Primeiro dia de Aula

Após a conversa no escritório, Luna desceu as escadas, ainda assimilando a ideia de voltar para a escola. Já havia algumas semanas desde o acidente de sua mãe, e ela não tinha certeza de como se sentiria rodeada por tantas pessoas desconhecidas.

Eliezer estava esperando por ela no hall de entrada, segurando uma mochila preta simples e uma pilha de cadernos e livros encapados com cores sóbrias.

— Aqui estão seus materiais. Achei que precisaria de algo básico para começar — disse ele, estendendo o conjunto.

Luna aceitou os itens com um aceno de cabeça. A mochila parecia pesada, mas a preocupação maior não era o peso físico, e sim o que o dia traria.

— Eu achei que talvez... não fosse voltar para a escola — confessou, hesitante.

— Educação é essencial — respondeu Eliezer, categórico. — Além disso, será bom para você. Uma oportunidade de começar de novo, se adaptar.

Luna não quis prolongar a conversa. Apesar de tudo, sabia que ele estava certo. Então subiu para o quarto, trocou de roupa e voltou pronta, com o uniforme que já havia sido providenciado por Ravena na noite anterior.

Eliezer a levou até o carro, um sedan preto que combinava com a aura misteriosa dele. Enquanto dirigia pelas ruas de Lendcity, Luna observava as casas antigas e o movimento tranquilo da cidade. Era um lugar bonito, mas algo ali parecia escondido, quase como se cada esquina tivesse um segredo.

— Estamos chegando — anunciou Eliezer, tirando-a de seus pensamentos.

Ele estacionou em frente a um prédio de arquitetura neoclássica, com colunas brancas e um jardim bem cuidado na entrada. A placa dourada dizia: Colégio Ravenswood.

Eliezer saiu do carro e contornou até o lado dela, abrindo a porta.

— Vou levá-la até a diretora. É importante que faça uma boa primeira impressão — disse, enquanto caminhavam juntos até o prédio.

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Dentro do colégio

O corredor principal estava silencioso, exceto pelo eco dos passos deles no chão de mármore. Luna se sentia pequena, como se cada parede daquele lugar a estivesse observando. Quando chegaram à sala da diretora, Eliezer bateu na porta com firmeza.

Uma mulher alta e magra, de cabelos grisalhos impecavelmente presos em um coque, abriu a porta. Seu olhar era penetrante, como se pudesse ler pensamentos.

— Ah, senhor Bolívar. Que prazer revê-lo — disse ela, com um sorriso que não alcançava os olhos.

— Diretora Hawthorne — cumprimentou Eliezer com um leve aceno. — Esta é minha filha, Luna.

Luna sentiu o olhar da diretora passar por ela de cima a baixo, avaliando-a.

— Seja bem-vinda ao Ravenswood, senhorita Bolívar. Tenho certeza de que você se adaptará rapidamente — disse a diretora, com um tom quase ensaiado.

Após algumas formalidades, a diretora entregou a Luna um mapa da escola e seu horário de aulas.

— Agora, senhor Bolívar, se não se importa, preciso levar Luna até sua sala.

Eliezer hesitou por um momento, mas assentiu.

— Estarei esperando por você no final do dia — disse ele a Luna, antes de sair pela mesma porta que entraram.

A diretora a conduziu por corredores cheios de armários metálicos e portas de madeira. Quando chegaram à sala de aula, Luna sentiu uma onda de nervosismo.

— Aqui estamos. Entre, e se apresente — instruiu Hawthorne, antes de abrir a porta.

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Dentro da sala de aula

Luna entrou, sentindo dezenas de pares de olhos se voltarem para ela. O murmúrio dos alunos cessou, e o silêncio a envolveu como uma manta pesada.

— Classe, esta é Luna Bolívar, nossa nova aluna — anunciou a diretora, com um sorriso estranhamente formal.

Luna tentou parecer confiante, mas seu coração estava acelerado. Ela acenou de leve, sentindo-se vulnerável.

— Pode se sentar ali, ao lado do senhor Mathewook — disse a diretora, apontando para um lugar vazio no fundo da sala.

Ao olhar para onde a diretora apontava, Luna viu um garoto alto, de cabelos castanhos desgrenhados e olhos de um castanho profundo que quase brilhavam. Ele tinha um sorriso que parecia amistoso, mas havia algo em sua postura que fez os pelos de sua nuca se arrepiarem.

Ela caminhou até o lugar indicado e se sentou, tentando ignorar os sussurros ao redor.

— Oi, eu sou Darius Mathewook — disse o garoto ao lado dela, inclinando-se um pouco para sussurrar. — Seja bem-vinda.

Luna sentiu o tom dele quase musical, mas algo em sua voz parecia vibrar de um jeito estranho. Mesmo sem saber por quê, ela se sentiu desconfortável. Contudo, respondeu com um leve sorriso.

— Obrigada.

Ele sustentou o olhar por mais um segundo antes de se afastar, voltando a prestar atenção no que o professor dizia. Mas, de alguma forma, Luna sabia que ele ainda a observava de soslaio, como se soubesse algo sobre ela que nem ela mesma sabia.

Lá no fundo, uma sensação incômoda começou a crescer, a mesma que ela sentira na noite anterior. Ela tentou afastar os pensamentos, mas era impossível ignorar a intensidade daqueles olhos, como se eles guardassem um segredo.

Luna se sentou ao lado de Darius, sentindo a tensão pairar no ar. Ele estava inclinado sobre o caderno, rabiscando distraidamente, os traços longos e fluidos de sua escrita quase hipnotizantes. Seus cabelos negros e longos caíam levemente sobre o rosto, escondendo parcialmente os olhos castanhos que, por alguma razão, pareciam tão familiares para Luna.

Ela se ajeitou na cadeira, o nervosismo subindo por sua espinha. "Você consegue, Luna. É só uma apresentação," pensou.

Luna respirou fundo, tentando ignorar a sensação de desconforto que pairava no ar.

— Oi, eu sou Luna. — Sua voz saiu tímida, quase como um sussurro.

O garoto ao seu lado não ergueu os olhos imediatamente. Ele continuou rabiscando algo no caderno, como se ela sequer estivesse ali. Luna sentiu o rosto esquentar com o silêncio prolongado, mas decidiu que não insistiria.

"Talvez ele só não queira conversar," pensou, tentando afastar a sensação de rejeição. Ela se virou para a frente, abrindo o livro que a professora havia solicitado e se forçando a focar na explicação.

Ainda assim, não conseguiu evitar de lançar alguns olhares furtivos para o garoto ao seu lado. Ele tinha os cabelos negros e longos, caindo de forma displicente sobre o rosto, e os olhos castanhos pareciam esconder algo profundo, quase como se fossem espelhos de outra vida. Algo nele parecia... familiar.

"Estou imaginando coisas," disse a si mesma, balançando levemente a cabeça. Com um suspiro, ela voltou sua atenção para a aula, lutando para ignorar a presença quase magnética ao seu lado.

Darius, no entanto, a observava discretamente pelo canto do olho. Ele podia sentir algo diferente em Luna, algo que fazia sua pele arrepiar e seu coração pulsar de maneira estranha. Mas, assim como ela, ele optou por permanecer em silêncio.

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