CAPÍTULO 02 Helena

Entreguei meu celular, pavor invadindo minha alma. Foi impossível não chorar. Ele se aproximou, ainda apontando sua arma para mim.

– Você tem duas opções: a primeira é beber todo o conteúdo dessa taça e eu prometo que a noite será um pouquinho mais agradável. A segunda é você ser amarrada na cama e eu fazer o trabalho que tenho que fazer à minha maneira. Eu não serei nada gentil.

Ele empurrou a taça de vinho em minha direção e eu a peguei. Pensei em Yago, em tudo que vivemos, no meu amor por ele, nosso noivado, nosso futuro casamento... Isso é, se eu ainda tiver um futuro depois desta noite.

– Beba!

O grito de Alexandre me trouxe de volta. Eu tremia enquanto o fitava, ainda apontando sua arma para mim. Por alguns segundos, parecia que havia dor em seus olhos, mas se tratando de um Cosa Nostra, eu devo estar ficando louca.

Por Deus, onde estava Yago? Mas que inferno. Respire, Helena... Respire.

Virei a taça de uma vez, medo e desespero invadindo cada fibra do meu corpo. Puxei o ar dos meus pulmões, entregando a taça a ele, que a pegou imediatamente.

– Sente-se na cama e espere. – Falou, abrindo uma garrafa de whisky e enchendo um copo.

– Como você veio parar aqui? Como soube deste lugar? – Questionei, olhando para o homem inabalável à minha frente.

– Não é você quem faz as perguntas aqui, garota. Não estou aqui para conversar ou lhe oferecer alguma explicação.

– Mas...

Ele se virou segurando um copo cheio de whisky, seu olhar como uma espada afiada penetrando minha alma.

– Mas o quê, garota? Se tiver alguma pergunta a fazer, questione seu noivo. Ele saberá lhe explicar como vim parar aqui melhor do que eu.

Da onde eu estava, tive a impressão de que suas mãos estavam tremendo. Ele virou o whisky da mesma maneira que eu fiz com a taça de vinho. Olhou para o teto por alguns segundos e, de repente, seu copo voou na parede.

– Porra – resmungou em um rosnado que me fez estremecer. – M*****a seja esta noite.

Me encolhi. Medo borbulhou em meu estômago, lágrimas quentes tocaram minha face... Medo, pânico, ansiedade, náusea.

Comecei a sentir algo estranho, algo que não me deixava quieta, uma moleza misturada com calor, uma palpitação no coração. Comecei a respirar com dificuldade; eu precisava sair dali.

Olhei para Alexandre que começava a tirar seu terno, seu olhar não me deixando por um segundo. Levantei-me da cama e comecei a dar pequenos passos pelo quarto; eu precisava vomitar aquilo que tomei. Meu cérebro já não estava funcionando direito e eu não sabia o que fazer.

De repente, mãos fortes abraçaram meu corpo por trás, e por mais que eu quisesse me libertar dele, eu não conseguia. Era algo mais forte que eu, um delírio, uma excitação. Eu sabia o que ele faria a seguir.

Afastando meu cabelo, ele sugou meu pescoço, soprando logo em seguida. Fechei meus olhos, sentindo um arrepio correr pelo meu corpo enquanto suas mãos apertavam minha cintura.

– Não sei se algum dia você poderá me perdoar pelo que irá acontecer aqui, mas saiba que eu não tenho escolha. – Ele me virou e me fitou com aqueles olhos verdes marcantes, sua voz era um sussurro rouco reconfortante, fazendo minha pele se arrepiar. – Eu me odeio por isso, me odeio por não ter conseguido ir contra, mas terá que ser feito.

Sua boca tocou a minha em um beijo calmo, mas ao sentir seus lábios no meu e o calor do seu corpo, eu aumentei o contato. Senti minha camisola sendo tirada enquanto eu era colocada na cama, um corpo quente se deitou sobre o meu... tudo estava indo rápido demais. Eu estava com sede e ele era minha fonte.

Meu cérebro começou a me pregar peças. Eu tentava lutar, mas era totalmente em vão porque, no final, eu sempre cedia ao seu toque.

Olhei para o homem acima de mim e tive a visão de Yago... Era meu Yago, o homem a quem eu amava.

Sua respiração pesada, seus lábios em meu pescoço, seios, barriga. Eu queria mais, muito mais do que ele estava me proporcionando.

Yago venerava meu corpo, seu toque me fazia estremecer e eu o desejei mais, muito mais.

Abracei seu corpo, tocando sua pele, tocando seu rosto, puxando seu cabelo que eu tanto amava. Era ele, o beijo era dele e foi assim que eu me entreguei.

Uma dor atravessou meu ventre, porém não me importei. Eu o queria tanto que chegava a doer e vê-lo assim tão entregue em meus braços me fazia a garota mais feliz do mundo.

Yago me possuía. Eu o sentia se apossar de mim enquanto eu derramava o meu amor por ele. Meu coração era dele.

– Yago – sussurrei várias vezes seu nome em meio ao conflito da minha mente e a luxúria do meu corpo.

Eu podia sentir seu corpo tenso toda vez que sussurrava seu nome, mas eu não conseguia diferenciar o certo do errado. Naquele momento, eu só queria que ele entendesse o quanto era especial, o quanto era desejado por mim.

– Yago – voltei a sussurrar. Eu precisava ouvir sua voz rouca de desejo enquanto me fazia sua.

– Cale-se. – Ele rosnou no meu ouvido enquanto continuava a se mover de forma mais rápida e bruta.

Procurei sua boca, sedenta por ele. Eu estava louca, alucinada, quente e com a respiração falha.

Eu sentia seu cheiro que, por mais que estivesse diferente, me deixava mais alucinada. E em meio aos seus gemidos, eu focava em apenas um episódio: a partir de hoje, eu era dele e ele se tornava meu.

De repente, todo o meu corpo se acalmou. Era a sensação de estar nas nuvens, flutuando na calmaria depois de uma terrível tempestade. Meu corpo cedeu ao cansaço e eu me encontrei na escuridão dos sonhos, longe de tudo... sem Yago.

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