Deixei Helena no quarto do hotel e segui para a suíte dos meus irmãos, no andar de baixo. Minha mãe e minha filha estavam hospedadas em um quarto ao lado do deles.Eu não estava bem. Precisava manter a calma até chegar em casa e pensar no que fazer.Helena tem toda razão: sou um crápula. Concordo porque sempre agi assim, cometi vilezas, fui um baita de um canalha, e isso nunca me incomodou até ouvir cada palavra odiosa vinda dela.Eu queria me redimir. Só de pensar que tive que forçá-la, me falta o ar. Odeio tocar nesse assunto; mantive-o enterrado desde o momento em que enterrei aquele infeliz que se dizia meu pai. Mas como tudo na vida, chegou o momento de arcar com a verdade.Sabendo que tudo à minha volta não seria simples, coloquei-a em um quarto longe do meu. Contudo, eu não queria distância. Queria-a perto, queria recomeçar, apagar a dor que lhe causei, mostrar que não era o monstro que ela viu. Pelo menos, não com ela.Pela segunda vez na vida, não sei como agir.É engraçado p
Depois da última conversa que tive com Alexander, prometi a mim mesma que permaneceria calada.O fato dele descobrir que o conselho me jogaria em um bordel assim que algo acontecesse com meu pai ou meu irmão me deixou assustada.Algo dentro de mim sempre me dizia que eles não me deixariam ir tão facilmente, e o fato deles terem armado essa história pelas costas do meu pai me assusta ainda mais.Dentro da máfia nada é 100% seguro; uma hora ou outra a morte chega.Outra coisa que não sai da minha mente é como Alexander descobriu. Como essas informações chegaram até ele?A minha cabeça virou uma caixa de bagunça, eu não sei em quem devo confiar. E agora, depois da minha briga com os irmãos Gambino, sinto que a minha situação piorou.No meu ponto de vista, permanecer calada será minha única saída. Imagino que será melhor suportar um Alexander do que um bordel inteiro. Sabe-se lá que tipo de homem eu encontraria em um lugar como aquele.A minha única saída nessa situação é Alexander.Meu c
– Precisamos conversar. – Helena segura minha mão, puxando-me para fora do quarto. No final do corredor, ela para e me olha com um olhar angustiante.– Aconteceu algo e eu não percebi?– Eu preciso ficar, não posso ir embora com você hoje. – Ela fala e eu não consigo compreender.– Não podemos. Tenho uma reunião importante amanhã de manhã; é impossível permanecermos aqui.– Me deixe ficar. Assim que Lucas melhorar, eu irei. Você vai resolver os seus negócios.– Helena, eu não vou te deixar aqui e voltar sozinho.– Por favor, Alexander. Lucas é o meu bem mais precioso. Não me afaste dele nesse momento. Assim que ele estiver em casa, eu pegarei o primeiro voo e te encontro.Ela segura minha mão enquanto me implora silenciosamente.– Eu não sei. – Digo, realmente não querendo que ela fique.– Eu prometo que não vou fugir. Só preciso ter certeza de que Lucas está bem e ficará seguro quando eu for.– Mariana já está cuidando muito bem dele. É realmente necessário você permanecer aqui?— Per
Duas horas antes...– Nós iremos sentir tanto a sua falta.– Eu também vou sentir falta de vocês. – Abracei minha irmã, as lágrimas escorrendo. É devastador se despedir de quem amamos.Olhei para Lucas, que me observava com os olhinhos brilhando. Meu filho tem apenas um ano e cinco meses e já terá que ficar longe de mim.– E se eu o levar comigo? – Sugeri, hesitante.– Ninguém aqui te impediria, ele é seu filho. – Disse meu pai, acariciando a cabeça de Lucas, que sorriu para ele.– Se precisar, posso providenciar a mala dele rapidamente. – Respondeu Leonardo, sempre pronto para ajudar.Olhei para Lucas e senti que ainda não era a hora de tirá-lo daqui.– Não é o momento ainda. Prometam-me que me enviarão notícias todos os dias e que atenderão todas as minhas ligações.Minha irmã me olhou, um pouco irritada. – Como se estivéssemos planejando ignorar você. Eu serei seu despertador, Helena. Irei te ligar todas as manhãs e farei vídeo chamadas para você escutar cada birra do Lucas.Abrace
Cheguei em Chicago às 18:00 horas. Desde o momento em que soube do acidente, não tive paz; a falta de notícias era o que mais me angustiava. As duas horas de voo pareceram anos. O que eu poderia fazer era tentar manter o controle. Chegamos e fomos direto para o hospital. Graças ao bom trabalho de Sebastião, pai de Helena, ela já havia sido encontrada e estava recebendo o tratamento adequado. Segundo ele, o estado dela não era bom. Havia vários repórteres na entrada do hospital, o que dificultou a minha entrada. Encontrei Mariana e Leonardo no corredor. – Como ela está? – Pergunto assim que seus olhos me alcançam. Mariana balança a cabeça, ainda parecendo em estado de negação. – Nada de notícias ainda. Estou com medo. Alexander, faça alguma coisa para não deixar minha irmã morrer. Ela me abraça e eu paro por alguns segundos antes de retornar o abraço. – Ela vai ficar bem, eu prometo. Fique tranquila, vá para casa e descanse. Agora eu cuidarei de tudo. Ela se afasta, limpando os
Tomei um banho gelado e rápido. Pelo visto, não é só o acidente de Helena que está tirando meu sono. A possibilidade de que aquela criança seja meu filho está me atormentando. Não quero imaginar o que poderia acontecer a eles no futuro se eu estivesse ausente.No mundo da máfia, tudo é imprevisível. Hoje você está vivo e seguro com sua família, amanhã você pode estar morto ou preso, e não só você, mas também membros da sua família. Se o pai ou o irmão de Helena faltassem, ela e Lucas estariam em grande perigo. Helena concebeu um filho fora do casamento, e sem alguém para protegê-los, ambos enfrentariam um futuro incerto.Infelizmente, em nosso meio, a situação é assim. Nem Helena nem meu filho teriam um papel útil na máfia a não ser como peões. Mesmo que Lucas não existisse, eu jamais permitiria que Helena fosse reduzida a isso.Lembro-me de quando encontrei Lucas pela primeira vez no hospital. O garoto estava dormindo de costas para mim, não consegui ver seu rosto e também não me apr
Quando Sebastião voltou segurando Lucas, eu senti uma alegria imensa. Sempre desconfiei da existência desta criança, não sei explicar, mas após aquela noite eu tinha quase certeza que Helena havia engravidado. Naquela noite eu estava com tanta coisa na cabeça que não me importei com as consequências que viriam. Agora, olhando para esse pequeno que já tem todo o meu coração, sinto-me grato, grato por Lucas e pela família que terei o privilégio de ter.– Aqui está o nosso garoto! – disse Sebastião assim que entrou pela porta.Levantei-me estendendo os braços para pegá-lo, porém, para minha surpresa, ele não quis vir, agarrando-se ao pescoço do avô e resmungando um "não!".Olhei para Sebastião questionando a rejeição do garoto.– Ele não costuma ir com ninguém. A única pessoa fora da família que se aproxima dele é a babá. É o modo como o criamos; você terá que ser paciente.Aceitei a contragosto. Afastando-me, sentei novamente e observei Sebastião colocar Lucas no chão com um brinquedo d
Escutei um pequeno ruído distante, um som de um bip que ficava cada vez mais alto. Uma dor profunda se apossou dos meus ossos, tornando impossível me mover. Meus olhos se abriram lentamente, acostumando-se à iluminação do lugar, enquanto uma agonia corroía minha alma.Respirei pesadamente, tentando me lembrar onde estava ou simplesmente o que havia acontecido. Meus olhos pesaram enquanto eu tentava acalmar algo dentro de mim. Mas o que exatamente eu estava tentando acalmar?Meu coração batia em um ritmo frenético enquanto meus olhos tentavam reconhecer o lugar. Nada fazia sentido, nada ali se encaixava na minha mente. Enquanto eu pensava e processava, a porta foi aberta e uma mulher com uma bandeja correu em minha direção.– Senhorita? Graças a Deus!Ela soltou um suspiro de alívio enquanto depositava a bandeja na mesa ao lado e se aproximava de onde eu estava.– Estávamos todos preocupados, a senhorita deveria ter acordado há dias.Eu quase não entendia o que ela falava. Olhei ao red