por sua vez, terminava de aplicar o batom. — Confie na gente, ninguém vai conseguir tirar os olhos de você hoje.Luna, sentada diante da penteadeira e vestindo apenas um roupão, observava o vestido ainda embalado sobre a cama. Era elegante e sofisticado, algo que ela nunca imaginou usar.Do corredor, veio uma leve batida na porta, seguida pelo rosto de Ravena, que perguntou educadamente: — Posso entrar?— Cl
Luna caminhava ao lado de Eliezer, tentando controlar o rubor que se espalhava pelo rosto. O salão estava deslumbrante, decorado com requinte, em tons de dourado e branco, refletindo o luxo e o prestígio dos Bolívar. Cada lustre parecia brilhar mais intensamente quando os olhos de Luna se voltavam para ele.Seus passos eram elegantes, mas a tensão era evidente. Ela olhava ao redor, procurando rostos conhecidos. Reconheceu alguns colegas da escola, que lhe lançavam olhares curiosos e admirados. Entre a multidão, suas amigas a observavam com sorrisos encorajadores. Apesar disso, muitos rostos permaneciam estranhos para ela, representando um mundo do qual nunca havia participado totalmente.Eliezer parou no centro do salão e atraiu a atenção de todos com um simples gesto. Sua presença era magnética, e sua voz grave e calorosa ecoou pelo espaço, chamando os convidados à atenção:— Pessoal, gostaria de lhes apresentar minha filha, Luna Bolívar, minha primogênita, fruto de um amor inabaláve
Eliezer lançou um olhar significativo para Luna, como se planejasse algo maior do que parecia.— Minha querida, por que não apresenta Myson às suas amigas? Ele também precisa se enturmar — sugeriu com um sorriso caloroso, mas seu tom deixava claro que não era exatamente um pedido.Luna hesitou por um momento. Não queria ser indelicada, mas a presença de Myson despertava nela um incômodo que não sabia explicar. Ainda assim, para não contrariar o pai, ela assentiu educadamente.— Claro, pai — respondeu, forçando um sorriso.Myson, por sua vez, parecia absolutamente à vontade, sua confiança irradiando enquanto ele acompanhava Luna.— Muito linda sua festa — comentou Myson, observando o salão decorado com elegância enquanto caminhavam.— Obrigada — respondeu Luna, mantendo a voz neutra. Por dentro, ela não conseguia ignorar o desconforto crescente. Havia algo nele, algo sombrio, que a fazia querer manter distância.Quando chegaram onde Genevieve e Âmbar estavam, Luna respirou fundo e tent