Cheguei ao hotel na hora marcada e, como esperado, minha entrada estava liberada. No elevador, fiquei lembrando de tudo que me ocorreu neste lugar dois anos atrás e me perguntei por que ele teria se hospedado aqui. Mas isso não era da minha conta; o meu assunto com ele era outro.As portas do elevador abriram quando chegaram na suíte principal. Dois guardas estavam de pé em frente à porta. Quando me viram, baixaram a cabeça em sinal de respeito. Nossa, isso é cômico.Bati na porta e segundos depois ela foi aberta. Ele estava perfeitamente vestido com roupas casuais, o que o fazia parecer mais jovem. Seu perfume tinha um cheiro levemente amadeirado com um toque cítrico. O cheiro era tão bom que me fez fechar os olhos por alguns instantes antes de voltar a encará-lo.– Você não vai entrar? – Sua voz firme e profunda me arrancou dos meus devaneios.– Sim. Claro.Passei por ele, segurando forte minha bolsa, como se alguém pudesse tirá-la de mim. A sala da recepção da suíte continuava do m
Um mês se passou em um piscar de olhos, e a única coisa que eu pensava era na nossa discussão. Um mês sem vê-lo, sem falar ou receber qualquer notícia dele.Conversei muito com minha madrasta nesses últimos dias e acabei contando a ela tudo sobre Alexander. Ela disse que eu deveria perdoá-lo e tentar entender seus motivos. Disse que ele era jovem, bonito, bem-sucedido e que era normal acontecer cenas de estupro no meio da máfia, mencionando que sua mãe e sua irmã mais velha passavam por isso. Algumas mulheres tinham sorte, outras nem tanto.Eu acho isso ridículo. Como mulheres podem perdoar um absurdo desses só porque o cara era bonito ou rico? Isso, na minha opinião, é desvio de caráter. A beleza de Alexander não esconde sua verdadeira identidade, e isso serve para qualquer homem.Depois da minha discussão com Alexander, passei a guarda de Lucas definitivamente para Leonardo. Se algo acontecesse comigo, meu filho estaria seguro com meu irmão. Lucas era a minha única preocupação, o me
Minha família estava toda reunida: meus irmãos, uns primos e amigos próximos. Minha filha estava linda vestida de dama de honra; seu olhar brilhava para mim e seu sorriso iluminava o lugar. Desde o momento em que soube que estávamos vindo para o meu casamento, ela não me deixou em paz, fazendo perguntas como:“Como ela é?”“Ela vai morar com a gente?”“Ela gosta de criança?”“A madrasta do meu amigo é uma pessoa ruim, ela vai ser ruim comigo?”“Vou ter um irmãozinho?”“Posso chamá-la de mamãe?”Admito que a última pergunta me deixou sem resposta. Helena havia me pedido para que depois de alguns anos eu a deixasse ir embora. Naquele momento, não estava nos meus planos abrir mão dela, mas depois de muito pensar, concordei que seria o melhor a fazer.Eu preciso de uma esposa de verdade. Quero ter minha família, meus filhos e uma boa mãe para Alice. Viver de fachada não é comigo; não consigo fingir algo por muito tempo, então o melhor a fazer é deixá-la ir.Depois que ela estiver bem e em
A música começou a tocar "A Thousand Years". Eu considero essa música perfeita.Sinto uma das mãos de Alexander tocando minha cintura, enquanto sua outra mão segura a minha, conduzindo a dança.Fecho meus olhos, escutando a canção que começava a tocar. Ela é linda, uma das minhas músicas preferidas. Tudo estaria perfeito se hoje não fosse uma noite imperfeita. Encosto minha cabeça no ombro de Alexander e sinto quando seu queixo paira sobre minha cabeça suavemente.*Coração acelerado... Cores e promessas.* *Como ser corajoso... Como posso amar.* *Quando tenho medo de me apaixonar,* *Mas ao assistir você sozinha* *Toda a minha dúvida de repente se vai.* *Um passo mais perto.*– Como uma música tão linda está sendo tocada nesse velório? – pergunto.Ele riu. – Eu morri todos os dias esperando você. – Ele disse junto com a música, o que me deixou sem fala, sem reação. Meu coração errou o compasso e eu me odiei por isso.*Querida, não tenha medo* *Eu te amei por mil anos.* *Eu te ama
Deixei Helena no quarto do hotel e segui para a suíte dos meus irmãos, no andar de baixo. Minha mãe e minha filha estavam hospedadas em um quarto ao lado do deles.Eu não estava bem. Precisava manter a calma até chegar em casa e pensar no que fazer.Helena tem toda razão: sou um crápula. Concordo porque sempre agi assim, cometi vilezas, fui um baita de um canalha, e isso nunca me incomodou até ouvir cada palavra odiosa vinda dela.Eu queria me redimir. Só de pensar que tive que forçá-la, me falta o ar. Odeio tocar nesse assunto; mantive-o enterrado desde o momento em que enterrei aquele infeliz que se dizia meu pai. Mas como tudo na vida, chegou o momento de arcar com a verdade.Sabendo que tudo à minha volta não seria simples, coloquei-a em um quarto longe do meu. Contudo, eu não queria distância. Queria-a perto, queria recomeçar, apagar a dor que lhe causei, mostrar que não era o monstro que ela viu. Pelo menos, não com ela.Pela segunda vez na vida, não sei como agir.É engraçado p
Depois da última conversa que tive com Alexander, prometi a mim mesma que permaneceria calada.O fato dele descobrir que o conselho me jogaria em um bordel assim que algo acontecesse com meu pai ou meu irmão me deixou assustada.Algo dentro de mim sempre me dizia que eles não me deixariam ir tão facilmente, e o fato deles terem armado essa história pelas costas do meu pai me assusta ainda mais.Dentro da máfia nada é 100% seguro; uma hora ou outra a morte chega.Outra coisa que não sai da minha mente é como Alexander descobriu. Como essas informações chegaram até ele?A minha cabeça virou uma caixa de bagunça, eu não sei em quem devo confiar. E agora, depois da minha briga com os irmãos Gambino, sinto que a minha situação piorou.No meu ponto de vista, permanecer calada será minha única saída. Imagino que será melhor suportar um Alexander do que um bordel inteiro. Sabe-se lá que tipo de homem eu encontraria em um lugar como aquele.A minha única saída nessa situação é Alexander.Meu c
– Precisamos conversar. – Helena segura minha mão, puxando-me para fora do quarto. No final do corredor, ela para e me olha com um olhar angustiante.– Aconteceu algo e eu não percebi?– Eu preciso ficar, não posso ir embora com você hoje. – Ela fala e eu não consigo compreender.– Não podemos. Tenho uma reunião importante amanhã de manhã; é impossível permanecermos aqui.– Me deixe ficar. Assim que Lucas melhorar, eu irei. Você vai resolver os seus negócios.– Helena, eu não vou te deixar aqui e voltar sozinho.– Por favor, Alexander. Lucas é o meu bem mais precioso. Não me afaste dele nesse momento. Assim que ele estiver em casa, eu pegarei o primeiro voo e te encontro.Ela segura minha mão enquanto me implora silenciosamente.– Eu não sei. – Digo, realmente não querendo que ela fique.– Eu prometo que não vou fugir. Só preciso ter certeza de que Lucas está bem e ficará seguro quando eu for.– Mariana já está cuidando muito bem dele. É realmente necessário você permanecer aqui?— Per
Duas horas antes...– Nós iremos sentir tanto a sua falta.– Eu também vou sentir falta de vocês. – Abracei minha irmã, as lágrimas escorrendo. É devastador se despedir de quem amamos.Olhei para Lucas, que me observava com os olhinhos brilhando. Meu filho tem apenas um ano e cinco meses e já terá que ficar longe de mim.– E se eu o levar comigo? – Sugeri, hesitante.– Ninguém aqui te impediria, ele é seu filho. – Disse meu pai, acariciando a cabeça de Lucas, que sorriu para ele.– Se precisar, posso providenciar a mala dele rapidamente. – Respondeu Leonardo, sempre pronto para ajudar.Olhei para Lucas e senti que ainda não era a hora de tirá-lo daqui.– Não é o momento ainda. Prometam-me que me enviarão notícias todos os dias e que atenderão todas as minhas ligações.Minha irmã me olhou, um pouco irritada. – Como se estivéssemos planejando ignorar você. Eu serei seu despertador, Helena. Irei te ligar todas as manhãs e farei vídeo chamadas para você escutar cada birra do Lucas.Abrace