A moto estacionou com um ronco suave em frente à imponente mansão dos Bolívar, onde Luna morava. Ela desceu com cuidado, retirou o capacete e sacudiu os cabelos, tentando organizar os fios enquanto agradecia a Darius. Ele, por sua vez, desceu da moto com calma, mantendo aquele olhar enigmático que a fazia sentir um misto de nervosismo e curiosidade.— Está entregue — disse Darius, com um leve sorriso, encarando-a de forma diferente, como se tentasse decifrá-la.Luna estendeu o capacete para ele, mas no instante em que os dedos deles se tocaram, ambos sentiram uma faísca incomum. Era como se uma corrente elétrica os conectasse, um toque breve, mas intenso. Luna recuou, sem jeito, e tentou disfarçar o impacto que aquilo causou.— Obrigada pela carona — disse ela, virando-se rapidamente para entrar no jardim da mansão.— Luna? — chamou Darius, interrompendo-a.Ela virou-se novamente, surpresa e ainda um pouco nervosa, encontrando mais uma vez aquele olhar profundo.— Me desculpe mais uma
O dia da festa na mansão Bolívar finalmente chegou, e Luna estava apreensiva. Para ela, não havia necessidade de uma recepção grandiosa apenas para apresentá-la à cidade, mas seu pai insistiu tanto que ela acabou cedendo.No momento, ela estava no quarto, sendo preparada por suas amigas Genevieve e Âmbar. As duas estavam empenhadas em deixar Luna impecável, ajustando cada detalhe de seu cabelo e maquiagem.— Se essa festa é para você, então você tem que ser a mais linda e deslumbrante de todas, Luna! — declarou Genevieve enquanto penteava cuidadosamente os cabelos da amiga.Âmbar, por sua vez, terminava de aplicar o batom. — Confie na gente, ninguém vai conseguir tirar os olhos de você hoje.Luna, sentada diante da penteadeira e vestindo apenas um roupão, observava o vestido ainda embalado sobre a cama. Era elegante e sofisticado, algo que ela nunca imaginou usar.Do corredor, veio uma leve batida na porta, seguida pelo rosto de Ravena, que perguntou educadamente: — Posso entrar?— Cl
Luna caminhava ao lado de Eliezer, tentando controlar o rubor que se espalhava pelo rosto. O salão estava deslumbrante, decorado com requinte, em tons de dourado e branco, refletindo o luxo e o prestígio dos Bolívar. Cada lustre parecia brilhar mais intensamente quando os olhos de Luna se voltavam para ele.Seus passos eram elegantes, mas a tensão era evidente. Ela olhava ao redor, procurando rostos conhecidos. Reconheceu alguns colegas da escola, que lhe lançavam olhares curiosos e admirados. Entre a multidão, suas amigas a observavam com sorrisos encorajadores. Apesar disso, muitos rostos permaneciam estranhos para ela, representando um mundo do qual nunca havia participado totalmente.Eliezer parou no centro do salão e atraiu a atenção de todos com um simples gesto. Sua presença era magnética, e sua voz grave e calorosa ecoou pelo espaço, chamando os convidados à atenção:— Pessoal, gostaria de lhes apresentar minha filha, Luna Bolívar, minha primogênita, fruto de um amor inabaláve
Eliezer lançou um olhar significativo para Luna, como se planejasse algo maior do que parecia.— Minha querida, por que não apresenta Myson às suas amigas? Ele também precisa se enturmar — sugeriu com um sorriso caloroso, mas seu tom deixava claro que não era exatamente um pedido.Luna hesitou por um momento. Não queria ser indelicada, mas a presença de Myson despertava nela um incômodo que não sabia explicar. Ainda assim, para não contrariar o pai, ela assentiu educadamente.— Claro, pai — respondeu, forçando um sorriso.Myson, por sua vez, parecia absolutamente à vontade, sua confiança irradiando enquanto ele acompanhava Luna.— Muito linda sua festa — comentou Myson, observando o salão decorado com elegância enquanto caminhavam.— Obrigada — respondeu Luna, mantendo a voz neutra. Por dentro, ela não conseguia ignorar o desconforto crescente. Havia algo nele, algo sombrio, que a fazia querer manter distância.Quando chegaram onde Genevieve e Âmbar estavam, Luna respirou fundo e tent
Luna, ainda intrigada com o comportamento estranho de Myson, resolveu quebrar o silêncio mais uma vez.— Você parece tenso, Myson. Quer que eu pegue algo para você beber? — perguntou, com um sorriso leve e um olhar preocupado.Myson, lutando para manter a compostura, balançou a cabeça rapidamente.— Não, Luna, eu estou bem. Na verdade, deixe-me pegar algo para nós dois. — Ele tentou soar descontraído, embora sua voz ainda carregasse uma ponta de tensão. — O que você gostaria?Luna pensou por um momento e então respondeu:— Um suco de qualquer coisa... mas com uma pequena dose de gin, se puder.Myson assentiu com um sorriso contido, aproveitando a oportunidade para se afastar e recuperar o controle.— Claro, volto já.Ele deu um passo para trás e se virou, saindo da varanda com passos rápidos, mas elegantes. Cada movimento era meticulosamente calculado para evitar que sua tensão ficasse evidente.Ao entrar no salão novamente, Myson respirou fundo, aliviado por estar longe do aroma into
O interior da cabana era simples, mas acolhedor. Uma lamparina iluminava suavemente o ambiente, criando um brilho suave nas paredes de madeira. A cama, pequena e bem forrada, convidava ao descanso, enquanto o criado-mudo improvisado e a mesinha simples com alguns livros espalhados indicavam que ali era o refúgio de alguém que gostava de estudar ou simplesmente se esconder do mundo.— É aqui que eu me escondo quando quero fugir dos problemas. Ou até mesmo estudar. — Darius disse, com um tom tranquilo.— É um lugar acolhedor e lindo. Mas, por que me trouxe aqui? — Luna perguntou, curiosa, seus olhos ainda explorando cada canto da cabana.De repente, Luna colocou as mãos na boca e arregalou os olhos, com um tom de brincadeira, mas com um brilho de surpresa.— Não me diga que você é um serial killer? — Ela falou, a voz carregada de um tom de humor, mas com uma leve tensão que se formou no ar.Darius ficou sem reação por um momento, claramente surpreso e um pouco desconcertado.— O quê...
Na parede cavernosa daquele lugar escuro, algo estava gravado. O desenho era estranho, confuso, como se tivesse sido feito por mãos que não compreendiam totalmente o que estavam criando. As linhas eram tortuosas e pareciam se entrelaçar de forma quase caótica, mas havia algo profundamente familiar naquelas formas para Luna, algo que a fazia estremecer sem saber o motivo.O desenho parecia retratar figuras místicas, talvez antigas entidades ou símbolos que ela não compreendia. Ao centro, uma grande figura de olhos penetrantes, envolta por linhas espiraladas que pareciam se mover, sempre se aproximando dela. Era um símbolo enigmático, quase tribal, mas ao mesmo tempo com uma aura de algo desconhecido. Quando Luna fixou os olhos nele, uma dor súbita e insuportável explodiu em sua cabeça, como se mil agulhas perfurassem sua mente.Ela gemeu baixinho e suas mãos se apertaram contra as têmporas. A dor era tão forte que a fez se curvar, como se fosse incapaz de suportar aquele peso mental qu
Darius andou mais um pouco e, com cuidado, afastou uma cortina de folhas e plantas que caíam, revelando uma entrada discreta e cercada pela vegetação. Luna, intrigada, inclinou a cabeça ao ouvir um som familiar.— Isso é uma cachoeira? — ela perguntou, tentando enxergar além da cortina verde.— Veja você mesma! — Darius respondeu, dando um passo para o lado e indicando que ela poderia passar à frente.Ao atravessar a cortina de folhas, Luna ficou sem fôlego. O cenário diante dela era absolutamente deslumbrante. Era como entrar em um mundo diferente, um pedaço de paraíso escondido.O lugar era envolto por uma imponente montanha rochosa que parecia proteger aquele refúgio natural. Árvores altas formavam uma espécie de cúpula verde, com galhos que se entrelaçavam em harmonia, criando sombras dançantes sob a luz suave da lua. O céu acima era uma tapeçaria de estrelas, com a lua brilhando no centro, iluminando as águas cristalinas que refletiam seu brilho prateado.A cachoeira era o ponto