Em sua floricultura, Faith estava completamente distraída. Não conseguia parar de pensar na possibilidade de Henry não ter morrido. Por várias vezes, aquele pensamento a deixava confusa. Na maioria delas, tentava se convencer que estava ficando louca e que aquilo não era possível, mas a verdade era que tudo fazia muito sentido. O corpo dele nunca fora encontrado, e sua visão com os diferentes tipos de flores era uma mensagem clara: Lembrança eterna, Arrependimento, Proteção e Ciúme. O que ela apenas não entendia era por que precisaria de proteção contra Henry, mas sabia que era algo que descobriria em breve. Entretanto, não deixou de ficar preocupada com a possibilidade de Henry não ser mais a pessoa que ela conhecera, ou pior ainda, talvez ele nunca tivesse sido o homem que ela pensava que conhecia.
Enquanto Faith dormia, tentando exorcizar seus demônios, Steve aproveitava que nenhum dos Granger estava em casa para fazer uma visita ao hospital onde ela ficara internada depois do acidente. Não sabia se descobriria alguma coisa ali, mas havia uma chance. Ele logo foi à recepção e, depois de mostrar o distintivo para conquistar um pouco mais de respeito, pediu o nome do médico que cuidou de Faith naquela época. Depois de checar no computador, a mulher lhe falou um nome, mas logo em seguida informou que ele não trabalhava mais lá. — Há quanto tempo o Dr. Lynn não faz mais parte da equipe? — perguntou ele.
― Para mim, não há explicação mais lógica. Um é o assassino, e o outro, a vítima. Não acredito que ambos tenham sido sequestrados por uma terceira pessoa — Jayce afirmou para Steve quando já estavam juntos na delegacia. — Merda! Nenhuma outra pessoa pode morrer por causa desse louco! Mas como vamos encontrá-lo? — Steve reclamou cansado. — Estava apenas esperando que você chegasse para irmos até a casa dos Granger. — Você acha que é ele, não acha? — Faz todo o sentido, Steve! Alguma das Kappa House matou Melinda e ele quis se vingar. Ele tentou nos enganar
― Rowan, que brincadeira boba! — Faith exclamava, gargalhando de felicidade, enquanto Rowan a ajudava a saltar do carro. Ele lhe vendara os olhos, pois tinha uma surpresa. — Você vai gostar! Tenho certeza! Rowan a conduziu pela mão até um certo local, a fez subir dois degraus e pediu que ela esperasse um pouco. Já fazia um mês desde que Henry fora preso e Ursulla morrera, e tudo estava finalmente voltando ao normal. Por incrível que pareça, Rowan não quis nem saber da irmã. Fora a pessoa que mais o decepcionara em toda vida, e ele mal contara o que acontecera para sua mãe. Que ela permanecesse pensando que sua filha já estava morta há vários meses e não que e
Pela primeira vez em muito tempo, Lolla DeWitt sentia-se jovem novamente. Suas mãos cansadas não pareciam mais tão pesadas e sua cabeça não doía como antes. Ela quase sentia sua alma sorrir e o coração pleno. Tinha certeza de que sua hora estava chegando. Para muitos seria um momento de tensão e lamentos, mas não para uma mulher espiritualizada como ela, afinal, conhecia as leis do céu e da terra, e não tinha nada para reclamar da vida que levara – amara, fora amada, tivera lindas filhas e preciosas netas que lhe davam alegrias imensas. Sonhava apenas em poder encontrar a filha perdida que abandonara Tatianna e deixara para trás tudo que construíra. Não havia muitas coisas que lhe pertencessem, mas o pouco que tinha saberia dividir igualmente entre suas meninas, Faith, Cailey e Tatianna. E o que n&ati
Amaranto"O Amaranto é a flor que simboliza a imortalidade ou a vida eterna. É a flor do cemitério, pois nunca morre." Na verdade tudo começou com uma morte. Lolla DeWitt partiu em um sono tranquilo, sem dores nem sofrimento, exatamente como merecia. Sua doença, o câncer, nunca a impedira de nada, seus últimos anos de vida foram bem vividos, e ela soubera aproveitá-los. Tanto que seu velório estava cheio de pessoas que a amavam, admiravam, e outras até que mal a conheciam, mas que já tinham ouvido falar de sua habilidade pouco comum. Desde menina sonhava com coisas e elas aconteciam. Por esse motivo, salvou vidas e destinos, deu bons conselhos e ajudou muita gente, não im
Ainda chorando sozinha em sua estufa, Faith ouviu a voz de alguém a chamá-la. Sem demora, ela limpou as lágrimas e tentou disfarçar sua dor. Quem chamava era Thomas, um rapazinho de dezesseis anos que vivia sozinho desde que fugira de um orfanato em outra cidade, e tanto Faith quanto Lolla davam-lhe dinheiro para que ele fizesse pequenos serviços. — Thomas, hoje não vou abrir a loja. Pode ir descansar, se quiser! — Sra. Connor, sinto muito pela morte da D. Lolla. Ela era boa demais para mim — o rapazinho começou a chorar, e Faith teve certeza de que não suportaria aquela cena. Assim como ela, Thomas também já tivera perdas suficientes em sua vida, e ao invés de aquilo tudo se tornar mais fácil de suportar, ficava cada vez mais difí
Quando Faith terminou de ler, estava tão emocionada quanto confusa. Chorava copiosamente acompanhada pelas outras duas, que também não conseguiram se conter. Nada do que sua avó lhe escrevera fazia muito sentido. Então ela já sabia que iria morrer e não contou para ninguém? Era bem típico de Lolla não querer preocupar as pessoas que amava. Bem, mas essa parte, apesar de extraordinária, era compreensível. O que não conseguiu entender foi o pedido que recebeu. Como aquilo tudo que Lolla pedira poderia alterar seu destino? — O que você vai fazer, Faith? Vai atender ao pedido? — Tatianna queria saber. — É claro que ela vai atender! — Cailey in
Rowan Allers mantinha um ritual em sua vida; todas as sextas-feiras ele colocava flores no túmulo da irmã. Ursulla as adorava enquanto viva, e ele queria que o lugar onde ela repousaria por toda a eternidade ficasse sempre belo, com um aspecto de vida e não de morte. Aquele era um compromisso que não deixara de cumprir desde que ela se fora, sete meses atrás. Ainda sofria com a morte prematura da única irmã. Apesar de serem de sexos diferentes e terem gostos e formas de pensar distintos, eram amigos inseparáveis. Sentia falta de chegar tarde do trabalho e ver que ela o estava esperando na sala, para falar sobre seu dia ou sobre um novo namorado. Sempre foram assim desde crianças e ainda seriam se ela não tivesse morrido. Nunca encontrara ninguém ali e, por serem