Capítulo 8
Zara continuava sentada no banco do carona.

Ela achava que já tinha se tornado insensível a muitas coisas, mas naquele momento, uma dor aguda atravessava seu peito como se algo estivesse corroendo por dentro.

De repente, uma memória antiga tomou conta de seus pensamentos. Foi logo depois que ela voltou a morar com a família Garcia.

Zara se lembrava com clareza. Naquele dia chovia, e sua mãe havia ido buscá-la na escola junto com Fiona. No caminho de volta, eles sofreram um acidente de carro.

O acidente não foi grave, mas o motorista, tentando evitar um veículo que vinha atrás, acabou jogando o carro contra o canteiro central.

Naquele momento, a cabeça de Zara bateu contra o vidro, e ela perdeu a consciência. Mas, mesmo desmaiada, ela ainda conseguia ver, como em um sonho confuso, sua mãe a ignorando completamente e abraçando Fiona enquanto chorava desesperada.

Foi naquele dia que Zara entendeu. Eles a haviam trazido de volta porque ela tinha o sangue deles, mas, no fundo, Fiona era a verdadeira filha adorada, a que eles guardavam como um tesouro.

Depois de perceber isso, Zara passou a se forçar a esquecer aquele episódio. Pensar nisso só fazia o coração dela doer ainda mais.

No entanto, naquele momento, a lembrança voltou com força total. Só que agora, a pessoa que abraçava Fiona não era sua mãe, mas seu próprio marido.

Não sabia quanto tempo havia passado, mas Zara finalmente saiu do carro. Foi nesse instante que ouviu o som de um trovão, e uma chuva torrencial caiu do céu.

Ela apressou o passo, mas o carro estava estacionado a uma distância considerável da porta de entrada. Inevitavelmente, acabou se molhando completamente.

As luzes do andar de cima estavam acesas. Uma vinha do quarto de Fiona e outra do escritório de Orson. Pelo visto, ele nem havia notado que ela ainda estava fora de casa.

Zara ficou parada por um momento, confirmando aquele pensamento, antes de finalmente subir as escadas, com passos lentos e pesados.

Quando chegou ao topo, a tela de seu celular acendeu de repente. Era uma ligação de um número desconhecido.

Zara olhou para o número, e algo em sua mente despertou. Ela parou no meio do corredor, hesitando.

Enquanto olhava para o telefone piscando em sua mão, ponderando se deveria atender ou não, a ligação caiu.

E, por algum motivo, quando a tela escureceu novamente, Zara sentiu um inexplicável alívio.

Mas esse alívio durou pouco. O celular tocou mais uma vez.

Zara sabia quem era. Desta vez, não hesitou. Atendeu a ligação.

— ZaZa.

Fazia tanto tempo que ela não ouvia esse apelido que, por um momento, ficou atordoada.

— Sou eu. Evander. — Disse ele.

— Hum. — Zara respondeu suavemente. — Você… Voltou para o país?

— Ainda não. — Ele riu do outro lado da linha. — Mas estou para voltar. Comprei uma passagem para depois de amanhã. Você tem tempo? Pode vir me buscar?

Zara ficou em silêncio.

— Não pode, né? — Evander parecia ter notado sua hesitação. — Tudo bem. Eu resolvo. Só que… Faz tanto tempo que não nos vemos… Achei que seria especial se a primeira pessoa que eu visse fosse você.

— Eu me casei. — Zara disse de repente.

— Eu sei. — A resposta de Evander foi tranquila, sem qualquer surpresa. — Casou com o herdeiro da família Harris, não foi? O Grupo Harris é tão famoso… Até eu, morando fora do país, fiquei sabendo.

Zara não disse nada.

Depois de uma breve pausa, Evander perguntou, em um tom mais suave:

— ZaZa, você está feliz?
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