O ônibus chegou e Mayara entrou meio desorientada. Sentou logo próximo da janela e recostou seu rosto no vidro, observando as luzes da cidade. Seu pensamento era um misto de muitas coisas. Ela não conseguia controlar. Tentou cantar uma música para não pensar, contou as lâmpadas nos postes, até carros na rua ela contou, mas foi em vão. Aquele homem não saia dos seus pensamentos.
Desceu no ponto do ônibus próximo da sua casa e estava bem preocupada, pois não conseguia entender o que está acontecendo. O caminho para sua casa sempre era angustiante, pois ela lembrava de dias tenebrosos quando era tocada de forma indesejada pelo seu irmão. Muitas vezes ela sentia respulsa dela mesmo, mas isso aconteceu ainda na sua tenra idade, dos 7 aos 12 anos. Poderiam falar que era brincadeira de criança, mas ela sempre era ameaçada por ele se contasse para as pessoas sobre o que acontecia.
Quando tinha doze anos negou aceitar suas carícias e foi ameaçada de morte pelo irmão. Então Mayara disse que poderia matá-la, mas que ele nunca mais a tocaria. E ela não deixou mais e daí vem a repulsa por homens. Aos 15 anos, em uma consulta ginecológica, foi constatado que ela ainda era virgem, mas havia perdido a essência e inocência de toda sua infância.
Nesta noite não havia angústia, pois como uma borracha parecia que seu passado havia apagado e ela estava vivendo um outro momento. A imagem daquele homem na sua frente a deixava desconfortável e muitas vezes intrigada. Nas festas que trabalhou não se lembrava de tê-lo visto. ele na verdade não se parecia com um morador daquela cidade. Parecia um ator dos filmes que ela gostava de assistir, como se tivesse saído das telas e aparecido ali.
Embora de família humilde, Mayara tinha um gosto interessante por filmes, parecia uma herudita, gostava de musicais, filmes antigos e estrangeiros com histórias emocionantes e diferentes. E também era muito romântica, sempre torcia por um final feliz. E ela pensava em não se envolver com ninguém. Ela não frequentava cinema, mas assistia a todos os filmes exibidos na televisão.
Chegando em casa ela cumprimentou seus pais e rapidamente entrou no seu quarto. Na verdade o quarto não era somente dela, ela dividia com sua irmã mais velha e a casa ainda tinha o quarto onde alojava seus irmãos, que eram 4. Era um casebre de seis apertados cômodos que ficava em uma vila na pequena cidade no interior de São Paulo.
Ela tomou o banho noturno no pequeno banheiro, único para todos da casa, com paredes de reboco e piso de cimento queimado. Foi um banho demorado e cheio de sentimentos estranhos. Mayara lembrava daquele homem e do seu olhar firme com seus olhos verdes e grandes, lábios vermelhos, rosto rosado, braços fortes. E ela sentia seu corpo vibrando como se quisesse se encontrar com aquele corpo, o bico dos seus seios estavam rijos e quando ela tocou seu clitóris sentiu ondas como se fossem choques eletrizando toda a sua pele. Desde o seu juramento, aos 12 anos, em momento algum, na escola e nem em festas que ia ela nunca sentiu nada assim por ninguém, nem homem, nem mulher.
Nem a água fria apagou aquele calor. Ela precisava sair do banho porque seus pais já estavam perguntando quanto tempo ela demoraria mais no chuveiro. Ela vestiu a roupa de dormir, um short e blusa de malha, e logo deitou na cama. Quando virou para o lado sentiu seu seio tão aceso e a vontade daquele homem estava tão forte que não conseguiu dormir. Pensando em Evans, ela sentiu algo que nunca havia sentido, foi uma experiência única de puro prazer, se tocando. E logo após, ela pegou no sono.
Já era manhã de domingo após o dia do evento que aconteceu na casa do Sr. Christian Smith e Evans estava alvoroçado ligando para Jonas e perguntando se já sabia quem era aquela mulher. Jonas ainda atordoado do outro lado da ligação não entendia o que Evans falava, porque a festa havia acontecido na noite anterior e ele ainda nem havia levantado. Jonas: Calma Evans! Não sei o que você está falando. Preciso acordar e entender tudo. Lembra de quando tentei encontrá-la na festa?Evans: Preciso da sua ajuda. O buffet foi contratado pela minha mãe. Não tem como errar, porque ela era muito linda, alta, com pele de cor bronzeadada, olhos pretos. Preciso que me ajude pedindo ao buffet que disponibilize a lista com os endereços das pessoas.Jonas: Você ficou louco? E a Mariana? Estão noivos há dois anos e todos aguardam o anúncio da data do casamento. O que você vai querer com uma serviçal, uma garçonete?Evans: Não sei dizer o que aconteceu, mas a Mariana nunca me fez sentir o que senti por
É domingo e para Mayara Santos é dia de preparar o almoço e comer com a família. Tradicionalmente ela prepara: frango refogado ou frito maionese e macarronada, apesar de gostar de inovar e fazer pratos diferentes. O domingo é seguido de rituais e sempre na parte da tarde ela costuma sentar no portão para conversar com as vizinhas e no final do dia sai com os amigos, incluindo, Flávia e seu noivo. Era um programa marcado. Por ser o último momento do final de semana não iam longe. Sentavam na mesa de um barzinho em um bairro próximo da Vila. Pediam umas cervejas e alguns petiscos. Não demoravam no local e sempre dividiam a conta. Mayara era muito comunicativa e fazia amizade muito fácil. Apesar de o grande número de amigos serem do sexo masculino, ela não apresentava nenhum interesse por eles.A sua repulsa por homens era muito grande, porque após conseguir fugir das investidas de seu irmão ela passou a ser agredida por ele. Ou pelo pai dela que acreditava em tudo que ele falava. Ele
Madrugada de segunda-feira, não passa das 5 horas e, Mayara já está se preparando sua ida para a escola. É meados de setembro e está em período de provas por isso não havia necessidade de levar muito material escolar. Ela havia vestido o uniforme e começava a preparar o café da manhã, pois a estudava em uma escola pública, municipal, uma das melhores escolas públicas da cidade. Precisaram passar por processo seletivo para conseguir a vaga. Como sempre ela despertava Flávia ligando apra a casa dela. E as duas se encontravam no ponto do ônibus, pois a escola não ficava na Vila e sim num local classe média alta da cidade.Mayara saiu de casa com cabelos presos em um jovial rabo de cavalo com alguns fios soltos que caiam nos olhos. O penteado fazia com que ficasse exposto todo o seu pescoço e a nuca. Ela vestia uma calça de uniforme azul que tinha um corte reto e uma blusa branca com o imblema da escola. Dependurado ao ombro ela levava sua bolsa a tira colo. Seu tamanho e aparência esguia
Do outro lado da cidade, na mansão dos Smith às 7 horas da manhã, o café está servido. Em uma imensa mesa com cadeiras dispostas para dez pessoas estão Se. Christian, Karla, Evans e a doce Celine, filha adolescente do casal. A mesa é farta e tem variados tipos de pães, bolos doces e tortas doces e salgadas, além de frutas variadas, sucos, água e leite. Os utensílios são dispostos à mesa de forma cautelosa e tudo como manda o figurino. Sr. Christian é de descendência de família tradicional inglesa e faz questão de que tudo esteja de forma impecável. Sra. Karla, sua esposa é nascida no Brasil e sua família faz parte da família tradicional da cidade. Uma união de contrato que após muitos anos deu certo, pois a mãe de Evans era apaixonada por um amigo que conheceu no Estados Unidos durante sua juventude enquanto estudava na faculdade. Para ela foi difícil, mas teve que ceder, sua família tinha apenas nome, mas já estava envolvida em muitas dividas e para não perder o prestígio entregaram
Mayara sabia que não deveria ficar pensando muito naquele rapaz, pois eles eram de mundos completamente distintos e o que poderia sobrar para ela seria somente lágrimas. Não ia procurar saber quem era, porque poderia aumentar mais sua ansiedade, gerar expectativas e trazer muita dor. Ela tinha ciência do quanto seria difícil deixar de pensar em Evans, mas uma hora ela esqueceria. Ela não podia perder o foco e ele era apenas uma distração na cabeça dela para desviar dos seus objetivos. Decidiu não perder mais tempo e relaxar para fazer a prova. Assim que acabou de responder às questões ela entregou a prova e saiu, porque assistiu as duas primeiras aulas e quando fizesse a prova poderia ir embora.Mayara havia falado com a Flávia que hoje não esperava por ela, pois tinha umas tarefas para terminar em casa e não tinha treino de voleibol na segunda-feira. Ela saiu da escola e precisava atravessar a avenida para chegar ao ponto de ônibus. O sinal estava aberto para os carros e ela aguarda
O Sr. Frederico é segurança do Evans desde a sua adolescência. Ele é considerado um amigo, claro que com os devidos respeitos e considerações. Eles viajam juntos e sempre que tem oportunidade, Evans conversa com ele sobre a família do Sr. Frederico e assuntos variados. Após alguns minutos Evans ouve três batidas na porta. Ele diz para a pessoa entrar e o forte Sr. Frederico aparece muito bem alinhado vestindo terno preto e camisa branca. Os sapatos pretos impecáveis. Ele tem a pele bronzeada, mede aproximadamente um metro e noventa e tem quarenta e sete anos, mas com todo o cuidado que tem com a aparência, aparenta menos idade.Mesmo tendo algumas liberdades com o Sr. Evans, o Sr. Frederico sabe muito bem seu lugar e que também deve estar sempre pronto para protegê-lo e ajudar no que for preciso. Já passaram por muitas coisas e Sr. Frederico está sempre pronto e atualizado nas suas habilidades. Discretamente ele anda armado e sabe estrategicamente onde ficar quando sai com o Sr. Evans
Mayara atravessa a rua encantada com a cor azul daquele carro. Era uma cor diferente e um carro diferente, ela pensou. Atravessou a outra faixa e mais alguns passos alcançou o ponto de ônibus onde ficou por um bom tempo esperando. Seu ônibus chegou, ela entrou e logo se acomodou em uma cadeira no canto, próximo da janela. Ainda não era horário de pico e o coletivo estava consideravelmente com as cadeiras vazias. Ela sempre achava o máximo conseguir sentar, pois sempre que sai da escola em horário normal é um verdadeiro inferno entrar no ônibus e achar lugar para sentar, pode esquecer. Ela tentou dar uma cochilada no trajeto para casa, mas não aproveitou muito, porque as três vezes que tentou fechava os olhos tinha a imagem daquele homem na sua frente. Ela não queria pensar nele. Já que não conseguia nem tirar seu cochilo habitual no ônibus ela começou a fazer sua rota de hoje, entre tarefas e diversão. Quando chegasse arrumaria a casa, faria a leitura do texto para a prova de amanhã
Evans precisou se ausentar do país. E recebeu informações sobre a moça somente quando estava chegando em Toronto, no Canadá. Era a empresa norte-americana que precisava pessoalmente tirar uma pessoa que estava prejudicando os negócios.O Sr. Christian, deu ao seu irmão mais novo, Francis a oportunidade de dirigir a empresa instalada em Toronto. Filho do segundo casamento do pai, Francis tinha 30 anos, alto e forte, um homem moreno, cabelos negros e com uma beleza grega, característica bem definida herdada graças à sua mãe que era grega. Ele também era pura ambição. Ele queria a empresa em Toronto e agia de forma tão inadequada que estava levando-a a queda e até mesmo a possibilidade de fechamento.Evans interviu de forma sutil, deixando no lugar de seu tio uma pessoa de sua inteira confiança. Francis por sua vez não ficou satisfeito com a mudança, o simples cargo de gerente não era o que ele almejava. E o seu sobrinho poderia contar que certamente teria problemas futuros com ele.----