Capítulo 4
Zara sentiu o corpo estremecer e, num instante, abriu os olhos. Suas mãos se moveram com força, tentando empurrá-lo.

Mas Orson parecia alheio a tudo. Com um movimento rápido e decidido, segurou os pulsos dela e a pressionou contra a parede. Seus gestos eram tão firmes e autoritários quanto sempre foram.

Zara quis soltar um grito, mas algo lhe passou pela mente, e ela engoliu o som antes que escapasse.

O barulho do chuveiro continuava, abafando qualquer ruído. Fora do banheiro, Fiona parecia não ter percebido nada e ainda insistia:

— Cunhado?

Zara virou o rosto para encarar Orson.

Seu rosto estava vermelho — talvez pela raiva, talvez por outro motivo. Seus olhos estavam arregalados, carregados de emoção. Era um contraste gritante com sua habitual calmaria. Ela parecia mais viva do que nunca.

Orson, ao vê-la assim, intensificou os movimentos, como se estivesse descarregando algo que carregava dentro de si. Seus corpos, perfeitamente sincronizados, levaram Zara a um clímax inevitável.

Do lado de fora, Fiona continuava falando, mas para Zara, as palavras eram apenas um som distante.

Então, quando Orson a pressionou novamente, ela não conseguiu segurar e deixou escapar um gemido. Foi o suficiente para que o silêncio finalmente caísse do outro lado da porta.

Zara percebeu o que havia acontecido e apertou as mãos com força. Nesse momento, Orson a segurou e a ergueu em seus braços.

Com um movimento suave, ele inclinou o corpo, e o ombro dele ficou na altura exata de seus lábios. Sem pensar duas vezes, Zara mordeu.

Não foi uma mordida cheia de força. Era mais um desabafo silencioso, carregado de mágoa e ressentimento. Mas, mesmo assim, seus dentes logo afrouxaram, como se ela desistisse de lutar.

Quando levantou os olhos, encontrou o olhar intenso de Orson sobre ela. Os olhos dele pareciam mergulhar em sua alma, analisando cada canto escondido.

Zara não disse nada. Apenas virou o rosto, fugindo do olhar que a desarmava.

Mas Orson não aceitou a distância. Com firmeza, segurou o queixo dela e, sem hesitar, a beijou novamente.

Uma noite de paixão e exaustão passou como um borrão.

Quando Zara se deu conta, já estava de volta ao quarto. Ela não sabia ao certo como tinha chegado até ali. Assim que seu corpo tocou a cama, o sono a dominou completamente.

Na manhã seguinte, foi Ivone quem a acordou.

— Sra. Harris, hoje é o dia de voltar para a Mansão Harris. — As palavras fizeram Zara despertar de imediato.

Ivone continuou:

— A Srta. Fiona já está de pé há horas. Inclusive, preparou o café da manhã para o Sr. Orson.

Havia uma ponta de descontentamento na voz de Ivone, mas Zara não comentou nada. Apenas murmurou um "sim" e saiu da cama.

Assim que desceu as escadas, Fiona se aproximou com um sorriso no rosto:

— Irmã, você já vai para a Mansão Harris? — Perguntou Fiona, animada. — Vou com você! A vovó me ligou há alguns dias e pediu para eu passar lá quando tivesse tempo.

— Certo. — Zara respondeu com uma simplicidade que beirava a indiferença.

Fiona arqueou as sobrancelhas, surpresa com a resposta direta, mas logo abriu um sorriso ainda maior:

— Então espere só um pouco. Fiz acarajés, os preferidos da vovó. Estão quase prontos.

Zara apenas assentiu.

Enquanto Fiona seguia para a cozinha, Zara foi tomada por um pensamento. Alguém que sabia preparar o café da manhã, e até mesmo doces e bolos, realmente não seria capaz de cuidar das próprias refeições?

Nem a mãe dela parecia ter pensado nisso. Orson, sempre tão perspicaz, talvez também tivesse ignorado esse detalhe. Ou, quem sabe, ele já sabia e simplesmente preferiu deixar as coisas seguirem seu curso.

Zara afastou as reflexões e voltou o olhar para a janela. O céu estava cinzento, carregado. Provavelmente, logo começaria a chover.
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