#4 Contra a parede

Com o olhar sério sem desmonstrar nenhuma impatia, o homem à frente do casal pois se a se pronunciar:

— Olá! O meu nome é Gean. Trabalho como segurança do senhor Gabriel William. O meu patrão está do lado de fora, dentro do seu carro, solicitando a presença dos dois. - Falou o segurança, se pondo de pé e olhando os dois à sua frente. 

— Perdão, mas não podemos sair daqui agora. - respondeu senhor Bento, com os olhos franzidos. 

— Pelo bem da filha de vocês. Acho melhor vocês irem. - relatou Gean, sem nenhuma preocupação na voz- 

— O que tem a minha filha? - Emília o encarou com os olhos arregalados- 

— Não sou eu que vou lhe responder, senhora. E sim, o meu patrão! 

Sem esperar resposta, Gean saiu do restaurante. Bento olhou para a sua esposa, que aparentava angústia. E se vendo sem saída. Seguiram para fora do estabelecimento. 

Do lado de fora. Gabriel olhava para frente. O semblante cansado no rosto. E com uma voz desafiadora. Simplesmente disse, sem olhar os dois do lado de fora:

— Entre no carro! 

Emília encarou o esposo e apertou o braço do mesmo. Estava com medo, mas preocupada com sua filha. Sabia perfeitamente quem era Gabriel William. E sabia da sua natureza rude. O que o dinheiro e o poder não faz, né? Ninguém, hoje nessa cidade, foi louco o suficiente para enfrentar o tão frio e calculista Gabriel. 

Gean abriu a porta do carro, indicando para Bento sentar atrás junto de Gabriel. E Emília à frente, junto do motorista. Com os dois no carro, o motorista deixou o local. Gean entrou no carro dos companheiros atrás e seguiram o carro do patrão. 

O silêncio reinava no carro. Emília estava apreensiva no banco da frente, não conseguia olhar para nenhuma direção. Na sua cabeça só vinha a sua filha, e o medo do que poderia ter acontecido a ela. Bento ficou ali, olhando atento a esposa do lado do motorista. 

O medo de que o homem pudesse fazer algo à sua amada esposa tomou conta de si. Já Gabriel tinha sua postura ereta, uma bengala entre em meio às pernas, com as duas mãos postas sobre ela. E um olhar sombrio nos olhos. 

Chegaram num grande prédio. O mais alto de todos ao redor. Com um grande 'W' no topo da mesma. Os seguranças do carro atrás estacionaram. E Gean saiu indo na direção do patrão, e abriu a porta para que o mesmo saísse do veículo. 

Logo abriu a porta para Emília e lhe estendeu a mão para ajudá-la a sair do veículo. Bento saiu do carro e apressou os passos até a sua esposa. Gabriel começou a andar na frente dos dois, com a postura ereta e a bengala o ajudando a se equilibrar. Os seguranças atrás de Bento e Emília os fizeram acompanhar. 

Na porta de entrada, dois seguranças tão grandes quanto Gean. Reverenciaram-se ao homem, que nada fez a não ser passar por eles como se não os tivesse visto. Já no prédio. As pessoas que ali dentro estavam pararam no mesmo instante o que faziam, e se mantiveram de pé. Se reverenciando assim como foi feito pelos seguranças na porta. 

Gabriel seguiu com a sua postura de superior até chegar na porta do elevador. Que já se encontrava aberta à sua espera. Graças à moça que, já preparada, chamou pelo elevador. Gabriel entrou, e o segurança Gean, com outro segurança, entrou na companhia de Bento e Emília. A porta do elevador se fechou e os levou até o último andar. Quadragésimo segundo andar. 

Assim que a porta foi aberta, e sem esperar por ninguém. Gabriel saiu e seguiu na direção da última porta do corredor. Já na sala. Uma sala enorme e muito bonita. Gabriel se sentou confortavelmente na sua poltrona almofadada. E deu a ordem para que Emília e Bento se sentassem nas poltronas à sua frente. 

— Sou um homem que gosto de ir direto ao que interessa. Então, sem meios termos. Sua filha está sobre o meu poder. 

Gabriel foi interrompido por Emília, com o choro desesperado que ecoou pela sala. 

— Quanto antes resolvermos, melhor. — Falou Gabriel sem emoção e uma pitada de raiva- 

— O que você pretende sequestrando a minha filha? Pelo amor de Deus, ela é o nosso bem mais precioso. 

Bento falou enquanto abraçava a sua esposa, tentando consolá-la. Mas também se encontrava desesperado. 

— Quero que a filha de vocês se case com o meu filho. — Respondeu Gabriel- 

— Como é? Mas que absurdo é esse? 

Bento alterou a voz, enquanto encarava Gabriel com raiva. Já Emília olhou para o esposo em espanto.

Gabriel colocou sobre a mesa, o celular que estava na sua mão. A imagem que estava na tela, era de Ana amarrada em uma cadeira com os olhos vendados. Emília se apavorou ao ver a imagem no celular do homem. E as lágrimas despencaram novamente do seu rosto. 

Já Bento se levantou de seu lugar e quis partir para cima do mais velho. Mas foi impedido pelo segurança Gean. 

— Vou falar só uma vez. Ou vocês assinam o contrato que os darei para que a filha de vocês se case com o meu filho. Ou, do contrário. Nunca mais a verão. 

Bento se sentou e colocou as mãos nas têmporas. Emília, ainda entre o choro, disse: 

— Por que você está fazendo isso com a minha filha? Tenho certeza de que poderá arrumar outra moça para que se case com o seu filho. Uma moça que até esteja à altura de vocês. Somos pobres…! Ana, não seria uma boa nora para você. 

— Julgo quem vai ser boa ou não para meu filho. Agora, se eu fosse vocês. Assinava logo esse documento. Como vocês podem ver. Não tem outra opção. — Gabriel os olhou frio e a sua voz saiu rude- 

— Tenho uma escolha sim. Posso muito bem ir até a polícia. E contar a eles que sequestrou minha filha! — Respondeu Bento, já sem paciência- 

— Faça isso! E eu garanto que nunca mais verão a filha de vocês! 

— Bento Por favor! Eu não posso perder a minha filha. Acho melhor concordar com ele. Você sabe como ele é.

Emília olhou no fundo dos olhos do marido, enquanto dizia essas palavras com os olhos cheio de lágrimas. 

— E o que será da Ana, se concordarmos com isso? E se ela nunca perdoar a gente? — Respondeu Bento, em forma de pergunta. A essas horas, os seus olhos já lacrimejaram- 

— Ela vai nos perdoar. Mas não podemos arriscar, de deixar que eles machuquem a minha filha. — Emília voltou o olhar para Gabriel à sua frente- 

— Nós assinamos o documento. Mas quero saber primeiro porque minha filha? E quem é o seu filho? 

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