Capítulo 63

DAVINA

A chuva fina escorria pelas laterais do meu rosto, pequenas gotas frias que se misturavam ao calor da raiva fervendo sob minha pele. As luzes fracas dos postes piscavam, projetando sombras alongadas na rua vazia. Meus cotovelos descansavam sobre os joelhos dobrados, os dedos tamborilando impacientes contra a calça de couro encharcada. O batom rosa pink contrastava com a escuridão da noite, uma cor vibrante em meio ao cinza ao meu redor. Escolhi ele para parecer durona, bem, eu também precisava de algo chamativo para desviar a atenção do meu rosto de zumbi, as olheiras escuras.

Havia quase um mês desde que Gutemberg soltou a bomba. Pryia havia sido traficada. Palavras que caíram como um soco no meu peito, roubando meu ar, minha sanidade. Eu tentei. Tentei ir até a delegacia, pedir ajuda, contar tudo. Mas na primeira vez, não consegui entrar. Na segunda, minhas pernas se moveram até lá, mas minha boca não conseguiu formar uma frase. Medo? Pânico? Eu não sabia. Só sabia que ningué
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