Foi por volta da meia-noite e meia quando o voo de Theo pousou no aeroporto da Califórnia. Theo estava desolado; por hora, a única coisa com que ele se preocupava era ir até o hospital onde Ana estava internada. Assim que pisou no aeroporto, Marlon já o esperava, já que há meia hora atrás, Theo havia avisado que estaria chegando. Os dois seguiram direto para o hospital, e entre eles foram ditas poucas palavras. Theo estava calado demais, apenas olhando para fora da janela do carro em movimento.— Cara! Ela está fora de perigo agora! Já a levaram para o quarto. Até a dona Maria e a Dona Bárbara vieram vê-la... — eram palavras ditas por Marlon na intenção de acalmar o amigo. Mas não pareceu dar muito certo, já que em poucas palavras Theo cortou suas falas, sem nem olhar para sua direção. — Só vou acreditar que ela está bem quando eu a ver pessoalmente. — Eu entendo! Mas precisa se acalmar um pouco, e ser forte. O seu sogro... O senhor Bento vai te causar muitos problemas. Sabe disso m
Estava bem tarde, e Theo dormia tranquilo, com sua cabeça repousada sobre a cama de Ana. Sentiu uma mão leve tocar seu ombro e a voz de sua sogra, Emília, soar calma em seus ouvidos. Bastou apenas isso para desapertar e voltar o olhar para a sogra, de sorriso gentil.— Meu querido, você deveria ir para casa. Teve um voo cansativo, que eu sei. Você deveria descansar — relatou a senhora Emília, preocupada com o genro. Ele, por outro lado, não demonstrou vontade de sair dali. Seus olhos de menino pidão repousaram sobre os dela, para em seguida voltar para o rosto pálido de Ana, e sua mão segurou firme a dela. Emília sorriu com a cena. Como era possível sua filha cabeça oca não ver o quanto esse rapaz era apaixonado por ela?— Não estou cansado! E, se a senhora me permitir, eu gostaria de ficar aqui com ela. — Tem certeza de que o melhor é você descansar em casa e voltar pela manhã mais disposto. — insistiu uma vez mais a senhora Emília, se compadecendo da cena de Theo, com os olhos meig
O silêncio no quarto fez Ana ficar pensativa. Todos os seus pensamentos eram voltados para Theo, enquanto seus olhos o avaliavam. Ele era lindo, não podia negar. Sempre foi. E essa beleza já a fez sentir-se muito estranha na época da escola, quando as moças do colégio ficavam secando ele. Elas eram displicentes o suficiente para deixá-la nervosa. Com esses pensamentos, não soube que horas dormiu, mas o sonho que teve foi bom. Os olhos de Theo abriram quando a luz do sol ultrapassou a janela, atingindo seus olhos perfeitamente belos. Ele estava meio aéreo, e sentia uma leve dor no pescoço pelo mal jeito que dormira. Theo levantou a cabeça, conferindo Ana ainda adormecida. A preocupação com sua baixinha o atingiu em cheio. Levantou-se, aproximando-se dela o máximo que conseguiu, conferindo sua respiração, que, por sorte, estava serena e calma. Contudo, respirou fundo e ficou ali, observando-a dormir. A pele do rosto de Ana já não tinha a tonalidade pálida da noite passada, o que o de
Os olhos dele se prenderam nela mais uma vez. Até voltar a razão e notar que ela saiu da cama. — O que você... Ana, porque saiu da cama? Você... — atordoado ele a repreendia. Já ela, sorriu com o cuidado que recebia dele. Sentiu a mão dele segura a sua, e notou ele tentar a guiar na direção da cama. Mas ela o impediu, estava se sentindo bem o suficiente para estar ali. E queria a todo custo mudar seu destino. Sabia que a hora era aquela, se esperasse mais, poderia não ter coragem de fazer o que tinha em mente.— Espera Theo. — Ana! Deveria estar deitada...— Me desculpa! — Para de me pedir desculpa Ana. Eu que deveria... — Ana interrompeu suas falas mais uma vez. Parecia mesmo decidida em estar ali. E sem muito o que fazer, ele apenas se manteve ao lado dela, esperando o que vinha a seguir. — Não deveria não! Sabe Theo. Fechei meus olhos por muito tempo. Mas estou cansada... Quero mudar... Mudar por mim, por você... Por nós! Acha que seria possível?Surpreso, era assim que ele esta
Meu nome é Ana Mayra. Vivo na cidade de São Francisco. Califórnia. Tenho vinte e cinco anos. E vi minha vida vira do avesso. Graças a um homem, que por capricho me forçou a casar com o seu filho. Mas vamos por partes. Vou contar a vocês a história desde o começo. Meus pais, Bento Alves e Emília Alves. São donos de um restaurante. Desde nova, aprendi a valorizar o árduo trabalho. Os dois desempenham bem esse papel. Mas não faltava tempo para o amor e o carinho de ambos comigo. Estudava em uma escola aqui em São Francisco. E como melhor amiga, confidente e até irmã, filha de outra mãe. Tenho ao meu lado, Alexa. Naquela época, eu tinha apenas doze anos, e Alexa Treze. Moramos na mesma rua, desde que me entendo por gente. Na escola tinha muitos amigos. Mas, em compensação, tinha o menino a quem eu julgo como peste. O seu nome. Theo. Theo tinha a aparência de anjo, mas a mente de um demônio. Os seus lindos olhos azuis-claros, os seus cabelos castanhos que de longe aparentavam ser mac
Aquilo foi o fim da picada para Ana. Enquanto o abusado pronunciava o apelido que ela tanto detestava. Ele se aproximou, e elevou a mão na direção do queixo de Ana, apertando sem colocar força. Os olhos de Ana o fuzilou, e retirou a mão dele do seu queixo. Com passos rápidos. Ana deixou o seu lugar que antes era de seu sossego. Mas que agora foi invadido pelo homem que adora a deixar zangada. Vendo ela sair da biblioteca. Theo deixou um sorriso escapar. E logo sai da biblioteca indo na mesma direção que a mulher a sua frente. Rumo a sala de aula. Que para o azar de Ana. É a mesma que a sua. Ana entrou na sala, e o atrevido entrou atrás. Ela seguiu na direção, quase que, no fundo da sala, sentando ao lado de sua melhor amiga, Alexa. Enquanto Theo, sentou ao lado do amigo Marlon. — Você estar com cara de quem aprontou. E pela expressão no rosto de Ana. Arrisco um palpite de que você a perturbou. - Falou o amigo ao lado de Theo. E a expressão sorridente que Theo lhe olhou. Não precis
Ana chegou em casa. Subiu para o seu quarto. Jogou de lado os seus materiais. E seguiu para seu lugar preferido. Um quarto conjugado com o seu, preparado por seu pai para si. Onde ali Ana pintava seus quadros, extravasando as suas emoções na pintura. Um som ligado nas músicas que a espira. Sobre o seu corpo pequeno, o avental para proteger as suas roupas. A sua frente o “cavalete” contendo um “quadro” com a pintura de uma linda paisagem, ainda pela metade. Nas mãos a paleta de tinta, e um pincel. E do seu lado, diversos outros pincéis. Um para cada afinidade ali. Fora várias tonalidades diferentes de tintas. Ana, distraída, não viu a porta do quarto ser aberta. E a sua querida mãezinha se aproximar abraçando lhe por trás. Um beijo no seu rosto. E Ana Sorriu. — Oi, minha querida. Como foi o dia na universidade hoje? - Falou a mãe de Ana. Dona Emília, enquanto ainda a mantinha envolvida no seu abraço- — Foi bom, mamãe! Tirando um certo incômodo. — Deixa eu adivinhar. Theo!? — Exa
Com o olhar sério sem desmonstrar nenhuma impatia, o homem à frente do casal pois se a se pronunciar:— Olá! O meu nome é Gean. Trabalho como segurança do senhor Gabriel William. O meu patrão está do lado de fora, dentro do seu carro, solicitando a presença dos dois. - Falou o segurança, se pondo de pé e olhando os dois à sua frente. — Perdão, mas não podemos sair daqui agora. - respondeu senhor Bento, com os olhos franzidos. — Pelo bem da filha de vocês. Acho melhor vocês irem. - relatou Gean, sem nenhuma preocupação na voz- — O que tem a minha filha? - Emília o encarou com os olhos arregalados- — Não sou eu que vou lhe responder, senhora. E sim, o meu patrão! Sem esperar resposta, Gean saiu do restaurante. Bento olhou para a sua esposa, que aparentava angústia. E se vendo sem saída. Seguiram para fora do estabelecimento. Do lado de fora. Gabriel olhava para frente. O semblante cansado no rosto. E com uma voz desafiadora. Simplesmente disse, sem olhar os dois do lado de fora:—