― Rowan, que brincadeira boba! — Faith exclamava, gargalhando de felicidade, enquanto Rowan a ajudava a saltar do carro. Ele lhe vendara os olhos, pois tinha uma surpresa.
— Você vai gostar! Tenho certeza!
Rowan a conduziu pela mão até um certo local, a fez subir dois degraus e pediu que ela esperasse um pouco.
Já fazia um mês desde que Henry fora preso e Ursulla morrera, e tudo estava finalmente voltando ao normal. Por incrível que pareça, Rowan não quis nem saber da irmã. Fora a pessoa que mais o decepcionara em toda vida, e ele mal contara o que acontecera para sua mãe. Que ela permanecesse pensando que sua filha já estava morta há vários meses e não que e
Pela primeira vez em muito tempo, Lolla DeWitt sentia-se jovem novamente. Suas mãos cansadas não pareciam mais tão pesadas e sua cabeça não doía como antes. Ela quase sentia sua alma sorrir e o coração pleno. Tinha certeza de que sua hora estava chegando. Para muitos seria um momento de tensão e lamentos, mas não para uma mulher espiritualizada como ela, afinal, conhecia as leis do céu e da terra, e não tinha nada para reclamar da vida que levara – amara, fora amada, tivera lindas filhas e preciosas netas que lhe davam alegrias imensas. Sonhava apenas em poder encontrar a filha perdida que abandonara Tatianna e deixara para trás tudo que construíra. Não havia muitas coisas que lhe pertencessem, mas o pouco que tinha saberia dividir igualmente entre suas meninas, Faith, Cailey e Tatianna. E o que n&ati
Amaranto"O Amaranto é a flor que simboliza a imortalidade ou a vida eterna. É a flor do cemitério, pois nunca morre." Na verdade tudo começou com uma morte. Lolla DeWitt partiu em um sono tranquilo, sem dores nem sofrimento, exatamente como merecia. Sua doença, o câncer, nunca a impedira de nada, seus últimos anos de vida foram bem vividos, e ela soubera aproveitá-los. Tanto que seu velório estava cheio de pessoas que a amavam, admiravam, e outras até que mal a conheciam, mas que já tinham ouvido falar de sua habilidade pouco comum. Desde menina sonhava com coisas e elas aconteciam. Por esse motivo, salvou vidas e destinos, deu bons conselhos e ajudou muita gente, não im
Ainda chorando sozinha em sua estufa, Faith ouviu a voz de alguém a chamá-la. Sem demora, ela limpou as lágrimas e tentou disfarçar sua dor. Quem chamava era Thomas, um rapazinho de dezesseis anos que vivia sozinho desde que fugira de um orfanato em outra cidade, e tanto Faith quanto Lolla davam-lhe dinheiro para que ele fizesse pequenos serviços. — Thomas, hoje não vou abrir a loja. Pode ir descansar, se quiser! — Sra. Connor, sinto muito pela morte da D. Lolla. Ela era boa demais para mim — o rapazinho começou a chorar, e Faith teve certeza de que não suportaria aquela cena. Assim como ela, Thomas também já tivera perdas suficientes em sua vida, e ao invés de aquilo tudo se tornar mais fácil de suportar, ficava cada vez mais difí
Quando Faith terminou de ler, estava tão emocionada quanto confusa. Chorava copiosamente acompanhada pelas outras duas, que também não conseguiram se conter. Nada do que sua avó lhe escrevera fazia muito sentido. Então ela já sabia que iria morrer e não contou para ninguém? Era bem típico de Lolla não querer preocupar as pessoas que amava. Bem, mas essa parte, apesar de extraordinária, era compreensível. O que não conseguiu entender foi o pedido que recebeu. Como aquilo tudo que Lolla pedira poderia alterar seu destino? — O que você vai fazer, Faith? Vai atender ao pedido? — Tatianna queria saber. — É claro que ela vai atender! — Cailey in
Rowan Allers mantinha um ritual em sua vida; todas as sextas-feiras ele colocava flores no túmulo da irmã. Ursulla as adorava enquanto viva, e ele queria que o lugar onde ela repousaria por toda a eternidade ficasse sempre belo, com um aspecto de vida e não de morte. Aquele era um compromisso que não deixara de cumprir desde que ela se fora, sete meses atrás. Ainda sofria com a morte prematura da única irmã. Apesar de serem de sexos diferentes e terem gostos e formas de pensar distintos, eram amigos inseparáveis. Sentia falta de chegar tarde do trabalho e ver que ela o estava esperando na sala, para falar sobre seu dia ou sobre um novo namorado. Sempre foram assim desde crianças e ainda seriam se ela não tivesse morrido. Nunca encontrara ninguém ali e, por serem
Faith passou a noite inteira pesquisando coisas sobre Ursulla Allers na internet e acabou dormindo com a cabeça debruçada sobre a mesa, mal percebendo a hora passar enquanto lia sobre a jovem. Alguns jornais mencionavam coisas sobre sua vida e concordavam que era uma boa moça, de uma família bastante proeminente. Ao ler tudo aquilo, Faith agradecia por não ser uma pessoa interessante para a mídia. Exatamente como Rowan dissera, eles transformaram toda a história em um circo e conseguiram perturbar uma alma que precisava de descanso. Acordara, portanto, com o telefone tocando ao seu lado, fazendo um barulho mais estridente do que o normal. Estava exausta e teria amaldiçoado quem ligava se não fosse Tatianna do outro lado da linha. — Prima? — Tatianna chamou, perceb
Voltou para casa com o céu já escuro e se deu conta de que nem percebera o tempo passando tão rápido. Era bom desligar-se do mundo por um tempo, deixando de se preocupar com todas as coisas que a afligiam. Costumava ser assim antigamente, quando tinha uma vida mais simples, sem complicações, cheia de sorrisos e notícias boas, vivendo apenas cercada por suas flores e pelas pessoas que amava. Não se dera conta do quanto aquelas coisas faziam falta até se sentir tão bem na companhia de amigos tão queridos. Porém, não contava em sair da casa dos Ruther e perder todo aquele clima de felicidade que reconquistara depois de tanto tempo. Assustou-se, portanto, quando chegou em casa e viu a irmã com uma expressão muito estranha, sentada à sua porta. Correu para ela, rezando para que não fosse nada grave
Depois que Cailey foi embora bem cedo no domingo, Faith ficou muito ansiosa, esperando pelo contato de Steve. Pelo menos com a irmã ali, ela se sentira distraída e se esquecera um pouco do caso. Mas ao se ver sozinha, não conseguia parar de pensar no rosto bonito de Rowan, tão cheio de dor e sofrimento. Queria ajudar. Claro que ele não era o único motivo pelo qual desejava descobrir alguma coisa. Era principalmente por causa do resto da família da moça e pela estranha ligação que sentira com ela. Nunca tivera uma “visão” com alguém que não conhecia e, por esse motivo, não poderia ter sido em vão. Porém, acabou passando o dia inteiro sem resposta e foi somente na segunda-feira que recebeu qualquer notícia de Steve. Ele apareceu em sua estufa bem cedo, com duas pastas nas mãos. Com certeza tivera um imenso trabalho para juntar todas aquelas informa&