Eu estava perdida em meus pensamentos, ecoando os fragmentos do sonho inquietante que ainda me deixavam perturbada. De repente, ouvi um estalo de dedos bem na minha frente. Pisquei, voltando à realidade, e encontrei Lucien me observando com uma expressão preocupada."Está tudo bem?" ele perguntou, a preocupação evidente em seu tom. "Você tem estado um tanto dispersa nas últimas noites."Suspirei, tentando afastar os resquícios do sonho que ainda me atormentavam. "Quando você vai me assumir para a sua família?" perguntei de forma direta. "Quando esse joguinho vai acabar?"Lucien hesitou por um momento, olhando nos meus olhos. "Calma, Kallista. Estou esperando os resultados saírem. Assim que comprovar que você é apenas uma híbrida, começarei a trilhar um caminho para que meus pais a aceitem."Soltei uma risada sem humor. "Mesmo sendo híbrida, já seria um caminho difícil, não acha? E se eu fosse… tribida? O que você acharia?"Ele riu, um som que soou leve, mesmo que a tensão no ar fosse p
Saí correndo da biblioteca, meu coração acelerado e a mente a mil. Eu precisava encontrar uma saída antes que o clã tivesse os resultados em mãos e o peso da minha verdadeira identidade se tornasse um fardo insuportável. As saias dos vestidos me atrapalhavam, dificultando minha corrida, mas a adrenalina me impulsionava a continuar.Ao chegar no meio do corredor, um conhecido sorriso arrogante apareceu à minha frente. Era Fausto, que me observava com um ar de superioridade. "Estou ansioso pela chegada dos seus exames, Kallista," ele disse, a voz cheia de ironia.Não o confrontei, não tinha forças para isso. Com um gesto desdenhoso, apenas passei por ele, determinada a não deixar que suas palavras me afetassem. O que importava naquele momento era me proteger e descobrir como lidar com a nova realidade que me aguardava.Ao chegar em meu quarto, fechei a porta com força e corri até minha escrivaninha. Com mãos trêmulas, abri meu diário e comecei a escrever freneticamente. "Agora sei que so
Kallista pulou a janela do meu dormitório, o coração ainda pesado com a dor da rejeição que sentira naquela noite. Porém, ao me deparar com uma cena inesperada, minha surpresa me fez hesitar. O rei Viktor estava ali, ao lado de Adrian, que estava sentado em minha cama, com um semblante sério, mas acolhedor.Antes que eu pudesse começar a me explicar ou sentir a pressão do momento, Adrian sorriu para mim, fazendo um gesto que parecia aliviar a tensão. “Sua mãe fazia a mesma coisa,” ele disse, como se compartilhasse um segredo. “Sempre escapava pela janela quando as coisas ficavam difíceis.”Minha confusão aumentou. “O que vocês estão fazendo aqui?” perguntei, tentando entender a situação.O rei Viktor, com sua presença imponente, interveio. “O resultado do seu exame já saiu, Kallista. Ele confirma que você é tribida,” disse ele, com uma seriedade que não podia ser ignorada. “Estamos revirando a árvore genealógica de toda a família real para entender a extensão dos seus laços.”Senti um
A luz suave da manhã se filtra pelas cortinas da minha janela, iluminando o espaço com um brilho dourado. Hoje é um dia especial; eu completo 17 anos. A expectativa dança no ar, misturada à ansiedade. Amigos e familiares estão a caminho para a festa, mas uma sensação inquietante me acompanha, como se algo estivesse prestes a mudar. Eu me sento em frente ao espelho, observando meu reflexo. Meus cabelos castanho-claros caem em ondas suaves sobre meus ombros, e sempre achei que tinham um brilho especial sob a luz do sol. Mas são meus olhos que mais me intrigam: grandes e expressivos, refletem uma profundidade que me faz sentir que, em algum lugar dentro de mim, há um segredo escondido, esperando para ser descoberto.Às vezes, me pergunto se meus olhos revelam mais do que apenas minha aparência. Há algo neles que parece carregar uma história, um mistério que desafia a superfície da minha vida cotidiana. Costumo me perder em pensamentos sobre o que poderia estar oculto em minha essência, ma
O lobo , imponente e majestoso, permaneceu parado na varanda, seus olhos amarelos fixos em mim e Alaric. O silêncio que se seguiu parecia quase pesado, como se o ar estivesse carregado de expectativa. Eu estava paralisada, o coração batendo descontroladamente enquanto o instinto de luta ou fuga me dominava. Não sabia se corria ou se ficava ali, mas a presença do lobo me fazia sentir extremamente vulnerável.Então, algo extraordinário aconteceu. Ouvi uma voz ressoar em minha mente, profunda e poderosa, como um eco distante. “Kallista. Eu não sou seu inimigo.”Virei para Alaric, meus olhos arregalados de medo. “Ele está falando comigo… na minha cabeça!”Alaric, ainda em sua postura protetora, olhou para o lobo com uma mistura de respeito e preocupação. “Fenris, o que você está fazendo aqui?” “Vim trazer uma mensagem urgente.”Agarrei-me a Alaric, buscando conforto na presença familiar dele. “O que você quer dizer com isso? O que está acontecendo?” Minha voz tremia, e a realidade do mome
A chuva caía incessantemente naquela noite, uma cortina de água fria que lavava as ruas e o desespero que envolvia minha alma. Com Kallista, ainda um bebê, nos meus braços, me movia rapidamente, minhas habilidades vampíricas permitindo que meus pés mal tocassem o solo. A escuridão me rodeava, mas nada era mais opressivo do que a dor que sentia pela perda de Damon, o homem que amava e que havia dado a vida para nos proteger.As lágrimas escorriam pelos meus olhos azuis, misturando-se com a chuva. Não me permitia pensar na morte de Damon, não agora. Ele havia se sacrificado para que pudéssemos ter uma chance, e eu não podia deixar que sua coragem fosse em vão. Cada passo que dava era uma promessa silenciosa de que Kallista teria um futuro, longe das garras dos sobrenaturais que nos perseguiam.Finalmente, após o que pareceram horas de corrida, parei em frente à casa dos Walter. Era um lugar que o rei feérico Thalion havia indicado como seguro, e me agarrei a essa esperança como uma tábua
Eu estava parada em frente à mala aberta, meu coração pesado enquanto encarava a realidade que me cercava. Em uma única noite, minha vida havia mudado radicalmente; agora, eu estava prestes a deixar tudo o que conhecia para trás e me aventurar em um mundo desconhecido. Um mundo onde era vista como uma estranha, onde os sobrenaturais me olhavam com desconfiança e desprezo. O medo do que estava por vir se mesclava à ansiedade, e eu me sentia como se estivesse prestes a saltar de um penhasco sem saber o que encontraria lá embaixo.Alaric, encostado na porta, observava em silêncio. Ele sempre fora meu apoio, mas agora me deixaria seguir sozinha. Virei-me para ele, a frustração começando a brotar. "Por que você não pode me acompanhar para essa escola?" Perguntei, a voz trêmula. "Eu não quero ir sozinha."Ele suspirou, seu olhar sério. "Kallista, no reino dos lobos e dos vampiros, eu sou visto como um bastardo, um filho fora do casamento. Não sou bem-vindo lá. Assim que você estiver segura,
O vilarejo à minha frente era simples, mas encantador. Pessoas com traços semelhantes a Alaric e Fenrys circulavam por ali: homens e mulheres de porte atlético, altos e levemente bronzeados, com cabelos em tons claros que brilhavam sob a luz do sol. Eu fiquei fascinada e um pouco intimidada."Bem-vinda à alcateia de lobos," Fenrys explicou, observando minha reação. "Essa é uma característica forte dos lobos. E assim como todos os vampiros são altos, esguios e pálidos, com cabelos que vão do preto ao ruivo, você começará a entender como funciona o mundo ao qual agora pertence."Olhei em volta, absorvendo cada detalhe. Havia uma energia vibrante no ar, e, apesar de todo o desconhecido, uma parte de mim se sentia em casa. O medo ainda estava presente, mas era acompanhado por uma curiosidade ardente. O mundo sobrenatural era real, e agora eu fazia parte dele.Com um suspiro profundo, me preparei para dar o próximo passo em minha nova vida, determinada a descobrir quem eu era e onde me enca