Madrugada de segunda-feira, não passa das 5 horas e, Mayara já está se preparando sua ida para a escola. É meados de setembro e está em período de provas por isso não havia necessidade de levar muito material escolar. Ela havia vestido o uniforme e começava a preparar o café da manhã, pois a estudava em uma escola pública, municipal, uma das melhores escolas públicas da cidade. Precisaram passar por processo seletivo para conseguir a vaga. Como sempre ela despertava Flávia ligando apra a casa dela. E as duas se encontravam no ponto do ônibus, pois a escola não ficava na Vila e sim num local classe média alta da cidade.
Mayara saiu de casa com cabelos presos em um jovial rabo de cavalo com alguns fios soltos que caiam nos olhos. O penteado fazia com que ficasse exposto todo o seu pescoço e a nuca. Ela vestia uma calça de uniforme azul que tinha um corte reto e uma blusa branca com o imblema da escola. Dependurado ao ombro ela levava sua bolsa a tira colo. Seu tamanho e aparência esguia a destacava no meio das outras pessoas no ponto do ônibus. Parada no ponto ela guardava lugar na fila para Flávia. Sua amiga chegou e uns minutos depois o ônibus apareceu. Já era por volta das 6 horas. Flávia estava ansiosa e foi logo perguntando assim que conseguiram se acomodar no coletivo.
Flávia: O que aconteceu? Me conta tudo, por favor.
Mayara por sua vez estava se sentindo incomodada até porque ela estava com um misto de sentimentos que não conseguia controlar. Ela que sempre se conteve. E além disso ainda havia os sonhos com aquele homem desconhecido. E ainda se preocupava com o que poderia afetar na realização da prova, porque sua cabeça estava meio confusa.
Mayara: Não sei dizer. Eu estava servindo as pessoas e acho que entrei em uma sala errada naquela mansão cheia de muitos cômodos. A porta estava entre aberta ai entrei lá estavam dois homens conversando, fiquei sem saber se ia em frente e oferecia a bebida que estava servindo ou se retornava. Mas o homem mais velho chamou minha atenção, fiquei nervosa e me virei abruptamente. A bandeja caiu e quebrei todas as taças.
Flávia: hahahahaha, típico de você. Não sei dizer se é seu tamanho ou o que, mas você sempre quebra alguma coisa. hahahahahahahahahahahaha. E aí?
Mayara: Aí que peguei a bandeja no chão rapidamente, levantei a cabeça e vi aquele homem olhando para mim com olhos fixos e sem dizer nada. Saí correndo da sala ou daquele olhar penetrante e não voltei nem para colher os cacos no chão.
Flávia: impressionante. Isso te afetou quanto?
Mayara: a ponto de ter sonhos estranhos com ele. Até para lá de eróticos.
Flávia: hahahahahahaha, Então duas noites você sonhou com esse cara? Nossa! Estou passada! Nunca imaginei que um dia algum garoto te faria ficar assim. Acho que precisaremos passar no posto médico para atendimento, porque você pode estar doente.
Flávia ria alto da situação e sabia do juramento de Mayara. Não sabia o motivo, mas conhecia a intenção dela de ficar sozinha e apenas cuidar da sua carreira profissional e ponto. Mas ela sabia também que não temos controle do nosso coração e que sentimentos vem e vão. Mas ela não esperava que fosse tão rápido, porque Mayara ainda não havia nem completado 18 anos. Ela sempre falava para a amiga jure outras coisas.
No caso da Flávia o noivo dela era amor de infância. Coisa que começa de criança e eles não se desgrudam. Agora resolveram ficar juntos mesmo. Ela e Carlos é amor de infância. Como ela mesmo diz que foi escrito nas estrelas.
Seis horas e quarenta minutos. O ônibus para no ponto próximo da escola algumas pessoas descem do coletivo na frente delas e logo elas estão a caminho. Mayara segue ao lado de Flávia que agora não se sente a vontade para dar conselhos para a amiga, pois acredita que não seriam bons, porque a vontade dela é rir.
Mayara fica apática e segue ao lado da amiga com a sensação de que perdeu o controle de sua vida.
Do outro lado da cidade, na mansão dos Smith às 7 horas da manhã, o café está servido. Em uma imensa mesa com cadeiras dispostas para dez pessoas estão Se. Christian, Karla, Evans e a doce Celine, filha adolescente do casal. A mesa é farta e tem variados tipos de pães, bolos doces e tortas doces e salgadas, além de frutas variadas, sucos, água e leite. Os utensílios são dispostos à mesa de forma cautelosa e tudo como manda o figurino. Sr. Christian é de descendência de família tradicional inglesa e faz questão de que tudo esteja de forma impecável. Sra. Karla, sua esposa é nascida no Brasil e sua família faz parte da família tradicional da cidade. Uma união de contrato que após muitos anos deu certo, pois a mãe de Evans era apaixonada por um amigo que conheceu no Estados Unidos durante sua juventude enquanto estudava na faculdade. Para ela foi difícil, mas teve que ceder, sua família tinha apenas nome, mas já estava envolvida em muitas dividas e para não perder o prestígio entregaram
Mayara sabia que não deveria ficar pensando muito naquele rapaz, pois eles eram de mundos completamente distintos e o que poderia sobrar para ela seria somente lágrimas. Não ia procurar saber quem era, porque poderia aumentar mais sua ansiedade, gerar expectativas e trazer muita dor. Ela tinha ciência do quanto seria difícil deixar de pensar em Evans, mas uma hora ela esqueceria. Ela não podia perder o foco e ele era apenas uma distração na cabeça dela para desviar dos seus objetivos. Decidiu não perder mais tempo e relaxar para fazer a prova. Assim que acabou de responder às questões ela entregou a prova e saiu, porque assistiu as duas primeiras aulas e quando fizesse a prova poderia ir embora.Mayara havia falado com a Flávia que hoje não esperava por ela, pois tinha umas tarefas para terminar em casa e não tinha treino de voleibol na segunda-feira. Ela saiu da escola e precisava atravessar a avenida para chegar ao ponto de ônibus. O sinal estava aberto para os carros e ela aguarda
O Sr. Frederico é segurança do Evans desde a sua adolescência. Ele é considerado um amigo, claro que com os devidos respeitos e considerações. Eles viajam juntos e sempre que tem oportunidade, Evans conversa com ele sobre a família do Sr. Frederico e assuntos variados. Após alguns minutos Evans ouve três batidas na porta. Ele diz para a pessoa entrar e o forte Sr. Frederico aparece muito bem alinhado vestindo terno preto e camisa branca. Os sapatos pretos impecáveis. Ele tem a pele bronzeada, mede aproximadamente um metro e noventa e tem quarenta e sete anos, mas com todo o cuidado que tem com a aparência, aparenta menos idade.Mesmo tendo algumas liberdades com o Sr. Evans, o Sr. Frederico sabe muito bem seu lugar e que também deve estar sempre pronto para protegê-lo e ajudar no que for preciso. Já passaram por muitas coisas e Sr. Frederico está sempre pronto e atualizado nas suas habilidades. Discretamente ele anda armado e sabe estrategicamente onde ficar quando sai com o Sr. Evans
Mayara atravessa a rua encantada com a cor azul daquele carro. Era uma cor diferente e um carro diferente, ela pensou. Atravessou a outra faixa e mais alguns passos alcançou o ponto de ônibus onde ficou por um bom tempo esperando. Seu ônibus chegou, ela entrou e logo se acomodou em uma cadeira no canto, próximo da janela. Ainda não era horário de pico e o coletivo estava consideravelmente com as cadeiras vazias. Ela sempre achava o máximo conseguir sentar, pois sempre que sai da escola em horário normal é um verdadeiro inferno entrar no ônibus e achar lugar para sentar, pode esquecer. Ela tentou dar uma cochilada no trajeto para casa, mas não aproveitou muito, porque as três vezes que tentou fechava os olhos tinha a imagem daquele homem na sua frente. Ela não queria pensar nele. Já que não conseguia nem tirar seu cochilo habitual no ônibus ela começou a fazer sua rota de hoje, entre tarefas e diversão. Quando chegasse arrumaria a casa, faria a leitura do texto para a prova de amanhã
Evans precisou se ausentar do país. E recebeu informações sobre a moça somente quando estava chegando em Toronto, no Canadá. Era a empresa norte-americana que precisava pessoalmente tirar uma pessoa que estava prejudicando os negócios.O Sr. Christian, deu ao seu irmão mais novo, Francis a oportunidade de dirigir a empresa instalada em Toronto. Filho do segundo casamento do pai, Francis tinha 30 anos, alto e forte, um homem moreno, cabelos negros e com uma beleza grega, característica bem definida herdada graças à sua mãe que era grega. Ele também era pura ambição. Ele queria a empresa em Toronto e agia de forma tão inadequada que estava levando-a a queda e até mesmo a possibilidade de fechamento.Evans interviu de forma sutil, deixando no lugar de seu tio uma pessoa de sua inteira confiança. Francis por sua vez não ficou satisfeito com a mudança, o simples cargo de gerente não era o que ele almejava. E o seu sobrinho poderia contar que certamente teria problemas futuros com ele.----
Mayara nunca se preocupou com o que as pessoas pensavam em relação a ela e as suas escolhas, que eram poucas, devido à tenra idade. Mas no seu coração ela queria alçar altos voos e sabia que somente com muito esforço alcançaria seus objetivos. Mesmo assim, com toda determinação, a opinião dos pais acabavam pesando nas suas escolhas. Então como havia tido alguns problemas por causa do irmão que inventava histórias de que ela estava arrumando namorados ela treinava o voleibol somente com a permissão de sua mãe. Os treinos eram durante o período da tarde, então não tinha como seu pai saber. Ele trabalhava em horário integral, das 8 da manhã às 18 horas, na indústria têxtil Solis, da família de Mariana, noiva de Evans.Ela é uma excelente jogadora de vôlei, muito aplicada e dedicada, participou de algumas competições com o time da escola e ouviu dizer até que haveria possibilidade de algum time profissional contratar atletas que participam de equipes de escola para fazer parte da equipe.
No final do mês de outubro, terça-feira, Mayara segue a rotina de seu dia. Levantou as cinco horas da manhã, arrumou-se para a escola, ligou para sua amiga Flávia acordar. Se encontram no ponto de ônibus. No caminho da escola planejavam como seria comemorado o aniversário de 18 anos dela, no sábado. Encontrou com Kadu na escola e os dois amigos foram embora, como de costume em dias de treino. E ela ficou na escola para treinar. Entrou no vestiário, tirou a roupa de uniforme e vestiu o uniforme de treino, um short de lycra e uma blusa de malha, porém justa que a deixava mais confortável, como uma baby look.No treino, ela e as amigas não perceberam nenhuma figura diferente na quadra até o momento em que ela percebe do lado direito da arquibancada uma silhueta de um homem que olhava para ela. Ela sentiu seu corpo estremecer. A luz do sol a deixou meio confusa, mas ela percebeu que o homem que a olhava não estava de terno, mas estava com uma camisa de malha cor salmão, uma calça esporte
Evans no caminho de casa ligou desorientado para Jonas.Jonas: Oi Evans! Já está de volta no Brasil? Voltou quando?Evans: Estou sim. Preciso falar com você urgente. Precisa ser pessoalmente.Jonas: O que aconteceu?Evans: Podemos encontrar no bistrô Lavinnye?Jonas: Estou indo para lá.O Bistrô Lavinnye era um restaurante chique, despretensioso que servia bebidas e alguns lanches deliciosos. Com mesas e cadeiras altas dispostas do lado de fora e coberto com um suntuoso toldo, lembrando bem o estilo dos bistrôs franceses. Situado em frente a uma pequena praça e próximo haviam outros bares. A chegada de Evans no local não causava muito impacto, porque naquela hora estavam somente a proprietária e um funcionário, mas mesmo assim, ele não deixou de chamar atenção com aquela beleza européia. Ele desceu do carro e pediu uma cerveja artesanal frutada. Ela era fabricada pelos proprietários do bistrô. Já havia tanto tempo que ele não passava ali, que resolveu saborear aquela preciosidade. E