#17 Jogando a real

O silêncio do outro lado era incômodo. Theo chamava por Ana, mas não obtinha resposta. Já Ana se manteve calada, processando esse novo sentimento que a pegou de surpresa.

— Foi pra isso que me ligou? Cheguei a pensar que algo tinha acontecido. Olha! Quer saber Theo. Estou ocupada, e vou desligar. - Suas palavras eram grosseiras, nelas escondia todo seu nervosismo causado por ele.

— Eu te amo! 

Foi tudo que Ana escutou antes de encerrar a ligação. Com entusiasmo por ter escutado, mesmo que de uma forma grosseira, a voz de sua amada esposa. Theo deitou sobre a cama, levando com ele o seu celular com a imagem de Ana estampada na tela principal. E ficou ali encarando a foto dela, até pegá no sono.

Ana tinha encerrado a ligação, e permaneceu com o aparelho celular segurando-o firme em suas mãos. O mesmo repousado sobre os seus lábios, e o seu olhar para o vácuo da sala. Nesse momento não precisava mais segurar a respiração. Suspirou pesado, e o seu rosto ainda estava rubro. A porta da sala se abriu e Alexa se aproximou da amiga com um sorriso contagiante. Ana não notou a presença de Alexa. Parecendo estar hipnotizada olhando para o nada.

— Tá tudo bem amiga? Tá vermelha! Aconteceu alguma coisa? Hum? Oiii? Anaa... Porque esta parecendo uma pintura morta? Vamos, desembuxa. O que aconteceu agora? Quem deixou minha amiga nesse estado? Por um acaso foi o... Theo!?

Se aproximando cada vez mais de Ana, Alexa falava em um tom brincalhão com uma pitada de sinfônica musical. Ana ainda perdida em pensamentos só se deu conta de tal aproximação, quando ouviu o nome de quem tomou conta de seus pensamentos.

— O que? Como? Theo? 

Os olhos surpresos de Ana encontraram os de sua amiga. E se não fosse coisa de sua cabeça, Alexa poderia até dizer que o brilho dos olhos da mais baixa, se apagou ao perceber que não era Theo ali, e sim ela.

— Alexa?

— Achou que era o Theo né? Desculpa desapontar!

— O que? Ta doida? Do que esta falando maluca?

— Sei! Vai! Desembucha. O que aconteceu pra deixar você naquele estado? E não vale mentir. 

— Nada aconteceu. O do porquê dessa pergunta agora?

— Talvez porque você estava pensativa demais. Só que de um jeito bem peculiar? Era o Theo não era? Ele te ligou, foi isso?

— Porque essa sua mente louca foi logo pensar no Theo? Não acha que poderia ser algum problema que eu teria que resolver, mas não acho a solução?

— Não, não acho.

— E porque não? Saiba que... 

— Você estava nervosa. Mas um nervosismo diferente. Um nervosismo, eu diria de alguem que acabou de receber uma linda confissão. Sem contar que seu rosto tava vermelho igual uma fruta madura. Então de duas uma: Ou você recebeu uma confissão de um fã maluco. Ou foi do proprio Theo! Prefiro acreditar na segunda opção.

— Você só pode mesmo estar maluca. Vamos tomar um café? Vou pegar pra gente. 

Essa foi a forma que Ana usou para fugir do assunto Theo. E Alexa sabia bem disso. Sem esperar resposta, Ana levantou e saiu apressada rumo a maquina de café espresso que ficava na cozinha emprovisada. Mas claro que Alexa não iria deixar esse assunto morrer. Se levantou do lugar, e seguiu a amiga como um cachorrinho que não quer nada. Mas que no fim acaba sempre aprontando.

___________

Ao cair da noite, após chegar da empresa e resolver uma parte da burocracia que ocorria na sua empresa em Nova York, Theo estava no quarto onde estava hospedado. Tinha sobre o corpo apenas uma toalha enrolada na cintura, por ter saído há pouco do banho. Seus cabelos molhados eram secados por ele com a ajuda de uma toalha extra que tinha nas mãos. Batidas na porta eram contínuas, e ele já podia imaginar quem seria. Theo seguiu na direção da porta e a abriu, revelando seu amigo Lucas.

Lucas era considerado um playboy, um homem de vinte e seis anos, com um corpo musculoso impecável, cabelos cortados em chanel na tonalidade castanho, olhos cor de mel e pele parda. Lucas era apaixonado por Naomi, prima de Theo, mas não deixava de lado sua vida aventureira, já que Naomi nunca quis assumir um compromisso sério com ele. Os dois viviam o que se diz um "relacionamento aberto", uma "amizade colorida". Tanto ele quanto ela se envolviam com outras pessoas. Para Lucas, era um absurdo e uma perda de tempo o amigo Theo ficar tentando fazer Ana se apaixonar por ele, sendo que até o momento não viu nenhum progresso nisso. Na cabeça de Lucas, ele acreditava que o amigo deveria esquecer Ana e procurar alguma mulher que o agradasse na cama. Sabe que ele e Ana estão presos um ao outro para sempre, mas não concorda com Theo sendo fiel a uma mulher que o despreza.

— O que você está fazendo uma hora dessas no meu quarto?  

— Festa do pijama!  

— Rá rá, morri de rir com a piada.  

— Colé, Theo! Por que você acha que eu estaria aqui perdendo meu precioso tempo? É óbvio que vim te tirar dessa sua vida deprimente e levar você para se divertir!  

— E quem te disse que a minha vida é deprimente?  

— Hum! Vamos ver... Você é apaixonado por uma mulher há vida toda e ela nunca te deu bola. Agora se casou com ela e ela te esnoba ainda mais. Você está sem se*xo há um bom tempo e ainda fala que a sua vida não é deprimente?  

— Eu acho que você está louquinho pra morrer hoje!  

— Não! Ainda sou muito jovem pra morrer. O que eu quero mesmo é aproveitar a vida. E você vem comigo!  

— Não vou a lugar nenhum!  

— Você não tá falando sério, tá? Olha como a noite está bonita. E pode apostar que pode ficar ainda mais bonita com várias mulheres ao nosso lado. Hum! O que me diz?

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo