Já beirava as seis horas da manhã quando Theo saiu do seu quarto, levando consigo uma pequena mala de mão. Ao passar perto da porta do quarto de Ana, hesitou por um momento. Sabia que ela também acordava cedo para trabalhar na galeria de artes, que montou praticamente sozinha. Apenas aceitou a ajuda de algumas economias dos pais, algo que agora já quitou, devido ao sucesso da galeria. Ana nunca quis aceitar o dinheiro de Theo, mesmo com sua insistência, e isso sempre o deixava um pouco frustrado.Seu sogro, Bento, detestava Theo por tudo o que aconteceu, sempre que o via o tratava com uma frieza eminente. Já Dona Emília parecia compreender a situação de forma mais profunda. Desde o dia em que se encontrou com Theo a pedido dela, para ouvir a história pela versão dele, passou a entender o homem e conseguiu ver o quanto ele amava sua filha. Por conta disso, Dona Emília passou a tratá-lo com mais respeito e consideração.A galeria de Ana, há uns meses e meio, era considerada uma empresa
Theo saiu do quarto de Ana e desceu para o andar de baixo. Bárbara, que estava indo em direção à cozinha, parou ao vê-lo.— Vai viajar, Theo? Não me disse nada — A pergunta de Bárbara saiu no automatico, intercalou o olhar na mala e em seu patrão, ja sabendo que a resposta era óbvia.— Vai ser uma viagem de três dias, Bá! Logo estarei de volta — respondeu Theo, já próximo da governanta.— Tudo bem, então! Mas tome cuidado, está bem? — Seus olhos preocupados percorreu na direção do rosto de Theo. Percebendo ali, que algo estava errado. Será que ele e Ana se desentenderam mais uma vez? Esses pensamentos persistiam em sua mente cansada.— Mas você não vai de barriga vazia, não é mesmo? Vamos até a cozinha! Precisa de um café bem reforçado para poder seguir viagem.— Vou dispensar, Bá! Já estou bem atrasado. O Lucas, a essa altura, já deve estar no aeroporto me esperando.— Tudo bem, então! Mas não deixe de comer nada lá, tá bem? Vê se, se alimenta direito. Entendeu!?— Pode deixar, Bá. E
Na galeria de Artes. Ana entrou na galeria, e a sua funcionária que fica na recepção. Se levantou e seguiu na mesma direção que a sua patroa, com alguns recados em mãos. Ana seguiu na direção da sua sala. Entrou e colocou a sua pasta que tinha em mãos sobre a mesa.— Senhorita Ana, bom dia. — Bom dia, Debora! O que temos pra hoje?— Um casal encomendou o seu quadro que foi exposta ontem na galeria.— Ótima notícia! - O sorriso de Ana para a secretaria foi animador. Essa era uma ótima notícia para os negócios.— Uma moça encomendou alguns quadros, de "Artes modernas" e algumas com fundos mais escuros. Ela deixou algumas descrições do estilo que ela quer.— E você disse a ela que não trabalho assim. - Ana já sentada na sua cadeira, colocou os cotovelos apoiados sobre a mesa, e as suas mãos apoiadas no queixo enquanto encarava Débora- — Disse sim! E ela disse que sabe. Mas descreveu um pouco o que quer pra que na hora que a senhorita criar os quadros. Ser feitos do seu estilo, mas com
O silêncio do outro lado era incômodo. Theo chamava por Ana, mas não obtinha resposta. Já Ana se manteve calada, processando esse novo sentimento que a pegou de surpresa.— Foi pra isso que me ligou? Cheguei a pensar que algo tinha acontecido. Olha! Quer saber Theo. Estou ocupada, e vou desligar. - Suas palavras eram grosseiras, nelas escondia todo seu nervosismo causado por ele.— Eu te amo! Foi tudo que Ana escutou antes de encerrar a ligação. Com entusiasmo por ter escutado, mesmo que de uma forma grosseira, a voz de sua amada esposa. Theo deitou sobre a cama, levando com ele o seu celular com a imagem de Ana estampada na tela principal. E ficou ali encarando a foto dela, até pegá no sono.Ana tinha encerrado a ligação, e permaneceu com o aparelho celular segurando-o firme em suas mãos. O mesmo repousado sobre os seus lábios, e o seu olhar para o vácuo da sala. Nesse momento não precisava mais segurar a respiração. Suspirou pesado, e o seu rosto ainda estava rubro. A porta da sala
Os olhos suplicantes de Lucas eram como os de um cachorrinho abandonado, implorando para que seu amigo bobo, fiel e apaixonado, o acompanhasse.— Já cansei de dizer que não vou nesses lugares sem a galera. — O seu "sem a galera" é só porque a Ana sempre está junto. — Sabe perfeitamente que é isso sim! — confessou Theo, sem vergonha alguma. — Sabe o que eu penso a respeito disso? — Sei! E não preciso que você fique enchendo a minha paciência de novo com isso. — Cara, eu não acredito... Você é o CEO de grandes empresas, é conhecido mundialmente. Poderia ter o mundo aos seus pés, mas prefere viver preso a uma mulher que não dá a mínima para você? Theo fechou a cara, mas Lucas ignorou totalmente o olhar sério do amigo. — Eu já disse que não quero falar sobre isso. Mas já que você insiste tanto, vou falar uma coisa que já disse várias vezes: eu. não. traio. a minha esposa. As últimas palavras ditas por Theo saíram pausadamente entre seus dentes raivosos, enquanto encarava Luca
Alexa encarava Ana cúmplice, e Ana tentava de todas as formas fugir daquele olhar. — Amiga! Sei que já disse isso um milhão de vezes, mas vou dizer uma vez mais. Você sempre foi apaixonada pelo Theo, mas guardou seus sentimentos a sete chaves, por que é teimosa demais. Não acha que já é hora de dar uma chance para esse casamento dar certo? — Dar uma chance? Eu não posso fazer isso... Simplesmente não dá! — É claro que pode, amiga! — Não, Alexa! Não posso! Sofri demais com esse casamento. Sabe o que é ter o pavor de andar sozinha na rua, mesmo que em plena luz do dia? E a sensação de que a qualquer momento posso ser levada novamente e passar por aquele mesmo tormento que passei? Ter medo de ser presa dentro de uma camisa de força, tendo alguém ao lado dizendo repetidas vezes que vai te mandar para um lugar onde jamais poderá ser livre? Me sinto ainda dentro daquela camisa de força, lutando pra ser liberta. Acha mesmo que consigo ignorar tudo isso e viver uma vida feliz ao la
Se o comportamento exagerado de Alexa deu certo? Oh, se deu! Ninguém ali presente ousou olhar mais para o lado do moreno chamativo. Mas, claro, havia aquelas que davam umas olhadas sutis. Afinal, olhar não arranca pedaço. Marlon acompanhou sua noiva de volta para o assento, sentando-se em seguida ao lado dela enquanto dava os devidos cumprimentos a Ana.— Como vai, Ana? — Eu vou bem, Marlon! E você? — Bem, também! — Isso é ótimo! Veio buscar a Alexa? Fique à vontade. — Não, amiga! O que temos que fazer não é tão importante assim! — Amor! — interveio Marlon. A morena só pode ter esquecido; os dois haviam marcado de encontrar os pais dele hoje. — Meus pais estão nos esperando! Você se esqueceu? O olhar surpreso dela só confirmou o óbvio. A sua tão distraída amada havia mesmo esquecido do compromisso deles.— Me desculpa, amor! Eu realmente esqueci! Ana, eu... — Não diga nada, sua pateta. Só andem logo. Os pais dele já devem estar esperando. A compreensão de Ana fez com q
Marlon não pensou duas vezes antes de partir para cima do infeliz abusado, enquanto Alexa correu para acudir Ana. O barman também não se segurou e correu para ajudar Marlon. Com os braços imobilizados para trás por Marlon, Kauan era interrogado por ele. Marlon, a todo custo, perguntava de um modo nada amigável o que Kauan poderia ter feito a Ana. E claro, Kauan, a todo momento, gritava dizendo que não fez nada. Ana estava nos braços de Alexa, e agora, com o alvoroço da confusão, as pessoas ao redor se solidarizaram para ajudar. Algumas mulheres se prontificaram a ajudar Alexa com Ana, enquanto os homens ajudavam Marlon e o barman. Nessa confusão, Kauan levou a pior. No caminho para o hospital, Ana, desacordada, não aparentava estar nada bem. Alexa foi a acompanhante que seguiu junto na ambulância. A morena, desesperada, chorava horrores enquanto segurava a mão gélida de sua amiga, a todo momento se culpando por deixar Ana sozinha. Já Marlon seguiu o infeliz rumo à cadeia. Kauan saiu