Quem falava era Ophelia Brown, melhor amiga de Fiona e herdeira de um grande grupo empresarial.Ophelia e Fiona cresceram juntas. Desde sempre, Ophelia era uma das maiores apoiadoras do relacionamento entre Fiona e Orson. Agora, com Zara ocupando o lugar de Sra. Harris, Ophelia obviamente não nutria bons sentimentos por ela. Quando Ophelia viu Zara parada na porta, seu semblante continuava impassível, sem qualquer sinal de constrangimento ou desconforto.Foi Fiona quem quebrou o silêncio, chamando-a com suavidade:— Irmã, você veio?Zara apenas assentiu com a cabeça.— Vim te buscar. Já arrumou suas coisas?— Já sim. Vamos.Fiona respondeu de forma dócil, enquanto Zara se mantinha séria. Ophelia, no entanto, não conseguiu segurar a língua:— Sra. Harris, e o Sr. Orson? Hoje é o dia da alta da Fiona e ele não veio buscá-la?— Ele foi para a empresa. — Respondeu Zara, com tranquilidade.— Ah, parece que ele está muito ocupado. Só não sei se está tão ocupado assim ou se foi você quem não
Às sete da noite, Orson voltou pontualmente à mansão. Fiona estava na sala de estar naquele momento. Assim que o viu, deu alguns passos à frente, apressada. — Cunhado! Você voltou! Orson lançou-lhe um leve sorriso, erguendo os olhos logo em seguida. Zara, que observava a cena em silêncio, apertou os lábios e caminhou até ele para pegar o casaco que ele tirava. — O jantar está pronto. — Disse Zara, com o tom reservado de sempre. Na mesa, enquanto todos começavam a comer, Fiona olhou de relance para Zara antes de baixar o tom de voz: — Desculpa, cunhado. Estar aqui não está atrapalhando você e minha irmã? — Perguntou Fiona, com uma expressão hesitante. — Eu até falei pra mamãe que podia ficar sozinha, mas ela não quis deixar... — Não tem problema. — Respondeu Orson, sem hesitar. — Fique aqui o quanto precisar. Se precisar de algo, é só falar. — Sério? Não vai ser um incômodo? — Claro que não. — Srta. Fiona, a sua presença só traz alegria pra esta casa! — Comentou Iv
Zara sentiu o corpo estremecer e, num instante, abriu os olhos. Suas mãos se moveram com força, tentando empurrá-lo. Mas Orson parecia alheio a tudo. Com um movimento rápido e decidido, segurou os pulsos dela e a pressionou contra a parede. Seus gestos eram tão firmes e autoritários quanto sempre foram. Zara quis soltar um grito, mas algo lhe passou pela mente, e ela engoliu o som antes que escapasse. O barulho do chuveiro continuava, abafando qualquer ruído. Fora do banheiro, Fiona parecia não ter percebido nada e ainda insistia: — Cunhado? Zara virou o rosto para encarar Orson. Seu rosto estava vermelho — talvez pela raiva, talvez por outro motivo. Seus olhos estavam arregalados, carregados de emoção. Era um contraste gritante com sua habitual calmaria. Ela parecia mais viva do que nunca. Orson, ao vê-la assim, intensificou os movimentos, como se estivesse descarregando algo que carregava dentro de si. Seus corpos, perfeitamente sincronizados, levaram Zara a um clímax i
Fiona cresceu junto com Orson, então conhecia a Mansão Harris muito melhor do que Zara. Assim que entrou na casa, caminhou animada em direção a Paula, com um sorriso caloroso: — Vovó! — Meu Deus, é a Fiona? — Exclamou Paula, visivelmente contente. — Deixa eu ver... Você está mais magra de novo, não está? — Não estou, não, vovó. — Respondeu Fiona, rindo. — Olha só, fiz acarajé pra você! — Que menina querida, sempre tão atenciosa! As duas conversavam animadamente, com Paula exibindo um sorriso radiante. Mas, no momento em que Zara se aproximou, o sorriso de Paula diminuiu consideravelmente. Zara, fingindo não notar a mudança, cumprimentou-a formalmente: — Olá, vovó. Paula a olhou por um instante, como se quisesse dizer algo mais, mas Zara desviou o olhar rapidamente e chamou alguém que estava na escada: — Sogra. — Sra. Marta! — Fiona, que estava apoiada no ombro de Paula, endireitou-se de imediato ao avistar Marta. Seus olhos demonstravam um misto de respeito e ap
Orson chegou em casa antes do jantar.Ao ver o neto, Paula imediatamente abriu um sorriso caloroso. Segurou firme as mãos de Orson, enchendo-o com perguntas e preocupações.— Orson, você está mais magro de novo. — Comentou Paula, com um tom de descontentamento. — Olhe para você, menino! Como é que está vivendo? Parece até que perdeu mais peso do que antes de casar. Sua esposa não está cuidando de você direito?Aquelas palavras, embora ditas em tom casual, apontavam diretamente para Zara.Antes que Zara pudesse responder, Fiona se apressou em intervir:— Vó, não pense assim da minha irmã! Ela anda tão ocupada ultimamente, sabia? Ouvi dizer que ela está para lançar mais um quadrinho. A senhora não reparou que ela também emagreceu bastante? Ontem mesmo, fiquei morrendo de pena só de olhar para ela.Apesar de soar como uma defesa, as palavras de Fiona tinham um tom ambíguo, que deixava no ar uma sensação de desconforto. Zara, claro, entendeu perfeitamente as intenções escondidas.Paula, ao
— Cunhado, obrigada por ter me ajudado agora há pouco. — No caminho de volta, Fiona, sentada no banco traseiro do carro, não parava de falar. — Eu nunca imaginei que minha mãe fosse falar sobre isso com a Sra. Marta. Quase morri de susto! Ainda bem que você me defendeu. Senão, eu não saberia o que fazer… Não quero me casar tão cedo.Orson dirigia em silêncio. Limitou-se a soltar um leve "hum", como resposta.Seu tom parecia despreocupado, até indiferente, mas Fiona sabia que ele era assim mesmo, então não se incomodou. Em vez disso, virou-se para Zara, que estava no banco do passageiro:— Ah, irmã, o que a Sra. Marta falou com você lá em cima?— Nada demais. — Respondeu Zara, sem sequer tentar disfarçar o tom desinteressado.Fiona fez um biquinho, visivelmente insatisfeita, mas logo continuou:— Certo… Ah, lembrei! Irmã, você sabia que o Evander vai voltar para o país?Assim que terminou a frase, Zara não conseguiu esconder a mudança sutil em sua expressão. Naquele momento, o semáforo
Zara continuava sentada no banco do carona.Ela achava que já tinha se tornado insensível a muitas coisas, mas naquele momento, uma dor aguda atravessava seu peito como se algo estivesse corroendo por dentro.De repente, uma memória antiga tomou conta de seus pensamentos. Foi logo depois que ela voltou a morar com a família Garcia. Zara se lembrava com clareza. Naquele dia chovia, e sua mãe havia ido buscá-la na escola junto com Fiona. No caminho de volta, eles sofreram um acidente de carro.O acidente não foi grave, mas o motorista, tentando evitar um veículo que vinha atrás, acabou jogando o carro contra o canteiro central.Naquele momento, a cabeça de Zara bateu contra o vidro, e ela perdeu a consciência. Mas, mesmo desmaiada, ela ainda conseguia ver, como em um sonho confuso, sua mãe a ignorando completamente e abraçando Fiona enquanto chorava desesperada.Foi naquele dia que Zara entendeu. Eles a haviam trazido de volta porque ela tinha o sangue deles, mas, no fundo, Fiona era a
Zara não se lembrava de quanto tempo fazia desde a última vez que alguém lhe perguntou aquilo. Na verdade, nem ela mesma se permitia perguntar se estava feliz.A resposta era óbvia. Mas, ainda assim, ela respondeu sem hesitar:— Estou feliz.— Que bom. — Evander disse, mas logo ficou em silêncio.— Se não tiver mais nada, vou desligar. — Acrescentou Zara.— Tudo bem. — Ele concordou rapidamente, mas, quando Zara já ia encerrar a chamada, ele falou novamente. — Eu sinto muito por ter ido embora sem avisar naquela época. Esses anos fora foram duros, mas eu pensei muito em você. Está tarde, descanse bem.Depois de dizer isso, ele desligou.Zara ficou parada nos degraus, segurando o celular, imóvel por alguns instantes. Só então virou-se devagar e voltou para o quarto.Naquela noite, Orson não foi atrás dela, mas, mesmo assim, Zara não conseguiu descansar direito.Talvez fosse a ligação de Evander que a tivesse deixado inquieta. A noite inteira ela sonhou.Nos sonhos, ela voltou para os pr