Labirinto Ardente
Labirinto Ardente
Por: Clara Monteiro
Capítulo 1
O calor dentro do quarto só terminou de vez duas horas depois.

O som da água vindo do chuveiro preenchia o ambiente, enquanto Zara Garcia, após alguns minutos de descanso, finalmente se levantava da cama. Suas pernas ainda tremiam, e ela se abaixou para pegar as roupas espalhadas pelo chão.

As ações dele naquela noite tinham sido um pouco mais intensas do que o habitual, a ponto de sua mente ainda parecer vazia. Tentou abotoar o pijama várias vezes, mas seus dedos trêmulos falhavam repetidamente.

Logo, o homem saiu do banheiro. Sua figura era alta e imponente, os traços do rosto fortes sem perder a beleza. Envolto apenas por uma toalha amarrada na cintura, gotículas de água deslizavam lentamente por seus músculos definidos, escorrendo pelo abdômen até desaparecerem.

Ao notar que Zara ainda estava ali, ele franziu levemente as sobrancelhas.

Zara, por sua vez, evitou olhá-lo diretamente. Mantendo o olhar fixo no botão do pijama, continuou travando sua pequena batalha silenciosa.

— Amanhã a Fiona recebe alta do hospital. — Disse ele, passando por ela sem sequer parar. — Quero que você vá buscá-la. Já prometi à sua mãe que ela vai ficar aqui por um tempo.

Os dedos de Zara, que lutavam com o botão, pararam imediatamente. Ela se virou para encarar o homem atrás de si.

Aquele era Orson Harris, seu marido há dois anos, herdeiro do império do Grupo Harris.

E Fiona Garcia, mencionada por ele, era a irmã de criação de Zara, sem qualquer laço sanguíneo.

Quando tinha cinco anos, Zara se perdeu em um parque de diversões. Só foi encontrada aos dezesseis anos pela família Garcia.

Naquela época, os Garcia já haviam adotado outra menina para ocupar o lugar da filha desaparecida. Essa menina era Fiona.

O pai de Zara explicou que, nos primeiros anos após seu desaparecimento, sua mãe ficou tão abalada que ele não teve escolha senão adotar uma criança do orfanato para preencher o vazio.

Agora, com Zara de volta, a família finalmente estava reunida.

Mas a tão sonhada reunião não foi tão feliz quanto ela imaginava.

Os primeiros dez anos de Zara foram vividos no interior, enquanto Fiona cresceu sob os cuidados rígidos e luxuosos dos Garcia, aprendendo dança, pintura e piano.

Mais importante ainda: Fiona era a prometida de Orson Harris, graças a um acordo entre as famílias. Antes de Zara aparecer, Fiona era a noiva oficial, a garota que cresceu ao lado dele, a “alma gêmea” que todos esperavam que se casasse com Orson.

Tudo isso mudou quando Zara reapareceu.

Lembrando do passado, os pensamentos de Zara ficaram confusos por alguns instantes. Mas logo ela afastou as lembranças e desistiu de tentar fechar os botões. Fechou o pijama cruzando as partes da frente e respondeu, com simplicidade:

— Entendido.

Sem dizer mais nada, ela saiu do quarto.

No final do corredor ficava o quarto de Zara.

No primeiro dia de casamento, Orson deixou claro que não gostava de dividir a cama com ninguém.

Zara entendeu a mensagem imediatamente. Sem fazer perguntas ou criar problemas, pegou suas coisas e foi direto para o quarto de hóspedes no final do corredor.

Zara sempre soube se portar. Como agora, quando ele decidiu que Fiona ficaria na casa sem nem ao menos consultá-la. Ela não perguntou nada, não reclamou.

Afinal, esta era a casa dele. Se ele quisesse receber uma hóspede ou até mesmo trocar a dona da casa, ninguém teria coragem de contestá-lo.

E como sua “esposa”, Zara sabia que também não tinha esse direito.

No dia seguinte, Zara dirigiu sozinha até o hospital.

Ao chegar em frente ao quarto, o som das vozes lá dentro foi a primeira coisa que ouviu.

— Então, hoje é o próprio Sr. Orson que vem te buscar?

— Não sei. — Respondeu Fiona, com sua voz doce e suave. — Mas ele é tão ocupado... Acho que não viria, né?

— Ah, isso eu duvido! Quem você é, hein? Se não fosse pela Zara ter aparecido do nada, você é quem deveria ser a Sra. Harris! Todo mundo sabe que o Orson gosta de você desde sempre.
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