Mesmo o médico mais experiente não conseguiu esconder um breve instante de surpresa ao ouvir aquelas palavras. Afinal, os pacientes que o procuravam sempre tinham o mesmo objetivo: ter filhos. E então, Zara solta aquilo — que estava tomando anticoncepcionais?O médico não pôde evitar e lançou um olhar para Orson, que, ao que parecia, também desconhecia essa informação. Ele franziu a testa imediatamente.Logo, o médico se recompôs. Após uma breve pausa, disse com calma:— A partir de agora, pare de tomar esse remédio. Vou te prescrever uma fórmula de ervas para fortalecer seu corpo primeiro.Zara não argumentou. Quando o médico entregou a receita, ela prontamente a pegou.— Obrigada. — Sem mais palavras, virou-se e saiu sem olhar para trás.Orson não demorou muito para segui-la.Zara sabia que ele estava ocupado demais para se importar com ela, então, ao sair do consultório, ela se preparava para chamar um táxi. No entanto, Orson rapidamente segurou seu braço.— Entra no carro. — A voz
Orson, no final, não levou Zara de volta para a mansão. Depois de deixar sua posição bem clara, ele parou o carro em um cruzamento qualquer e mandou que ela descesse.Zara mal teve tempo de se equilibrar quando ele pisou no acelerador, e o Porsche preto arrancou, desaparecendo pela rua sem a menor hesitação.Ela já estava acostumada com isso, mas, mesmo assim, fechou as mãos em punho. As unhas se cravaram em sua pele, causando uma leve dor. Era um aviso para si mesma: ela precisava parar de alimentar qualquer tipo de ilusão sobre ele.Já que estava fora de casa, Zara decidiu aproveitar para dar uma volta. No entanto, sua sorte não era das melhores. Assim que entrou no shopping, esbarrou com alguém bem no meio do corredor.— Ora, ora, se não é a Sra. Harris. — Ophelia, com um sorriso que mais parecia um deboche, olhou para ela. — Que surpresa! Achei que você fosse do tipo que não pisa no mundo real, que nunca faz compras como nós, meros mortais.Ophelia era a melhor amiga de Fiona e, se
Ophelia terminou de falar, mas Zara, de repente, soltou uma risada curta. Ao ver a reação dela, o sorriso de Ophelia desapareceu instantaneamente. Sua testa se franziu, e ela perguntou irritada: — Está rindo de quê? — Ophelia, se você está sem nada para fazer, seria melhor gastar seu tempo lendo alguns livros. Caso contrário, além de mal-educada, você só vai continuar falando idiotices e se tornando motivo de piada. É realmente uma mistura de burrice com maldade. Se antes Zara ainda escondia sua ironia nas entrelinhas, agora ela já não fazia questão de disfarçar. Era uma acusação direta, e o rosto de Ophelia ficou imediatamente carregado de raiva. Quando Zara tentou passar por ela, Ophelia agarrou seu cabelo sem pensar duas vezes. — Você, uma caipira que veio do interior, acha que pode falar assim comigo? Já se olhou no espelho para ver quem você é? Acha mesmo que virou uma dama porque casou com alguém rico? Você... Antes que pudesse terminar, Zara já tinha se virado e lhe
— Mana! — Fiona segurou firme na mão de Zara. — Mana, você está brava comigo? Mamãe não quis dizer nada de mal, a culpa é toda minha. Foi minha distração… Mas não se preocupe, eu prometo que vou sair da sua casa. Não vou atrapalhar você e o cunhado…— Uhum, tá bom. — Zara respondeu de imediato, sem rodeios.Vera, que estava por perto, não conseguiu evitar franzir a testa, enquanto o olhar de Fiona transbordava em confusão e surpresa.— Eu preciso ir. — Zara não se deu ao trabalho de explicar mais nada. Com um movimento rápido, soltou a mão de Fiona e virou-se para sair.Logo atrás, o choro abafado de Fiona ecoou pelos corredores.— Mamãe, o que eu faço agora? Com certeza a mana me odeia… Naquele momento, Zara quis se virar e confirmar com todas as letras: sim, ela realmente odiava Fiona. Mas essa ideia foi imediatamente reprimida. Ela sabia muito bem o que aconteceria se desse vazão a esse pensamento. Um tapa de Vera, talvez? Afinal, não seria a primeira vez.Por muito tempo, Zara se
Zara levou um susto. Instintivamente, puxou a camiseta para cobrir o corpo e, em seguida, franziu a testa ao olhar para quem havia entrado.A expressão de Orson também não era das melhores. Os dois ficaram se encarando em silêncio, como adversários prontos para um confronto, em vez de um casal.— Se não tem mais nada, pode sair. Vou dormir. — Foi Zara quem quebrou o silêncio primeiro.Para sua surpresa, Orson não perdeu a paciência. Apenas virou-se para sair e disse sem rodeios:— Reserve o horário do almoço de amanhã.— Pra quê? — Zara perguntou no impulso.Mas ele não respondeu.Zara observou sua silhueta enquanto saía e, como se algo clicasse em sua mente, disparou:— Se você quer que eu peça desculpas para a Fiona, esqueça. Eu não vou.Orson parou de caminhar. Esse pequeno gesto foi o suficiente para confirmar as suspeitas de Zara. Apertando os punhos, ela sentiu o sangue ferver.— Zara, ela é sua irmã. — Ele disse, com a voz totalmente desprovida de emoção.— Eu não tenho irmã. E,
No final, Zara guardou novamente os papéis do divórcio na gaveta.No dia seguinte, ela não esperou por Orson. Pegou o carro e dirigiu sozinha até a mansão da família Garcia. A mansão, localizada na divisa entre o centro e a periferia da Cidade N, ficava em uma área de luxo conhecida por seus terrenos caríssimos. Assim que Zara estacionou o carro, uma das empregadas a avistou. No entanto, em vez de se aproximar para recebê-la, a funcionária virou-se e correu para dentro da casa. Zara não se importou. Saiu do carro com calma e abriu o porta-malas para pegar alguns presentes que havia trazido. Afinal, um pedido de desculpas precisava parecer sincero. — Sra. Harris! — A empregada que havia corrido para dentro logo voltou, agora com um sorriso no rosto. Zara apenas respondeu com um leve aceno de cabeça antes de entrar na casa. — Mana! — A voz de Fiona ecoou pela escada enquanto ela descia apressada. Vestida com um vestido branco e delicado, com os cabelos soltos caindo pelos o
— Como assim você está errada? — Ao ver a expressão de Fiona, Vera imediatamente se compadeceu e segurou sua mão com firmeza. — Que ideia absurda a sua! Ainda bem que foi só na mão. E se tivesse batido no rosto? Se ficasse uma cicatriz, o que você faria?Fiona balançou a cabeça, parecendo aflita.— Naquele momento, eu não conseguia pensar em outra solução. Não podia deixar a mana e a Ophelia continuarem brigando...Ao ouvir isso, Vera pareceu lembrar de algo. Seu olhar se voltou para Zara, agora carregado de reprovação.— Olha só o problema que você causou! Você, que deveria ser o exemplo como irmã mais velha, precisou que a Fio interviesse por você. Não sente vergonha?— Eu não pedi a ajuda dela. — A resposta de Zara foi seca, incisiva.A expressão de Vera mudou na hora, tornando-se sombria.— O que você disse? Se a Fiona não tivesse impedido, o que você ia fazer? Você sabe que era um lugar público? Se alguém tivesse postado o vídeo de vocês na internet, como ficaria a reputação da no
Zara, com a mão pendendo ao lado do corpo, finalmente a apertou em punho. Então, decidiu encarar Fiona. Fiona ainda sorria para ela, com aqueles olhos grandes e redondos, transbordando uma inocência que parecia quase ofensiva. Zara sustentou o olhar por alguns instantes antes de, de repente, também sorrir. E, então, disse: — Bastarda. Todo mundo tem um ponto fraco, e aquela palavra era, claramente, a ferida mais profunda de Fiona. Assim que as palavras saíram da boca de Zara, o rosto de Fiona se transformou. Sua expressão, até então calma, tornou-se uma máscara de fúria. Sem pensar duas vezes, Fiona estendeu a mão e empurrou Zara com força, derrubando-a no chão! Foi um reflexo incontrolável, um ato movido por uma raiva tão intensa que queimou qualquer traço de racionalidade. Somente quando viu Zara caída no chão é que Fiona percebeu o que havia feito. Mas já era tarde demais. — O que foi que você fez? — A voz de Vera ecoou, carregada de surpresa e reprovação. O corpo