Quem falava era Ophelia Brown, melhor amiga de Fiona e herdeira de um grande grupo empresarial.

Ophelia e Fiona cresceram juntas. Desde sempre, Ophelia era uma das maiores apoiadoras do relacionamento entre Fiona e Orson. Agora, com Zara ocupando o lugar de Sra. Harris, Ophelia obviamente não nutria bons sentimentos por ela.

Quando Ophelia viu Zara parada na porta, seu semblante continuava impassível, sem qualquer sinal de constrangimento ou desconforto.

Foi Fiona quem quebrou o silêncio, chamando-a com suavidade:

— Irmã, você veio?

Zara apenas assentiu com a cabeça.

— Vim te buscar. Já arrumou suas coisas?

— Já sim. Vamos.

Fiona respondeu de forma dócil, enquanto Zara se mantinha séria. Ophelia, no entanto, não conseguiu segurar a língua:

— Sra. Harris, e o Sr. Orson? Hoje é o dia da alta da Fiona e ele não veio buscá-la?

— Ele foi para a empresa. — Respondeu Zara, com tranquilidade.

— Ah, parece que ele está muito ocupado. Só não sei se está tão ocupado assim ou se foi você quem não deixou ele vir.

As palavras de Ophelia foram diretas e afiadas. Fiona, percebendo o tom da conversa, tentou intervir com uma voz baixa:

— Ophelia, por favor, não diga isso.

Mas Ophelia apenas soltou um riso frio.

— Por que não? Será que ela está se sentindo culpada?

Zara, no entanto, permaneceu calma. Sem levantar a voz, pegou o celular, abriu a lista de contatos, encontrou o número de Orson e estendeu o aparelho para Ophelia.

— O que é isso? — Perguntou Ophelia, desconfiada.

— Você está curiosa, não está? Ligue para ele você mesma.

— Você…

Ophelia estava prestes a explodir, mas Fiona rapidamente segurou sua mão e balançou a cabeça, pedindo:

— Não brigue com minha irmã.

Ophelia bufou, claramente irritada.

— Só você mesmo para ser tão boazinha. É por isso que deixam você de lado e pisam em você!

Zara não deu ouvidos. Pegou a mala de Fiona e começou a caminhar à frente sem olhar para trás.

Assim que entraram no carro, o celular de Zara tocou. Era Vera Avery.

— Você foi buscar a Fio? — Diante da própria filha, a voz de Vera carregava uma tensão claramente perceptível.

— Sim.

— Ela está bem? O médico disse que foi por causa da alimentação desregrada. Seu pai e eu estamos no exterior e não conseguimos voltar imediatamente. Quando ela chegar, cuide bem dela, entendeu?

— Entendi.

A resposta de Zara foi breve e calma. Do outro lado da linha, Vera fez uma pausa, como se percebesse o tom frio da filha, antes de acrescentar:

— Afinal, você é a irmã mais velha.

Zara apertou o volante com mais força. Algo dentro dela parecia querer explodir, mas ela se conteve. Com a voz baixa, respondeu:

— Entendido. Mais alguma coisa?

Após um breve silêncio, Vera concluiu:

— Passe o telefone para a Fiona.

— Claro.

Zara entregou o celular para Fiona, que estava no banco de trás. Assim que atendeu, a voz de Fiona mudou completamente.

— Mamãe! — Chamou ela, com uma doçura que contrastava com a rigidez de Zara.

Enquanto Fiona falava com Vera, Zara manteve os olhos na estrada, sem se virar, seu rosto inexpressivo. Prendeu o cinto de segurança e ligou o carro.

…

— Srta. Fiona chegou!

Quando o carro estacionou na frente da mansão, Ivone, a governanta, correu para recebê-los. Seu rosto transparecia alegria.

— Ivone, quanto tempo! — Respondeu Fiona, sorrindo.

— Tempo demais! Você está ainda mais linda! Ah, preparei seu arroz de carreteiro preferido. Quero que coma bastante hoje!

Enquanto Ivone puxava Fiona pela mão e a levava para dentro, Zara permaneceu em segundo plano, quase invisível. Como de costume. Apenas pediu a um dos empregados para levar as malas de Fiona até o quarto de hóspedes e, em seguida, foi para o próprio quarto.

Já sozinha, Zara pegou seu tablet e começou a trabalhar. No entanto, não demorou muito para ouvir a voz de Fiona chamando por ela.

— Irmã, você está aqui!

Zara virou-se imediatamente. Fiona olhou ao redor do quarto, observando cada detalhe, até que perguntou, sem rodeios:

— Irmã, você e o cunhado… Estão dormindo em quartos separados?