CAPÍTULO 01 Helena

CHICAGO — PRAZA HOTEL

Subindo o elevador para a suíte principal, minhas mãos tremiam. De todas as coisas malucas que já fiz na vida, essa ficará para a história, e tenho que concordar com minha irmã Mariana: nosso pai nos mataria se soubesse dessa maluquice.

Nunca fugi do meu pai; sempre fui obediente às suas leis impostas dentro de casa. Entendo seu cuidado e dedicação para nos manter seguras, mas eu desejava curtir uma noite diferente com Yago e decidi que seria hoje, depois de seis anos de noivado.

Pular o muro de casa foi a coisa mais louca que já fiz, tanto que ainda sinto aquele frio na barriga de antecipação. Estou eufórica, mas ao mesmo tempo com medo. Se meu pai descobrir... Eu não gostaria de ser eu mesma nesse momento. É óbvio que estaria ferrada, mas não vou pensar nisso agora. Yago é o meu foco.

Eu o amo tanto que só de pensar nele meu coração dispara. Hoje, como é seu aniversário, desejei fazer uma surpresa. Minha melhor amiga Luna reservou esse quarto de hotel para nós dois e, por incrível que pareça, tudo está indo como planejado.

A porta do elevador se abre, caminho até o quarto designado. Olho em volta e realmente esse é o único quarto no andar. Sinto-me extremamente aliviada; não quero que essa noite chegue aos ouvidos do meu pai.

Abro a porta do apartamento sorrindo. Eu amo as suítes presidenciais; elas são lindíssimas, cheias de glamour e toques de luxo. Tenho certeza que nunca na vida me cansaria disso. Viagens, fortuna, festas – mesmo estando sempre cercada por seguranças que me tratam como uma criança de um ano – mas quem se cansaria disso? Eu, com certeza, não.

Caminho para o quarto e entro no banheiro para me preparar. Quero estar linda, impecavelmente irresistível. Quero que essa noite seja memorável tanto para mim quanto para ele.

Olho meu reflexo no espelho, gostando do que vejo. A camisola de renda cor de vinho é realmente incrível e fica ainda mais incrível sem nada por baixo. Estou perfeita. Helena Pachis, filha de um dos magnatas mais bem-sucedidos de Chicago. Quem não gostaria de estar no meu lugar? Eu amo tudo que tenho: família, amigos, meu noivo, meu irmão e, principalmente, minha irmã – ela é meu mundo, meu coração fora do peito. E meu pai, que significa tanto, eu o respeito por sua força e garra. Ele é um mafioso frio lá fora, mas em casa é um pai amoroso. Desde que minha mãe se foi, ele se tornou tudo que eu e Mariana precisávamos para seguir em frente.

Saio do banheiro e me sento na cama, esperando sua chegada. Tiro meu celular da bolsa para falar com Mariana. Já há várias mensagens dela perguntando se cheguei sã e salva e dizendo que em casa está tudo normal até o momento. Nosso pai está no escritório, então provavelmente ele irá direto para o quarto, já que não tem o hábito de verificar nada em nossos quartos. Minha madrasta já foi dormir.

Enquanto respondo sua mensagem, a porta principal da suíte se abre com um click e, pela milésima vez na noite, meu coração dispara. Ajeito o cabelo e aproveito para desligar o celular. Estou morrendo de vergonha, ao mesmo tempo em que estou ansiosa pela sua chegada.

Será minha primeira vez com o cara que amo e nada nem ninguém poderia atrapalhar. Hoje, eu serei totalmente dele, assim como ele será totalmente meu.

Os passos na sala ecoam e sinto um burburinho no estômago, uma ansiedade se apossando com mais firmeza. Fecho os olhos e respiro. Preciso me acalmar para não estragar nossa noite. Tudo deve ser perfeito, especialmente para ele.

A porta do quarto se abre e uma fragrância atinge minha narina. É o perfume mais magnífico que já senti, mas não é o perfume de Yago. Olho para cima e o que vejo faz meu sangue gelar.

Alexander Gambino, primogênito do Dom da máfia americana. É impossível não reconhecer esse homem em qualquer lugar. O pânico me assola enquanto tento entender o que ele está fazendo aqui. Respiro fundo, tentando esconder o medo. Mesmo sendo o inimigo declarado da Outfit, eu não correria como uma garotinha indefesa.

Encontro seu olhar de um verde claro gélido que esfria minha mente. Ele está encostado no batente da porta, como uma obra de arte intacta do museu. Até os deuses sentiriam inveja dele se pudessem vê-lo. Mas, nesse exato momento, sinto medo e algo mais que não sei explicar.

Levanto-me rápido, tentando manter distância.

– Onde está Yago? – Pergunto, temendo pela resposta. Dou um passo e, nesse exato momento, ele aponta sua arma, me fazendo parar.

– Não espere por ele – Fala simplesmente, com sua voz rouca, entrando no quarto e trancando a porta, fazendo meu medo aumentar. – Vinho? – Pergunta, me consumindo com seus olhos indecifráveis, sua arma ainda apontada para minha cabeça.

Ele vai até o frigobar, retira a bebida, serve o copo e tira algo do paletó, colocando na bebida.

– Você vai se comportar bem esta noite. Eu tenho uma dívida para cobrar e é você quem irá pagar.

– Eu não tenho nada a ver com os problemas de vocês, então acho melhor abrir aquela porta e me deixar sair. – Queria não soar como se estivesse morrendo de medo, mas não consegui; estou temerosa.

Os boatos sobre tudo que os Gambinos fazem no submundo vieram com força. Tanto homens quanto mulheres, eles não têm pena de matar.

Apresso-me sobre a cama, alcançando o celular. Uma ligação resolveria meus problemas.

Ele se vira para me encontrar e suas palavras fazem minha pele se arrepiar. – Se eu fosse você, não me contrariava. Seu noivo inútil deve milhões a nós e esta noite vou deixar um recado para ele. Quem sabe na próxima vez ele pense bem antes de fazer um acordo com promessas que não possa cumprir! – Um sorriso se forma em seu rosto. Seus olhos percorrem meu corpo e a náusea me atinge em cheio.

Ele caminha até onde estou, com sua arma apontada para minha cabeça. – Entregue o celular ou esta noite você perderá muito mais que sua honra, se ainda a tiver.

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