Luar Proibido - A Luna Proibida do Alfa
Luar Proibido - A Luna Proibida do Alfa
Por: Wilma G Silva
Bem vinda a Lendcity

Bem vinda a Lendcity

A estrada estava vazia, com árvores imponentes à margem e um céu cinza pesado acima. Luna olhava pela janela do carro, os olhos marejados, mas já sem lágrimas. A dor da perda da mãe ainda estava cravada em seu peito, mas já fazia parte de seu ser, como uma cicatriz que, por mais que doída, era impossível de ignorar. O luto a engolia, e cada quilômetro que a afastava de sua antiga vida em Nova York parecia mais um peso em seus ombros.

Ela nunca havia conhecido seu pai, Eliezer Bolívar. Nunca teve motivo para isso, até agora. A carta, com palavras frias, mas que, de alguma forma, sentiu o peso de uma tentativa de conexão, foi o que a levou até aqui. Ele, um homem desconhecido, que sua mãe sempre evitou mencionar. Ela sequer sabia o que esperar de Lendcity, uma cidade que parecia mais uma lenda do que um lugar real. O que ela sabia era que ali, em algum lugar, estava o homem que deveria ser seu pai.

O carro parou em frente a uma casa grande, mas antiquada, com o portão de ferro forjado que parecia resistir ao tempo. O imóvel estava imerso em um ambiente de silêncio, uma estranha sensação de expectativa pairava no ar. Luna se sentiu como uma estranha, uma intrusa. O luto ainda a consumia, mas ela não tinha escolha. Não havia como voltar atrás.

Ela suspirou e, sem dizer uma palavra ao motorista, saiu do carro e caminhou até a porta. O som de seus passos ecoava, mas parecia abafado, como se a própria cidade estivesse de luto. Ela ergueu a mão, hesitante, e bateu três vezes, como a carta pedira. Cada batida soava como um tambor, marcado por uma sensação de incerteza.

A porta se abriu lentamente, revelando um homem alto, de olhar frio e penetrante, com cabelos escuros e uma presença que parecia controlar o espaço ao seu redor. Seus olhos eram escuros, mas havia algo misterioso neles, algo que Luna não conseguia identificar.

— Você é Luna Bolívar? — Sua voz era profunda, mas ao mesmo tempo tinha uma estranha suavidade.

Luna sentiu uma pontada no peito ao ouvir seu nome ser pronunciado por aquele homem. Ele era tão diferente de tudo o que ela imaginava. Mas, ao mesmo tempo, sentiu um leve desconforto, como se ele fosse mais do que apenas um estranho.

— Sim. — Ela respondeu com a voz embargada. — O...Oi, me chamo Luna. Você deve ser Eliezer Bolívar?

Ele assentiu levemente, antes de dar espaço para ela entrar. — Bem-vinda a minha casa.

O interior era sombriamente imponente, com móveis antigos e uma decoração que parecia saído de um tempo longínquo. Tudo ali tinha uma aura de mistério, como se os próprios objetos estivessem cheios de segredos que apenas ele conhecia.

— Eu... Eu não sabia o que esperar. — Luna murmurou, olhando ao redor. — Tudo isso é tão... diferente.

— É, pode ser um pouco estranho no começo. — Respondeu Eliezer, suas palavras repleta de algo que ela não conseguia identificar. Ele se virou, como se quisesse dar a ela espaço para explorar, mas ela o observou atentamente, tentando ler sua expressão. Ele parecia calmo, mas seu olhar estava distante, como se estivesse em um lugar muito além daquelas paredes.

— Eu sinto muito pela sua mãe. — ele disse de repente, e Luna sentiu um arrepio percorrer sua espinha. — Ela não queria que você soubesse sobre mim, não queria que você viesse aqui.

— Eu... não sabia nada sobre você — Luna respondeu, a dor em sua voz agora misturada com confusão. — A carta foi o único contato que tive. Ela nunca mencionou você. Por que você nunca me procurou?

Eliezer a observou por um momento, como se ponderasse a melhor forma de responder. Por fim, ele disse: — Há coisas que não se podem explicar facilmente, um dia você saberá de tudo.

Luna sentia que algo mais estava acontecendo, algo que ela ainda não conseguia entender. Seu instinto dizia que havia muito mais nessa história do que ela imaginava, mas ela não sabia por onde começar a questionar.

— Eu não sei o que isso significa para mim... viver aqui. — ela sussurrou, a voz embargada pelo medo do desconhecido.

— Você vai se acostumar disse Eliezer, com um tom mais suave, como se estivesse tentando dar-lhe conforto. — Vamos dar um passo de cada vez, quero que se sinta a vontade, pois a partir de hoje, esta casa também é sua.

Luna apenas assentiu, ainda sem coragem de dizer mais nada. Eliezer observou sua expressão por um instante antes de virar-se e dizer:

— Venha, vou lhe mostrar onde você vai dormir.

Ela o acompanhou pelos corredores longos da casa, onde os passos ecoavam no piso de madeira impecável. As paredes exibiam quadros antigos, de tons sombrios, com paisagens nebulosas e figuras que pareciam pertencer a outra era.

Eliezer abriu uma porta no final do corredor.

— Este será seu quarto.

Ao entrar, Luna ficou surpresa. O quarto era antiquado, mas luxuoso, como algo saído de um romance antigo. A cama de dossel, com cortinas de tecido aveludado vinho, era o centro da atenção. Os móveis de madeira escura, polidos até brilharem, tinham detalhes esculpidos à mão, que lembravam folhas e galhos entrelaçados. Um espelho oval de moldura dourada estava preso à parede, refletindo a luz suave de um lustre de cristal que pendia do teto.

Havia um tapete espesso, de tons quentes, cobrindo parte do chão, enquanto uma poltrona estofada de veludo azul repousava ao lado de uma mesinha com um abajur antigo, cuja luz amarelada iluminava delicadamente o ambiente. A uma das laterais, uma porta dupla de madeira dava acesso a um closet espaçoso, com prateleiras altas e cabideiros cheios de roupas que Luna não reconhecia como suas. Ao lado oposto, havia outra porta que levava à suíte.

A suíte era um espetáculo à parte. O piso era de mármore branco, com detalhes em preto, e o banheiro tinha uma banheira clássica de pés dourados, além de um chuveiro moderno cercado por paredes de vidro fosco. Um espelho grande com moldura prata estava acima da pia, e pequenos vasos de flores secas decoravam o espaço, combinando com o aroma suave de lavanda que pairava no ar.

— Espero que você se sinta confortável aqui. — Disse Eliezer, enquanto observava a expressão de Luna.

Ela ainda estava admirada, mas sua desconfiança e receio eram visíveis.

— É... diferente — murmurou, tentando escolher as palavras certas.

Eliezer apenas assentiu, como se entendesse o que ela queria dizer, e deu um passo em direção à porta.

— Vou deixá-la sozinha para que organize suas coisas. Se precisar de algo, pode me chamar.

Luna não respondeu de imediato, apenas o observou sair e fechar a porta atrás de si. O silêncio tomou conta do quarto.

Ela olhou ao redor mais uma vez, ainda tentando processar tudo aquilo. Era difícil acreditar que agora estava ali, longe de tudo o que conhecia, com um homem que deveria ser seu pai, mas que era, na verdade, um completo estranho.

Sem vontade de arrumar as malas, Luna sentou-se à beira da cama. O toque do tecido macio e a firmeza do colchão eram reconfortantes.

Com um suspiro pesado, ela abriu uma das malas e puxou de dentro um pequeno porta-retrato. A foto mostrava ela e sua mãe, sorrindo em um dia ensolarado no parque. Aquela era uma das poucas lembranças felizes que ela tinha.

As lágrimas vieram sem aviso, descendo por seu rosto enquanto ela apertava o porta-retrato contra o peito.

Ela deitou-se na cama, ainda segurando a foto, e fechou os olhos. O tecido do cobertor acariciava sua pele, e o perfume de lavanda no quarto parecia envolvê-la, como um abraço suave.

— Eu queria que tudo isso fosse um pesadelo. — Sussurrou para si mesma, antes de o sono finalmente levá-la.

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