O lobo , imponente e majestoso, permaneceu parado na varanda, seus olhos amarelos fixos em mim e Alaric. O silêncio que se seguiu parecia quase pesado, como se o ar estivesse carregado de expectativa. Eu estava paralisada, o coração batendo descontroladamente enquanto o instinto de luta ou fuga me dominava. Não sabia se corria ou se ficava ali, mas a presença do lobo me fazia sentir extremamente vulnerável.
Então, algo extraordinário aconteceu. Ouvi uma voz ressoar em minha mente, profunda e poderosa, como um eco distante. “Kallista. Eu não sou seu inimigo.”
Virei para Alaric, meus olhos arregalados de medo. “Ele está falando comigo… na minha cabeça!”
Alaric, ainda em sua postura protetora, olhou para o lobo com uma mistura de respeito e preocupação. “Fenris, o que você está fazendo aqui?”
“Vim trazer uma mensagem urgente.”
Agarrei-me a Alaric, buscando conforto na presença familiar dele. “O que você quer dizer com isso? O que está acontecendo?” Minha voz tremia, e a realidade do momento me deixava completamente assustada.
“A existência de Kallista não é mais um segredo,” Fenris explicou, seu olhar penetrante passando de Alaric para mim. “Os reinos dos lobos e dos vampiros já sabem sobre você. A proteção que o rei do mundo feérico impôs para camuflar seu rastro já não serve mais, pois você está na idade da maturidade sobrenatural. Eles sentem sua presença e virão atrás de você.”
Sentindo um frio na espinha, a gravidade da situação se tornava ainda mais clara. “O que você está dizendo? O que eu devo fazer?”
“Você deve entrar. É imperativo que avise seus pais de criação que partirá cedo amanhã para conhecer sua verdadeira família,” Fenris continuou, sua voz inabalável. “Você irá conhecer seus avós. É crucial que prove que a existência de uma híbrida, mesmo que contrária às leis, não representa uma ameaça para o mundo sobrenatural.”
Olhei para Alaric, confusa e apavorada. “Eu não entendo. Por que eles querem me conhecer? O que eu sou para eles? E se eu não quiser? E se eu não me sentir pronta?” Minha resistência era clara, e a ideia de deixar minha vida para trás me apavorava.
Fenris inclinou a cabeça, compreendendo minha hesitação. “A escolha é sua, mas lembre-se de que o tempo está se esgotando. A maturidade sobrenatural trará desafios que você não pode ignorar. A partir de amanhã, sua vida não será mais a mesma, e a segurança que conheceu até agora pode se dissipar.”
Alaric, ainda ao meu lado, apertou minha mão. “Você não está sozinha, Kalli. Eu estarei com você, não importa o que aconteça.”
Respirei fundo, tentando reunir coragem diante do desconhecido. O lobo, Fenris, me observava com um olhar que parecia entender minha luta interna. Sabia que a decisão que tomasse mudaria tudo, e que a vida que conhecia estava prestes a se desdobrar em um novo e misterioso caminho. Com o coração pesado e a mente tumultuada, sabia que tinha uma escolha a fazer. E com a mão de Alaric entrelaçada na minha, percebi que, qualquer que fosse o caminho, não estaria sozinha ao enfrentá-lo.
A chuva caía incessantemente naquela noite, uma cortina de água fria que lavava as ruas e o desespero que envolvia minha alma. Com Kallista, ainda um bebê, nos meus braços, me movia rapidamente, minhas habilidades vampíricas permitindo que meus pés mal tocassem o solo. A escuridão me rodeava, mas nada era mais opressivo do que a dor que sentia pela perda de Damon, o homem que amava e que havia dado a vida para nos proteger.As lágrimas escorriam pelos meus olhos azuis, misturando-se com a chuva. Não me permitia pensar na morte de Damon, não agora. Ele havia se sacrificado para que pudéssemos ter uma chance, e eu não podia deixar que sua coragem fosse em vão. Cada passo que dava era uma promessa silenciosa de que Kallista teria um futuro, longe das garras dos sobrenaturais que nos perseguiam.Finalmente, após o que pareceram horas de corrida, parei em frente à casa dos Walter. Era um lugar que o rei feérico Thalion havia indicado como seguro, e me agarrei a essa esperança como uma tábua
Eu estava parada em frente à mala aberta, meu coração pesado enquanto encarava a realidade que me cercava. Em uma única noite, minha vida havia mudado radicalmente; agora, eu estava prestes a deixar tudo o que conhecia para trás e me aventurar em um mundo desconhecido. Um mundo onde era vista como uma estranha, onde os sobrenaturais me olhavam com desconfiança e desprezo. O medo do que estava por vir se mesclava à ansiedade, e eu me sentia como se estivesse prestes a saltar de um penhasco sem saber o que encontraria lá embaixo.Alaric, encostado na porta, observava em silêncio. Ele sempre fora meu apoio, mas agora me deixaria seguir sozinha. Virei-me para ele, a frustração começando a brotar. "Por que você não pode me acompanhar para essa escola?" Perguntei, a voz trêmula. "Eu não quero ir sozinha."Ele suspirou, seu olhar sério. "Kallista, no reino dos lobos e dos vampiros, eu sou visto como um bastardo, um filho fora do casamento. Não sou bem-vindo lá. Assim que você estiver segura,
O vilarejo à minha frente era simples, mas encantador. Pessoas com traços semelhantes a Alaric e Fenrys circulavam por ali: homens e mulheres de porte atlético, altos e levemente bronzeados, com cabelos em tons claros que brilhavam sob a luz do sol. Eu fiquei fascinada e um pouco intimidada."Bem-vinda à alcateia de lobos," Fenrys explicou, observando minha reação. "Essa é uma característica forte dos lobos. E assim como todos os vampiros são altos, esguios e pálidos, com cabelos que vão do preto ao ruivo, você começará a entender como funciona o mundo ao qual agora pertence."Olhei em volta, absorvendo cada detalhe. Havia uma energia vibrante no ar, e, apesar de todo o desconhecido, uma parte de mim se sentia em casa. O medo ainda estava presente, mas era acompanhado por uma curiosidade ardente. O mundo sobrenatural era real, e agora eu fazia parte dele.Com um suspiro profundo, me preparei para dar o próximo passo em minha nova vida, determinada a descobrir quem eu era e onde me enca
A professora Ursula caminhava de um lado para o outro na sala de aula, o som de seus saltos batendo no chão ecoando como um metrônomo. Sua voz era firme e clara enquanto falava sobre a maturidade sobrenatural. "Quando os lobos atingem seu pico de maturidade, seus ossos são todos quebrados para que o novo corpo possa se adaptar," ela disse, com uma expressão séria. "Dias antes, eles apresentam picos de febres e dores de cabeça constantes. Após a primeira transformação, tendem a ganhar músculos e peso, e claro, habilidades noturnas."Eu me encolhi ao ouvir que os ossos eram quebrados. A ideia de passar por algo tão doloroso e traumático parecia surreal e, ao mesmo tempo, normal para todos os outros alunos. Me perguntei se também teria que passar por aquilo. A sala estava em silêncio, mas a expressão de todos mostrava que estavam acostumados com essa realidade.A professora continuou. "Para os vampiros, o processo é diferente. Costumam apresentar dores de cabeça frequentes, aversão à clar
Depois da conversa na diretoria, saí da sala com uma mistura de indignação e confusão. A diretora Sullivan havia me avisado sobre a necessidade de controlar meu gênio, mas eu me sentia como um alvo, injustamente marcada por ser diferente. Enquanto caminhava pelo corredor, Adrian me seguiu, mantendo-se próximo para garantir que eu estivesse segura."Ei, Kallista," ele chamou, seu tom de voz suave, mas percebi que ele estava tenso. "Como você está se sentindo?""Como você acha que eu estou? É tão injusto! Sou um alvo só por ser diferente. Meu melhor amigo, Alaric, não está aqui porque esse bando de 'perfeitos' o julga por ser bastardo. É tão vulgar usar um termo tão arcaico para alguém!" Desabafei, sentindo a frustração transbordar.Adrian parou ao meu lado, colocando as mãos nos bolsos, a expressão dele carregada de preocupação. "Eu entendo como você se sente," ele começou, hesitando por um momento antes de continuar. "Passei pela mesma situação muitos anos atrás."Eu o encarei, surpres
A madrugada me envolvia em um manto de desconforto e delírios, enquanto me contorcia na cama. O suor escorria pelo meu rosto e a sensação de mal-estar me dominava, levando-me a um estado entre a consciência e o sonho. Em meio a essa névoa, lembranças de minha infância começaram a emergir, vívidas e cheias de emoção.Vi-me em um dia chuvoso, envolta pela proteção calorosa de minha mãe. O som da chuva batendo contra as janelas preenchia o ar. Enquanto minha mãe me segurava, sentia a segurança em seus braços.A imagem mudava, e agora era meu pai, com um sorriso largo, brincando comigo. Ele me levantava no ar, e eu sentia a leveza e a felicidade daquele momento."Você é a nossa garotinha especial!" ele exclamava, rindo, enquanto eu balançava os pés, deslumbrada com a atenção.Os flashes de alegria continuavam, mostrando minha mãe e meu pai juntos, brincando e rindo ao meu redor. As vozes deles formavam um coro de amor e proteção, enquanto o mundo exterior parecia distante e inofensivo."Ol
A madrugada me envolvia em um manto de desconforto e delírios, enquanto me contorcia na cama. O suor escorria pelo meu rosto e a sensação de mal-estar me dominava, levando-me a um estado entre a consciência e o sonho. Em meio a essa névoa, lembranças de minha infância começaram a emergir, vívidas e cheias de emoção.Vi-me em um dia chuvoso, envolta pela proteção calorosa de minha mãe. O som da chuva batendo contra as janelas preenchia o ar. Enquanto minha mãe me segurava, sentia a segurança em seus braços.A imagem mudava, e agora era meu pai, com um sorriso largo, brincando comigo. Ele me levantava no ar, e eu sentia a leveza e a felicidade daquele momento."Você é a nossa garotinha especial!" ele exclamava, rindo, enquanto eu balançava os pés, deslumbrada com a atenção.Os flashes de alegria continuavam, mostrando minha mãe e meu pai juntos, brincando e rindo ao meu redor. As vozes deles formavam um coro de amor e proteção, enquanto o mundo exterior parecia distante e inofensivo."Ol
O sol se punha lentamente no horizonte, tingindo o céu de tons alaranjados e lilases, enquanto eu estava em meu quarto, imersa na leitura do livro sobre o mundo feérico. As páginas viravam-se com facilidade sob meus dedos, e cada nova descoberta me deixava mais fascinada. Estava prestes a aprender sobre as antigas tradições feéricas, quando uma sensação inexplicável me atingiu.Uma presença magnética e poderosa parecia chamar por mim, como se o próprio universo estivesse sussurrando meu nome. Levantei-me delicadamente, movendo-me em direção à janela, meu coração batendo mais rápido a cada passo. Assim que cheguei à borda da janela, um lobo enorme e cinza apareceu em meu campo de visão, como uma sombra da noite que emergia da penumbra.Fiquei imóvel, a respiração suspensa, enquanto o lobo me encarava. Seus olhos brilhavam intensamente, refletindo a luz do crepúsculo e transmitindo uma sabedoria antiga. No entanto, algo no olhar do lobo parecia assustado, quase como se ele estivesse em c