Capítulo 5
Fiona cresceu junto com Orson, então conhecia a Mansão Harris muito melhor do que Zara.

Assim que entrou na casa, caminhou animada em direção a Paula, com um sorriso caloroso:

— Vovó!

— Meu Deus, é a Fiona? — Exclamou Paula, visivelmente contente. — Deixa eu ver... Você está mais magra de novo, não está?

— Não estou, não, vovó. — Respondeu Fiona, rindo. — Olha só, fiz acarajé pra você!

— Que menina querida, sempre tão atenciosa!

As duas conversavam animadamente, com Paula exibindo um sorriso radiante.

Mas, no momento em que Zara se aproximou, o sorriso de Paula diminuiu consideravelmente.

Zara, fingindo não notar a mudança, cumprimentou-a formalmente:

— Olá, vovó.

Paula a olhou por um instante, como se quisesse dizer algo mais, mas Zara desviou o olhar rapidamente e chamou alguém que estava na escada:

— Sogra.

— Sra. Marta! — Fiona, que estava apoiada no ombro de Paula, endireitou-se de imediato ao avistar Marta. Seus olhos demonstravam um misto de respeito e apreensão.

— Fiona, que bom que veio. — Respondeu Marta com um leve aceno, sua voz educada, mas distante. Era impossível encontrar qualquer falha em sua postura, embora sua atitude transparecesse uma clara frieza. Em seguida, ela virou-se para Paula. — Sogra.

— Hum. — Respondeu Paula, de maneira ainda mais fria.

Marta, no entanto, parecia indiferente. Seus olhos passaram rapidamente pelos pacotes que Fiona havia trazido.

— O médico disse que a senhora não está com o estômago muito bom nos últimos dias, sogra. — Declarou Marta. — Acarajé não é adequado, por ser muito gorduroso. João, guarde isso.

Durante todo o tempo, Marta não consultou Paula e sequer olhou para Fiona.

Apesar de ser naturalmente carismática e saber como agradar as pessoas, Fiona sempre encontrava um muro intransponível na presença de Marta, a mãe de Orson.

Marta era conhecida por sua frieza constante. Seu comportamento era sempre impecável e educado, mas sem qualquer calor humano.

Foi Marta quem insistiu, anos atrás, que a última vontade do pai de Orson fosse cumprida. Quando Zara foi encontrada e voltou para a família Garcia, Marta decidiu que ela deveria se casar com Orson.

Se não fosse por essa decisão, Zara jamais teria se tornado a esposa de Orson.

Fiona, claro, guardava ressentimento por Marta, mas nunca ousava demonstrá-lo.

Marta, por sua vez, parecia completamente alheia aos sentimentos da jovem. Após dar as ordens ao mordomo, virou-se para Zara com sua postura habitual de autoridade:

— Suba comigo.

— Sim, senhora. — Respondeu Zara imediatamente, seguindo-a sem hesitar.

Ao entrarem na sala de chá, Marta entregou-lhe um cartão de visita:

— Consegui o contato de um médico que trabalha com medicina tradicional. Amanhã você vai até ele para começar um tratamento.

Zara apertou os lábios e não moveu a mão para pegar o cartão.

Como se soubesse exatamente o que ela estava pensando, Marta continuou:

— Você e Orson já estão casados há dois anos. Já está na hora de pensar em filhos. Fiona é muito querida pela vovó Paula, mas, assim que você tiver um filho, ela não terá mais motivos para te criar problemas.

Era raro Marta falar tanto com Zara, mas ela parecia disposta a esclarecer seus pontos naquele dia.

Zara, porém, manteve os olhos baixos, sem responder. Marta a observou por alguns instantes, então acrescentou:

— E, sobre o que aconteceu, foi só um acidente. Já se passou mais de um ano. Está na hora de superar.

Essas palavras fizeram o corpo de Zara estremecer. Suas mãos, que estavam ao lado do corpo, fecharam-se em punhos. Uma dor familiar e incômoda pareceu pesar em seu baixo ventre.

Acidente? Claro que não foi!

Todos preferiam acreditar que aquilo havia sido apenas um acidente. Mas Zara sabia melhor do que ninguém que não era verdade. Fiona tinha feito aquilo de propósito. Foi ela quem a empurrou da escada.
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