---Viktor pediu silêncio a todos no salão, sua voz ressoando com uma autoridade que exigia respeito. “Todos vocês têm consciência do que foi feito,” ele começou, olhando ao redor. “Mas eu nunca demonstrei ser um problema. Pelo contrário, fui criada como uma humana por 17 anos. De repente, minha vida foi revirada, trazida para o mundo sobrenatural, e mesmo assim, sem contestar, comecei a entender melhor sobre esse mundo e sobre como deveria agir.”Fausto, no entanto, não se deixou abalar. “Isso não muda o fato de que, em poucos dias na escola, Kallista se envolveu em uma briga com Morgana Blackthorn,” ele rebateu, a voz cortante. “Os pais de Morgana estão aqui presentes para confirmar tal ato.”Nesse momento, os pais de Morgana se levantaram, indignados. O homem, de expressão severa, olhou para mim com desprezo. “Minha filha não foi a única culpada. O ataque que ela sofreu foi inaceitável!”Não hesitei. “Eu não tenho sangue de barata! Morgana me abordou e me confrontou, jogando insulto
---A madrugada se estendia silenciosa, e eu estava encostada na janela, observando o céu estrelado que se estendia até onde a vista alcançava. As estrelas brilhavam como pequenos faróis de esperança, mas meu coração estava pesado. Uma semana havia se passado desde a reunião tumultuada, e eu me sentia mais sozinha do que nunca. Meus avós vinham me visitar frequentemente, trazendo palavras de encorajamento, mas a solidão ainda me envolvia como um manto.Sentia falta de Alaric, meu amigo que sempre me apoiara, e me perguntava como ele estaria. Será que ele ainda estava no mesmo mundo que eu? As memórias das conversas que tivemos me deixavam nostálgica. Olhei para minha nova escrivaninha e decidi pegar meu diário, um meio de me conectar com meus próprios pensamentos.Comecei a escrever: “Oi, você está por aí?” Esperei um momento, e logo as palavras surgiram na página: “Sim, estou aqui.”Um sorriso iluminou meu rosto ao ver a resposta. “Você nunca dorme?” questionei, curiosa sobre a presen
Era uma noite silenciosa quando me preparei para pular a janela, meu coração acelerado com a ideia de escapar da prisão que se tornara minha vida. Abri a janela com cuidado, tentando fazer o mínimo de barulho possível, mas, de repente, uma cabeleira castanha apareceu diante de mim. Com um susto, dei alguns passos para trás, e meus olhos se encontraram com os olhos castanhos de Lucien.“Você!” exclamei, uma mistura de raiva e alívio percorrendo meu corpo. “O que você está fazendo aqui? Você não devia ter aparecido!”“Não vou embora,” Lucien respondeu, sua voz firme, mas com um toque de vulnerabilidade.Franzi a testa. “Se você não for, vou gritar para os guardas lá fora.”“Um minuto, por favor,” ele pediu, esboçando um sorriso triste. “Me deixe explicar.”Cruzei os braços, desafiadora, enquanto ele falava. “Não pude vir antes porque meus pais me proibiram de ter qualquer contato com você.”Soltei uma risada sem humor, imaginando a situação. “Como se isso importasse! Eles queriam que eu
Na manhã seguinte, eu estava em um misto de emoções, ainda refletindo sobre a noite intensa que tive. Quando Vivi e Ravenna entraram no meu quarto, não puderam conter os gritos de animação ao ouvirem minha notícia em que eu havia perdido a minha virgindade."Uau! Você conseguiu!" Vivi exclamou, enquanto Ravenna pulava de empolgação. "Como você se sente?"Hesitei por um momento, tentando encontrar as palavras certas. "Me sinto… normal, eu acho," respondi, forçando um sorriso. "Na verdade, foi bom, mas eu esperava… mais."Minhas amigas trocaram olhares confusos, a surpresa estampada em seus rostos. "Mais? O que você quer dizer com isso?" Ravenna perguntou, inclinando-se para frente, cheia de curiosidade.Sentindo-me um pouco envergonhada, decidi mudar de assunto. "Ah, esqueçam isso! Olhem o que eu ganhei!" Levantei-me rapidamente e abri o armário, revelando um verdadeiro arsenal de vestidos novos que meus avós me haviam dado."Meu Deus, Kallista! Isso é incrível!" Vivi exclamou, admirand
Eu estava perdida em meus pensamentos, ecoando os fragmentos do sonho inquietante que ainda me deixavam perturbada. De repente, ouvi um estalo de dedos bem na minha frente. Pisquei, voltando à realidade, e encontrei Lucien me observando com uma expressão preocupada."Está tudo bem?" ele perguntou, a preocupação evidente em seu tom. "Você tem estado um tanto dispersa nas últimas noites."Suspirei, tentando afastar os resquícios do sonho que ainda me atormentavam. "Quando você vai me assumir para a sua família?" perguntei de forma direta. "Quando esse joguinho vai acabar?"Lucien hesitou por um momento, olhando nos meus olhos. "Calma, Kallista. Estou esperando os resultados saírem. Assim que comprovar que você é apenas uma híbrida, começarei a trilhar um caminho para que meus pais a aceitem."Soltei uma risada sem humor. "Mesmo sendo híbrida, já seria um caminho difícil, não acha? E se eu fosse… tribida? O que você acharia?"Ele riu, um som que soou leve, mesmo que a tensão no ar fosse p
Saí correndo da biblioteca, meu coração acelerado e a mente a mil. Eu precisava encontrar uma saída antes que o clã tivesse os resultados em mãos e o peso da minha verdadeira identidade se tornasse um fardo insuportável. As saias dos vestidos me atrapalhavam, dificultando minha corrida, mas a adrenalina me impulsionava a continuar.Ao chegar no meio do corredor, um conhecido sorriso arrogante apareceu à minha frente. Era Fausto, que me observava com um ar de superioridade. "Estou ansioso pela chegada dos seus exames, Kallista," ele disse, a voz cheia de ironia.Não o confrontei, não tinha forças para isso. Com um gesto desdenhoso, apenas passei por ele, determinada a não deixar que suas palavras me afetassem. O que importava naquele momento era me proteger e descobrir como lidar com a nova realidade que me aguardava.Ao chegar em meu quarto, fechei a porta com força e corri até minha escrivaninha. Com mãos trêmulas, abri meu diário e comecei a escrever freneticamente. "Agora sei que so
Kallista pulou a janela do meu dormitório, o coração ainda pesado com a dor da rejeição que sentira naquela noite. Porém, ao me deparar com uma cena inesperada, minha surpresa me fez hesitar. O rei Viktor estava ali, ao lado de Adrian, que estava sentado em minha cama, com um semblante sério, mas acolhedor.Antes que eu pudesse começar a me explicar ou sentir a pressão do momento, Adrian sorriu para mim, fazendo um gesto que parecia aliviar a tensão. “Sua mãe fazia a mesma coisa,” ele disse, como se compartilhasse um segredo. “Sempre escapava pela janela quando as coisas ficavam difíceis.”Minha confusão aumentou. “O que vocês estão fazendo aqui?” perguntei, tentando entender a situação.O rei Viktor, com sua presença imponente, interveio. “O resultado do seu exame já saiu, Kallista. Ele confirma que você é tribida,” disse ele, com uma seriedade que não podia ser ignorada. “Estamos revirando a árvore genealógica de toda a família real para entender a extensão dos seus laços.”Senti um
A luz suave da manhã se filtra pelas cortinas da minha janela, iluminando o espaço com um brilho dourado. Hoje é um dia especial; eu completo 17 anos. A expectativa dança no ar, misturada à ansiedade. Amigos e familiares estão a caminho para a festa, mas uma sensação inquietante me acompanha, como se algo estivesse prestes a mudar. Eu me sento em frente ao espelho, observando meu reflexo. Meus cabelos castanho-claros caem em ondas suaves sobre meus ombros, e sempre achei que tinham um brilho especial sob a luz do sol. Mas são meus olhos que mais me intrigam: grandes e expressivos, refletem uma profundidade que me faz sentir que, em algum lugar dentro de mim, há um segredo escondido, esperando para ser descoberto.Às vezes, me pergunto se meus olhos revelam mais do que apenas minha aparência. Há algo neles que parece carregar uma história, um mistério que desafia a superfície da minha vida cotidiana. Costumo me perder em pensamentos sobre o que poderia estar oculto em minha essência, ma