No final, Zara guardou novamente os papéis do divórcio na gaveta.No dia seguinte, ela não esperou por Orson. Pegou o carro e dirigiu sozinha até a mansão da família Garcia. A mansão, localizada na divisa entre o centro e a periferia da Cidade N, ficava em uma área de luxo conhecida por seus terrenos caríssimos. Assim que Zara estacionou o carro, uma das empregadas a avistou. No entanto, em vez de se aproximar para recebê-la, a funcionária virou-se e correu para dentro da casa. Zara não se importou. Saiu do carro com calma e abriu o porta-malas para pegar alguns presentes que havia trazido. Afinal, um pedido de desculpas precisava parecer sincero. — Sra. Harris! — A empregada que havia corrido para dentro logo voltou, agora com um sorriso no rosto. Zara apenas respondeu com um leve aceno de cabeça antes de entrar na casa. — Mana! — A voz de Fiona ecoou pela escada enquanto ela descia apressada. Vestida com um vestido branco e delicado, com os cabelos soltos caindo pelos o
— Como assim você está errada? — Ao ver a expressão de Fiona, Vera imediatamente se compadeceu e segurou sua mão com firmeza. — Que ideia absurda a sua! Ainda bem que foi só na mão. E se tivesse batido no rosto? Se ficasse uma cicatriz, o que você faria?Fiona balançou a cabeça, parecendo aflita.— Naquele momento, eu não conseguia pensar em outra solução. Não podia deixar a mana e a Ophelia continuarem brigando...Ao ouvir isso, Vera pareceu lembrar de algo. Seu olhar se voltou para Zara, agora carregado de reprovação.— Olha só o problema que você causou! Você, que deveria ser o exemplo como irmã mais velha, precisou que a Fio interviesse por você. Não sente vergonha?— Eu não pedi a ajuda dela. — A resposta de Zara foi seca, incisiva.A expressão de Vera mudou na hora, tornando-se sombria.— O que você disse? Se a Fiona não tivesse impedido, o que você ia fazer? Você sabe que era um lugar público? Se alguém tivesse postado o vídeo de vocês na internet, como ficaria a reputação da no
Zara, com a mão pendendo ao lado do corpo, finalmente a apertou em punho. Então, decidiu encarar Fiona. Fiona ainda sorria para ela, com aqueles olhos grandes e redondos, transbordando uma inocência que parecia quase ofensiva. Zara sustentou o olhar por alguns instantes antes de, de repente, também sorrir. E, então, disse: — Bastarda. Todo mundo tem um ponto fraco, e aquela palavra era, claramente, a ferida mais profunda de Fiona. Assim que as palavras saíram da boca de Zara, o rosto de Fiona se transformou. Sua expressão, até então calma, tornou-se uma máscara de fúria. Sem pensar duas vezes, Fiona estendeu a mão e empurrou Zara com força, derrubando-a no chão! Foi um reflexo incontrolável, um ato movido por uma raiva tão intensa que queimou qualquer traço de racionalidade. Somente quando viu Zara caída no chão é que Fiona percebeu o que havia feito. Mas já era tarde demais. — O que foi que você fez? — A voz de Vera ecoou, carregada de surpresa e reprovação. O corpo
As palavras da empregada, somadas ao olhar cheio de mágoa e hesitação de Fiona, fizeram com que Vera rapidamente ligasse os pontos. Ela virou-se imediatamente para Zara. — Zara! Se Orson não estivesse ali, talvez o tapa já tivesse cruzado o rosto da Zara. — Fiona é sua irmã! Ela é reconhecida como a segunda filha da família Garcia! Quem você pensa que é? E o que acha que está fazendo com o nome da nossa família? Zara não respondeu. Limitou-se a lançar um breve olhar para Fiona, que ainda estava com o rosto molhado pelas lágrimas, antes de virar-se lentamente para Orson. Ele também a encarava, com os olhos sombrios e cheios de reprovação. Zara sabia bem o que aquele olhar significava. Ele estava furioso. Furioso porque a esposa havia dito algo tão “indelicado”. Furioso porque sua querida Fiona, a princesa que ele tanto protegia, havia sido insultada daquela maneira. Mas para Zara, o que mais importava naquele momento era a frase que ele dissera antes: "Tenho certeza de que Fi
As palavras de Zara mal haviam sido ditas, mas o homem à sua frente continuava inabalável. Ele apenas lançou-lhe um olhar breve antes de, finalmente, estender a mão e pegar o acordo de divórcio. Orson abriu o documento diretamente na última página e, ao ver que o nome de Zara já estava assinado ali, ele soltou uma risada baixa e carregada de sarcasmo. Zara não teve tempo de entender o motivo daquele riso. Antes que pudesse reagir, ele já havia levantado a mão e, com um gesto firme, rasgou o contrato ao meio! O som do papel sendo destruído fez o coração de Zara dar um salto, mas ela rapidamente recuperou a compostura. — Sr. Orson, se o senhor não está satisfeito com os termos, eu posso imprimir outra versão. Orson não respondeu. Continuou em silêncio, jogando os pedaços rasgados do contrato no lixo. Então, sem aviso, ele deu um passo à frente, reduzindo a distância entre eles em um movimento repentino. A proximidade inesperada fez o rosto de Zara mudar de expressão. Instintiv
Zara entendeu o significado daquele olhar. Era um aviso, mas também uma demonstração de desprezo. Ela sabia muito bem que, sob a fachada gentil e educada de Orson, havia um coração mais frio e inflexível do que o de qualquer pessoa que conhecia. Seus olhos caíram lentamente até pousarem naquilo que estava no chão: os pedaços do acordo de divórcio que ele havia rasgado e jogado no lixo sem hesitar. Aquele contrato, que ela havia reunido toda a sua coragem e determinação para entregar, não merecera sequer um segundo de consideração. Ele não se importava com os sentimentos dela — e, por consequência, tampouco se importava com as decisões que ela tomava. Nos dois dias seguintes, Zara não viu Orson. A última notícia que teve dele foi através de uma foto em um artigo sobre uma conferência pública. Na imagem, Orson vestia um elegante terno escuro. Seu rosto impecável, capturado no close da câmera, era tão perfeito que nem mesmo os maiores astros de cinema poderiam competir. O leve so
Zara abaixou os olhos e ficou olhando fixamente para a foto no jornal. Na imagem, ela mesma, em um estado claramente humilhante e desleixado. No entanto, naquele momento, uma estranha serenidade tomou conta dela. Ao se abaixar para pegar o jornal caído, não disse nada. Apenas ergueu a mão e jogou o papel no lixo ao lado, antes de abrir novamente a porta do carro com calma. — Vamos. — Disse ao motorista, a voz tranquila. O motorista, entretanto, hesitou em ligar o carro. Seus olhos, inseguros, buscaram a expressão de Orson. O homem permanecia impassível, encarando Zara. Mas ela não olhou para ele. Nem sequer lhe lançou um único olhar de canto. Apenas subiu o vidro da janela do carro, encerrando qualquer possibilidade de contato entre os dois. Foi então que Orson, sem hesitar, virou-se e entrou novamente na mansão. Ele não podia vê-la, mas Zara acompanhou cada detalhe de suas costas enquanto ele se afastava. Ela sabia exatamente o que aquele gesto significava: ele não a acomp
Ela tinha uma expressão séria, completamente diferente de quem estivesse brincando. Mas Evander, em vez de responder, soltou uma risada. — Vamos. Desta vez, voltei ao país trazendo um confeiteiro especialmente para isso. O bolo que ele faz com certeza vai ser do seu gosto. Enquanto dizia isso, Evander já puxava Zara para frente, conduzindo-a com naturalidade. Ele era o centro das atenções naquela noite, o motivo pelo qual metade dos olhares no salão estavam voltados para ele. Ainda assim, parecia alheio a tudo, ignorando as expectativas ao seu redor. Com a mesma despreocupação de uma criança, que quer compartilhar algo que considera especial, ele pegou um bolo na mesa e o entregou a Zara. Ele podia agir assim, sem se importar com nada. Mas Zara não tinha o mesmo privilégio. Depois de observar o bolo por alguns instantes, ela o pegou, mas não sem comentar: — Seu objetivo ficou bem óbvio. Evander arqueou as sobrancelhas, fingindo surpresa: — Ah, é? O quê? — Você só quer m