Mayara sabia que não deveria ficar pensando muito naquele rapaz, pois eles eram de mundos completamente distintos e o que poderia sobrar para ela seria somente lágrimas. Não ia procurar saber quem era, porque poderia aumentar mais sua ansiedade, gerar expectativas e trazer muita dor.
Ela tinha ciência do quanto seria difícil deixar de pensar em Evans, mas uma hora ela esqueceria. Ela não podia perder o foco e ele era apenas uma distração na cabeça dela para desviar dos seus objetivos. Decidiu não perder mais tempo e relaxar para fazer a prova. Assim que acabou de responder às questões ela entregou a prova e saiu, porque assistiu as duas primeiras aulas e quando fizesse a prova poderia ir embora.
Mayara havia falado com a Flávia que hoje não esperava por ela, pois tinha umas tarefas para terminar em casa e não tinha treino de voleibol na segunda-feira. Ela saiu da escola e precisava atravessar a avenida para chegar ao ponto de ônibus. O sinal estava aberto para os carros e ela aguardava próximo da faixa de pedestre. E um carro chamou a atenção dela. Era um carro esportivo de cor azul. O sinal fechou e o carro parou antes da faixa de pedestre. Ela atravessou a rua, mas não conseguiu resistir e continuou olhando para o carro pensando que ele poderia fazer parte do seu sonho de consumo, em um futuro distante.
Ela não conseguia ver dentro do carro, mas quem estava dentro do carro certamente conseguia ver tudo o que estava acontecendo lá fora.
Evans não acreditou no que estava vendo. Era ela a garota da festa desfilando na sua frente com aquele corpo deslumbrante. Ela andava como se estivesse desligada do mundo pensando em coisas alheias e com aquele delicioso ar jovial. Quando ela andava com o cabelo preso no topo da cabeça balançava de forma descomprometida e a tornava ainda mais sensual. O sinal abriu e ele precisava seguir em frente, pois seu pai o esperava na empresa. Mas ele já sabia que ela era uma estudante por causa do uniforme. Certamente voltaria naquele local para encontrá-la. Precisava saber seu nome, ouvir sua voz e até se decepcionar para esquecê-la de vez, pois sabia que não eram compatíveis. Não seriam aceitos pelos seus familiares.
Logo uns quarteirões à frente, Evans precisou parar o carro, pois seu coração estava acelerado e ele poderia causar um acidente, diminuiu um pouco a velocidade e parou no acostamento, respirou fundo e seguiu viagem com muita cautela, pois ainda ouvia os batimentos. Eram mistos de sentimentos que ele jamais havia experimentado. Todos seu corpo pulsava por aquela mulher. Ele a desejava. Ele a queria.
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Chegando na empresa diante de um um portão alto de aço Evans espera que ele se abra tocando os dedos no volante do carro. Assim que o portão se abriu ele chegou em um amplo estacionamento cheio de carros de luxo. Era o local reservado para os cargos elevados e gerentes. Evans tinha um local exclusivo para estacionar. Estacionou e em poucos passos alcançou o elevador, que estava parado no térreo, entrou e apertou o último andar. Era um prédio suntuoso com paredes de vidro que refletiam uma cor escura não deixando ver o que acontecia dentro das salas, mas quem estava lá dentro tinha visão panorâmica.
Evans chegou no andar que tinha apenas três imensas salas onde ficava seu pai, o Diretor Geral na unidade da Cidade e a sala dele o CEO de todo o Empreendimento FLS. As salas possuem isolamento acústico e cada um deles possuía uma Secretária Executivas para serviços administrativos, acompanhamento de agendas, dentre outros serviços.
Mirtes Oliver era a Secretária Executiva de Evans. Uma mulher linda, sempre maquiada, de estatura mediana, com aproximadamente 1,65m sempre em seu salto alto, impecável com seu vestuário e perfume delicado que sempre estava sob medida. Não tem como deixar de percebê-la sentada em sua mesa e sempre atenta a tudo. a porta do elevador se abre e logo ela avista o seu chefe.
Mirtes: Bom dia, Sr. Evans! Como foi a estadia na Europa?
Evans: Bom dia, Srta. Mirtes! Foi muito produtiva.
Ela passa pela mesa dela e entra na sua sala. Uma sala imensa, que cabe à casa de Mayara com seus seis cômodos. Logo à direita na parede uma linda pintura estimada em milhões de dólares, abaixo um sofá de três lugares e duas poltronas que acompanham a pintura, com seus altos valores. Na mesa ao centro repousa uma escultura trazida da Tailândia. Um tapete em tom pastel compõem o lado direito da sala. Já do lado esquerdo uma grande mesa de madeira nobre com entalhes perfeitos é destaque para a composição das três cadeiras que a contornam, duas de um lado e uma do outro, ao fundo, sendo a terceira uma cadeira grande, suntuosa e confortável. E outro tapete compõem o lugar. Toda a decoração foi feita pensando em Evans. Ela imprime seu bom gosto e contraste. Espaços distintos que conversam e fazem com que a sala se torne um local aconchegante. Na parede encontra-se um grande móvel com algumas pequenas esculturas, um relógio, também trazido de lugar distante, um pequeno bar com bebidas e copos variados e no seu acabamento tem uma porta que vai para um discreto closet com algumas peças de roupa e um banheiro, que poderia ser definido como um spa. Todo revestido em mármore carrara e, todos os acessórios do banheiro acompanham a arquitetura: banheira, pia, e outros. Com muito bom gosto e seus valores de milhares e milhares de dólares.
Ele colocou sua pasta na mesa e logo que sentou na cadeira ligou para seu amigo Jonas, sem exitar. O telefone tocou umas duas vezes e logo Evans ouve a voz do amigo.
Jonas: Oi Evans, bom dia! Agora estou acordado... hahahahaha
Já era quase meio-dia e Jonas ainda estava tomando seu desjejum. Segunda-feira era sempre o dia de descanso dele, porque os eventos que organizava tomavam muito seu tempo. Nas segundas ele dormia até tarde e tirava para curtir um pouco.
Evans: Peço desculpas novamente por incomodar você tão cedo hoje.
Jonas: Acredito que tenha sido por uma boa causa. Conseguiu alguma coisa?
Evans: Pede para pesquisarem o nome das mulheres na lista, mas não acharam nenhuma com as características que dei. Perdi um tempo da minha manhã procurando o nome daquela garota em vão.
Jonas: Sinto muito. Depois posso conversar com a Sarah para saber se ela sabe quem foi que levou a moça para trabalhar na festa. Como te falei, ela contrata e às vezes dependendo do local os contratados podem levar mais uma pessoa.
Evans: Na verdade estou te ligando para dizer que vi a garota.
Jonas: Como assim? Onde?
Evans: Atravessando a faixa de pedestre na minha frente. Ela estava de com o uniforme daquela escola Municipal MM, lembra qual é?
Assobia do outro lado e diz:
Jonas: Cara, tem realmente algo magnético nisso. E já mandou procurar por ela?
Evans: Acabei de chegar na empresa. Providenciarei a busca.
Ele se despede de Jonas e desliga o telefone. Pega uma peça de decoração na mesa e a observa com admiração. Logo pede para a Srta. Mirtes chamou o Sr. Frederico e pede que após a saída dele avise o seu pai que ele já está na empresa.
O Sr. Frederico é segurança do Evans desde a sua adolescência. Ele é considerado um amigo, claro que com os devidos respeitos e considerações. Eles viajam juntos e sempre que tem oportunidade, Evans conversa com ele sobre a família do Sr. Frederico e assuntos variados. Após alguns minutos Evans ouve três batidas na porta. Ele diz para a pessoa entrar e o forte Sr. Frederico aparece muito bem alinhado vestindo terno preto e camisa branca. Os sapatos pretos impecáveis. Ele tem a pele bronzeada, mede aproximadamente um metro e noventa e tem quarenta e sete anos, mas com todo o cuidado que tem com a aparência, aparenta menos idade.Mesmo tendo algumas liberdades com o Sr. Evans, o Sr. Frederico sabe muito bem seu lugar e que também deve estar sempre pronto para protegê-lo e ajudar no que for preciso. Já passaram por muitas coisas e Sr. Frederico está sempre pronto e atualizado nas suas habilidades. Discretamente ele anda armado e sabe estrategicamente onde ficar quando sai com o Sr. Evans
Mayara atravessa a rua encantada com a cor azul daquele carro. Era uma cor diferente e um carro diferente, ela pensou. Atravessou a outra faixa e mais alguns passos alcançou o ponto de ônibus onde ficou por um bom tempo esperando. Seu ônibus chegou, ela entrou e logo se acomodou em uma cadeira no canto, próximo da janela. Ainda não era horário de pico e o coletivo estava consideravelmente com as cadeiras vazias. Ela sempre achava o máximo conseguir sentar, pois sempre que sai da escola em horário normal é um verdadeiro inferno entrar no ônibus e achar lugar para sentar, pode esquecer. Ela tentou dar uma cochilada no trajeto para casa, mas não aproveitou muito, porque as três vezes que tentou fechava os olhos tinha a imagem daquele homem na sua frente. Ela não queria pensar nele. Já que não conseguia nem tirar seu cochilo habitual no ônibus ela começou a fazer sua rota de hoje, entre tarefas e diversão. Quando chegasse arrumaria a casa, faria a leitura do texto para a prova de amanhã
Evans precisou se ausentar do país. E recebeu informações sobre a moça somente quando estava chegando em Toronto, no Canadá. Era a empresa norte-americana que precisava pessoalmente tirar uma pessoa que estava prejudicando os negócios.O Sr. Christian, deu ao seu irmão mais novo, Francis a oportunidade de dirigir a empresa instalada em Toronto. Filho do segundo casamento do pai, Francis tinha 30 anos, alto e forte, um homem moreno, cabelos negros e com uma beleza grega, característica bem definida herdada graças à sua mãe que era grega. Ele também era pura ambição. Ele queria a empresa em Toronto e agia de forma tão inadequada que estava levando-a a queda e até mesmo a possibilidade de fechamento.Evans interviu de forma sutil, deixando no lugar de seu tio uma pessoa de sua inteira confiança. Francis por sua vez não ficou satisfeito com a mudança, o simples cargo de gerente não era o que ele almejava. E o seu sobrinho poderia contar que certamente teria problemas futuros com ele.----
Mayara nunca se preocupou com o que as pessoas pensavam em relação a ela e as suas escolhas, que eram poucas, devido à tenra idade. Mas no seu coração ela queria alçar altos voos e sabia que somente com muito esforço alcançaria seus objetivos. Mesmo assim, com toda determinação, a opinião dos pais acabavam pesando nas suas escolhas. Então como havia tido alguns problemas por causa do irmão que inventava histórias de que ela estava arrumando namorados ela treinava o voleibol somente com a permissão de sua mãe. Os treinos eram durante o período da tarde, então não tinha como seu pai saber. Ele trabalhava em horário integral, das 8 da manhã às 18 horas, na indústria têxtil Solis, da família de Mariana, noiva de Evans.Ela é uma excelente jogadora de vôlei, muito aplicada e dedicada, participou de algumas competições com o time da escola e ouviu dizer até que haveria possibilidade de algum time profissional contratar atletas que participam de equipes de escola para fazer parte da equipe.
No final do mês de outubro, terça-feira, Mayara segue a rotina de seu dia. Levantou as cinco horas da manhã, arrumou-se para a escola, ligou para sua amiga Flávia acordar. Se encontram no ponto de ônibus. No caminho da escola planejavam como seria comemorado o aniversário de 18 anos dela, no sábado. Encontrou com Kadu na escola e os dois amigos foram embora, como de costume em dias de treino. E ela ficou na escola para treinar. Entrou no vestiário, tirou a roupa de uniforme e vestiu o uniforme de treino, um short de lycra e uma blusa de malha, porém justa que a deixava mais confortável, como uma baby look.No treino, ela e as amigas não perceberam nenhuma figura diferente na quadra até o momento em que ela percebe do lado direito da arquibancada uma silhueta de um homem que olhava para ela. Ela sentiu seu corpo estremecer. A luz do sol a deixou meio confusa, mas ela percebeu que o homem que a olhava não estava de terno, mas estava com uma camisa de malha cor salmão, uma calça esporte
Evans no caminho de casa ligou desorientado para Jonas.Jonas: Oi Evans! Já está de volta no Brasil? Voltou quando?Evans: Estou sim. Preciso falar com você urgente. Precisa ser pessoalmente.Jonas: O que aconteceu?Evans: Podemos encontrar no bistrô Lavinnye?Jonas: Estou indo para lá.O Bistrô Lavinnye era um restaurante chique, despretensioso que servia bebidas e alguns lanches deliciosos. Com mesas e cadeiras altas dispostas do lado de fora e coberto com um suntuoso toldo, lembrando bem o estilo dos bistrôs franceses. Situado em frente a uma pequena praça e próximo haviam outros bares. A chegada de Evans no local não causava muito impacto, porque naquela hora estavam somente a proprietária e um funcionário, mas mesmo assim, ele não deixou de chamar atenção com aquela beleza européia. Ele desceu do carro e pediu uma cerveja artesanal frutada. Ela era fabricada pelos proprietários do bistrô. Já havia tanto tempo que ele não passava ali, que resolveu saborear aquela preciosidade. E
A semana para Mayara foi muito estranha, não conseguia relaxar preocupada com a saída da aula e do treino. ela queria encontrar aquele homem, mas não queria. Ela estava com muitos sentimentos tomando seu coração. Kadu a acompanhou até o ponto de ônibus nos dias em que não havia treino e só não a acompanhou na sexta-feira. Flávia estava preparando a festa de aniversário e precisava ir à loja de materiais de festa para comprar algum souvenir.Evans contra sua vontade não foi na escola de Mayara. Ele estava pensando o que fazer para alcançá-la em seu território conforme instruções de Jonas. Ele sabia que era aniversário dela na sexta-feira, pois estava registrado em seu dossiê, pensou em um presente que daria a uma adolescente em período de transição onde começa a deixar as coisas de criança e está se tornando uma mulher.Mayara nunca teve festa suntuosa de aniversário. A família é muito grande e sempre é complicado fazer um bolo, quem dirá fazer um baile de debutante. Por isso, para ela
-----O Sr. Frederico passa pela secretária que olha intrigada para aquele volume. Ele aperta o elevador para descer e de repente um silêncio estranho surge na recepção. Ele olha para Mirtes e sente que ela quer perguntar alguma coisa, mas ele é salvo pelo elevador que logo chega e a porta se abre. Ele entra e aperta o andar térreo. Ele alcança o carro imponente, um Honda Civic preto, destrava o alarme, entra no carro e coloca o presente no banco do carona.É sexta-feira e já passa das treze horas, Mayara está chegando em casa. Foi um dia muito estressante na escola, com muitos trabalhos em grupos. Ela ficou chateada porque os colegas de sala não lembravam do aniversário dela. Mas seguiu a rotina normalmente. Foi para o ponto de ônibus sozinha. Entrou no coletivo e não tinha lugar para sentar, foi em pé com sua bolsa a tiracolo dependurada no ombro.Entrou em casa, exausta e, como sempre, deixou seu material no quarto e foi tomar banho. Ligou o chuveiro e começou a lavar a cabeça. Peg