A arrogância de Gabriel não tinha limitis. Falou essas palavras, e Ana sentiu um arrepio tomar conta do seu corpo. Um medo de Gabriel instalou em si. Ana abaixou a cabeça e não disse mais nada. — Não fale assim com ela. O único errado aqui é você. Agora, manda ele soltar ela! — Por que eu faria isso? Você já deixou claro que não a quer. Então, o lugar dela será na clínica. — O que pretende com isso? Pelo amor de Deus. Eu te imploro. Solta ela, pai. — Se lembra do que te disse? Continua valendo!... Mas não sou paciente, como já sabe. Te dou... — Gabriel esticou o braço e aproximou o próprio pulso perto do rosto, conferindo as horas. — Três segundos! Gabriel encarou Théo. E o rapaz encarou seu pai com um fio de esperança de ele nẫo fisesse aquilo. Mas Gabriel estava decidido e preparado. — Levem ela daqui! - Ordenou Gabriel ao enfermeiro, enquanto mantinha os olhos fixos no filho- O enfermeiro pegou Ana pelos braços por cima da camisa de força. Ela se debatia, tentando se livrar
Por ordens do pai. Theo seguiu para o escritório do mesmo, para esperar por ele. Em seguida, Gabriel foi dispensar os enfermeiros. Assim que os mesmos foram embora, Gabriel voltou para o escritório. Escritório esse que ficava no andar de baixo. Poucos metros da porta de entrada e das escadas que davam acesso ao andar acima. Ao entrar no escritório, e procurar pelo filho. Gabriel o encontrou no canto do escritório, os olhos de Théo estavam presos no grande quadro que contém a foto de sua tão amada mãe, Elisa. Abaixo do quadro, uma mesa decorativa com a mesma cor da madeira do quadro. Marrom escuro, com um toque polido em marfim. Gabriel, com a sua voz grossa e autoritária, chamou pelo filho. Théo manteve-se calado e estático, olhando para o quadro de sua mãe, enquanto suas mãos apertavam a mesa decorativa abaixo do quadro. Ato feito por ele, como uma tentativa falha de acalmar. — Seu moleque miserável. Não faça de conta que não está me escutando. — Gritou o mais velho, enquanto se
Foi cerca de 23h. Ana escutou batidas vindas da porta onde era mantida presa. A voz de Théo ecoou em seus ouvidos. Estava sentada sobre a cama com os braços em torno de suas pernas. As lágrimas banhavam seu rosto. Não queria o ver naquele momento, mas ele insistia em chamar por ela. — Ana, sei que está furiosa comigo. Mas eu juro que não sabia de nada disso! O meu pai sempre foi um homem impulsivo. Mas não fazia ideia de que ele seria capaz de tanto. Tentei convencer ele mais uma vez. E... Eu sinto muito, Ana, mas... ele está irredutível quanto ao casamento. Queria muito te ver agora. Queria falar cara a cara com você. Aceitaria me ver? Por favor! Vamos conversar. Só nós dois. — Não sei se consigo te encarar agora, Théo! Eu... — Ana, por favor! — Théo insistiu, e não obteve resposta. Ficou ali parado de frente à porta do quarto por mais um tempo, respirou fundo antes de tomar uma atitude. Coisa que não fez a vida toda. O barulho de chave indicava que a porta do quarto foi destranca
Seis meses depois, Theo se encontrava no escritório da empresa, com o computador à sua frente. Conferia o nível de produção da empresa de Nova York ultimamente. Ouviu batidas na porta e deu permissão para que a pessoa entrasse. A porta se abriu, e por ela passou Marlon, seu melhor amigo e braço direito na empresa.— Temos uma reunião em breve, e você continua olhando para a tela desse computador? — pronunciou Marlon, frustrado, se aproximando.— Já estou indo. Só estava conferindo o nível de produção da empresa de Nova York — respondeu Theo, ainda digitando.— Você viu, né? Eu ia falar com você a respeito disso! A renda, este mês, está muito mais baixa que no mês anterior. — Vou ter que intervir. Está liberado esses dias?— Digamos que tenho um compromisso inadiável com a Alexa! — Longe de mim atrapalhar os seus compromissos. Vou ver se o Lucas vai comigo... Por falar em Lucas, onde aquele sujeito está?— Você ainda pergunta? Tenho pra mim que ele está fazendo algum serviço perto da
Théo saiu do banheiro, apenas enrolado com a toalha na cintura. Ao abrir a porta do quarto, foi surpreendido por uma das empregadas da mansão, que carregava uma bandeja de comida. Os olhos dela percorreram o peitoral desnudo de Théo, e a mulher não disfarçou as malícias que tinha no olhar.— Sara?... O que você está fazendo aqui? — falou Théo, encarando-a com espanto e surpresa.— Boa noite, senhor Théo! A senhora Bárbara pediu para entregar o seu jantar — disse ela, com a voz doce e um olhar sem vergonha, se aproximando dele com a bandeja em mãos.— Coloque a bandeja na mesa atrás de você! — sinalizou com a cabeça na direção da mesa. Ele a viu parar e seguir na direção indicada.— Por que entrou no meu quarto? — Já disse, senhor. A senhora Bárbara pediu que eu entregasse o seu jantar!— Ok. Obrigado! Pode ir agora.Sara se virou na direção da porta e já estava a ponto de sair quando Théo a chamou.— Avise Bárbara que eu quero falar com ela agora mesmo!— Sim, senhor! Sara saiu do q
Nesse exato momento, Ana entrava na cozinha e acabou escutando as palavras ditas por Sara, mas fez-se de desentendida. Entrou na cozinha e viu o olhar espantado de Dona Maria voltado para si. — S-senhorita Ana? — gaguejou Dona Maria. — P-precisa de algo?— Não, Dona Maria! Obrigada! Vim apenas fazer um chá! — respondeu Ana, com toda a sua doçura direcionada à mais velha, enquanto caminhava na direção da máquina de preparo de café, chá e outras coisas. Dona Maria olhou na direção de Sara, que estava de um jeito esnobe, lavando os copos e ignorando totalmente a entrada de Ana.— Eu faço para a senhorita — respondeu Dona Maria, se aproximando de Ana.— Não precisa, Dona Maria! Sério! Eu mesma faço. Obrigada!Bárbara entrou na cozinha no mesmo instante. Sem escutar muito, pôde constatar que algo estava errado ali: Ana estava na cozinha, e Sara a estava esnobando. Isso dava para ver de longe. Bárbara estava começando a perceber o verdadeiro "eu" da jovem Sara.— Oi, minha querida! Está f
Já beirava as seis horas da manhã quando Theo saiu do seu quarto, levando consigo uma pequena mala de mão. Ao passar perto da porta do quarto de Ana, hesitou por um momento. Sabia que ela também acordava cedo para trabalhar na galeria de artes, que montou praticamente sozinha. Apenas aceitou a ajuda de algumas economias dos pais, algo que agora já quitou, devido ao sucesso da galeria. Ana nunca quis aceitar o dinheiro de Theo, mesmo com sua insistência, e isso sempre o deixava um pouco frustrado.Seu sogro, Bento, detestava Theo por tudo o que aconteceu, sempre que o via o tratava com uma frieza eminente. Já Dona Emília parecia compreender a situação de forma mais profunda. Desde o dia em que se encontrou com Theo a pedido dela, para ouvir a história pela versão dele, passou a entender o homem e conseguiu ver o quanto ele amava sua filha. Por conta disso, Dona Emília passou a tratá-lo com mais respeito e consideração.A galeria de Ana, há uns meses e meio, era considerada uma empresa
Meu nome é Ana Mayra. Vivo na cidade de São Francisco. Califórnia. Tenho vinte e cinco anos. E vi minha vida vira do avesso. Graças a um homem, que por capricho me forçou a casar com o seu filho. Mas vamos por partes. Vou contar a vocês a história desde o começo. Meus pais, Bento Alves e Emília Alves. São donos de um restaurante. Desde nova, aprendi a valorizar o árduo trabalho. Os dois desempenham bem esse papel. Mas não faltava tempo para o amor e o carinho de ambos comigo. Estudava em uma escola aqui em São Francisco. E como melhor amiga, confidente e até irmã, filha de outra mãe. Tenho ao meu lado, Alexa. Naquela época, eu tinha apenas doze anos, e Alexa Treze. Moramos na mesma rua, desde que me entendo por gente. Na escola tinha muitos amigos. Mas, em compensação, tinha o menino a quem eu julgo como peste. O seu nome. Theo. Theo tinha a aparência de anjo, mas a mente de um demônio. Os seus lindos olhos azuis-claros, os seus cabelos castanhos que de longe aparentavam ser mac