O lobo cinza, imponente e majestoso, permaneceu parado na varanda, seus olhos amarelos fixos em Kallista e Alaric. O silêncio que se seguiu parecia quase pesado, como se o ar estivesse carregado de expectativa. Kallista estava paralisada, o coração batendo descontroladamente enquanto o instinto de luta ou fuga a dominava. Ela não sabia se corria ou se ficava ali, mas a presença do lobo a fazia sentir-se extremamente vulnerável.Então, algo extraordinário aconteceu. Kallista ouviu uma voz ressoar em sua mente, profunda e poderosa, como um eco distante. "Kallista. Eu não sou seu inimigo."Ela se virou para Alaric, seus olhos arregalados de medo. "Ele está falando comigo... na minha cabeça!"Alaric, ainda em sua postura protetora, olhou para o lobo com uma mistura de respeito e preocupação. "Fenris, o que você está fazendo aqui?""E vim trazer uma mensagem urgente."Kallista se agarrou a Alaric, buscando conforto na presença familiar dele. "O que você quer dizer com isso? O que está acon
A chuva caía incessantemente naquela noite, uma cortina de água fria que parecia lavar as ruas e o desespero que envolvia Katherine. Com Kallista, ainda um bebê, nos braços, ela se movia rapidamente, suas habilidades vampíricas permitindo que seus pés mal tocassem o solo. A escuridão a rodeava, mas nada era mais opressivo do que a dor que sentia pela perda de Damon, o homem que amava e que havia dado a vida para protegê-las.As lágrimas escorriam pelos olhos azuis de Katherine, misturando-se com a chuva. Ela não se permitia pensar na morte de Damon, não agora. Ele havia se sacrificado para que elas pudessem ter uma chance, e ela não poderia deixar que sua coragem fosse em vão. Cada passo que dava era uma promessa silenciosa de que Kallista teria um futuro, longe das garras dos sobrenaturais que as perseguiam.Finalmente, após o que pareceram horas de corrida, Katherine parou em frente à casa dos Walter. Era um lugar que o rei feérico Thalion havia indicado como seguro, e ela se agarro
Kallista estava parada em frente à mala aberta, seu coração pesado enquanto encarava a realidade que a cercava. Em uma única noite, sua vida havia mudado radicalmente; agora, ela estava prestes a deixar tudo o que conhecia para trás e se aventurar em um mundo desconhecido. Um mundo onde era vista como uma estranha, onde os sobrenaturais a olhavam com desconfiança e desprezo. O medo do que estava por vir se mesclava à ansiedade, e ela se sentia como se estivesse prestes a saltar de um penhasco sem saber o que encontraria lá embaixo.Alaric, encostado na porta, observava em silêncio. Ele sempre fora seu apoio, mas agora a deixaria seguir sozinha. Kallista virou-se para ele, a frustração começando a brotar. "Por que você não pode me acompanhar para essa escola?" Ela perguntou, a voz trêmula. "Eu não quero ir sozinha."Ele suspirou, seu olhar sério. "Kallista, no reino dos lobos e dos vampiros, eu sou visto como um bastardo, um filho fora do casamento. Não sou bem-vindo lá. Assim que você
Kalista agora estava sentada em frente a uma mesa enorme de madeira, algo raro de se ver nos dias de hoje. Atrás dela estava o diretora Adriata, uma vampira de beleza estonteante. Sua pele pálida e impecável era típica da sua espécie, e seus lábios vermelhos contrastavam com os olhos azul-claros que transmitiam uma serenidade acolhedora. Kalista percebeu que havia ternura e compaixão no olhar de Adriata, o que a deixava um pouco mais à vontade em meio a toda a estranheza que a cercava."Kalista, precisamos discutir algumas regras", começou ela, sua voz suave. "Aqui, você não pode usar nada que pertença ao mundo humano. É uma questão de segurança.Ela assentiu, sentindo o peso das palavras. "E se eu esquecer e usar algo por acidente?""Os resultados podem ser severos", respondeu , com um olhar sério. "Mas não se preocupe, você terá tempo para se acostumar. A escola pode ser um lugar acolhedor, se você permitir."Kalista olhou para ela, seu coração apertando. "E quanto ao meu dormitório
A professora Ursula caminhava de um lado para o outro na sala de aula, o som de seus saltos batendo no chão ecoando como um metrônomo. Sua voz era firme e clara enquanto falava sobre a maturidade sobrenatural. "Quando os lobos atingem seu pico de maturidade, seus ossos são todos quebrados para que o novo corpo possa se adaptar," ela disse, com uma expressão séria. "Dias antes, eles apresentam picos de febres e dores de cabeça constantes. Após a primeira transformação, tendem a ganhar músculos e peso, e claro, habilidades noturnas."Kallista se encolheu ao ouvir que os ossos eram quebrados. A ideia de passar por algo tão doloroso e traumático parecia surreal e, ao mesmo tempo, normal para todos os outros alunos. Ela se perguntou se também teria que passar por aquilo. A sala estava em silêncio, mas a expressão de todos mostrava que estavam acostumados com essa realidade.A professora continuou. "Para os vampiros, o processo é diferente. Costumam apresentar dores de cabeça frequentes, av
Depois da conversa na diretoria, Kallista saiu da sala com uma mistura de indignação e confusão. A diretora Sullivan havia lhe avisado sobre a necessidade de controlar seu gênio, mas Kallista sentia-se como um alvo, injustamente marcada por ser diferente. Enquanto caminhava pelo corredor, Adrian a seguiu, mantendo-se próximo para garantir que ela estivesse segura."Ei, Kallista," ele chamou, seu tom de voz suave, mas Kallista percebeu que ele estava tenso. "Como você está se sentindo?""Como você acha que eu estou? É tão injusto! Sou um alvo só por ser diferente. Meu melhor amigo, Alaric, não está aqui porque esse bando de 'perfeitos' o julga por ser bastardo. É tão vulgar usar um termo tão arcaico para alguém!" Kallista desabafou, sentindo a frustração transbordar.Adrian parou ao lado dela, colocando as mãos nos bolsos, a expressão dele carregada de preocupação. "Eu entendo como você se sente," ele começou, hesitando por um momento antes de continuar. "Passei pela mesma situação mui
A madrugada envolvia Kallista em um manto de desconforto e delírios, enquanto ela se contorcia em sua cama. O suor escorria pelo seu rosto e a sensação de mal-estar a dominava, levando-a a um estado entre a consciência e o sonho. Em meio a essa névoa, lembranças de sua infância começaram a emergir, vívidas e cheias de emoção.Ela se viu em um dia chuvoso, envolta pela proteção calorosa de sua mãe. O som da chuva batendo contra as janelas preenchia o ar. Enquanto sua mãe a segurava, Kallista sentia a segurança em seus braços.A imagem mudava, e agora era seu pai, com um sorriso largo, brincando com ela. Ele a levantava no ar, e Kallista sentia a leveza e a felicidade daquele momento."Você é a nossa garotinha especial!" ele exclamava, rindo, enquanto Kallista balançava os pés, deslumbrada com a atenção.Os flashes de alegria continuavam, mostrando sua mãe e pai juntos, brincando e rindo ao seu redor. As vozes deles formavam um coro de amor e proteção, enquanto o mundo exterior parecia
A biblioteca da escola estava mergulhada em um silêncio profundo, interrompido apenas pelo sussurro do vento que passava pelas janelas. Kallista caminhou entre as estantes, iluminada apenas pela luz suave de uma lâmpada em um canto. Na noite anterior, ela finalmente tivera coragem de sair e encarar o mundo lá fora. Os olhares que recebeu foram variados: alguns julgadores, outros admirados. Ela se destacava entre as lobas, sua beleza e curvas chamando a atenção de muitos. Os pensamentos descarados dos machos a perseguiam, e Ravenna tinha razão; todos pareciam ter esquecido que ela era híbrida.Decidida a evitar mais atenção indesejada, Kallista optou por se refugiar na biblioteca durante a madrugada. Seu objetivo era claro: aprender mais sobre o mundo dos lobos e dos vampiros, especialmente com a aproximação do encontro com seus avós maternos, que eram reis. A última coisa que ela queria era fazer papel de idiota diante deles.Ao entrar na seção de história sobrenatural, uma lembrança