— Eu sabia — Disse Renato, quase como um sussurro ao meu lado, ele estava sorrindo?
Franzi a testa incrédula, só então me dei conta de que era um testamento.
— Testamento? — Me inclinei sobre a cadeira — O que eu tenho haver com isso?
— Sim, Sr. Lorenzo o que ela tem haver com isso? — Perguntou Renato do outro lado, até agora se mostrava o mais comunicativo dos três — Ela foi apenas a cuidadora do nosso avô!
— E também, como uma filha para ele.
— Nós somos como filhos para ele! — Disse Damon do meu lado, assim como Renato ele falava de mim como se eu não estivesse do seu lado.
— Vocês foram no aniversário dele? Mês passado ou ligaram para saber como estava indo a doença? — Perguntou Lorenzo de forma ousada, quando houve apenas o silêncio de novo ele continuou — O Sr Antônio deixou a coleção de carros importados para dividirem como bem entenderem entre vocês três.
— Eu não quero, podem dividir vocês dois — Disse Edgar no meio — Já tenho alguns.
Lorenzo assentiu.
— Se assim é da sua vontade.
— Eu quero a lamborghini — Falou Damon se adiantando.
— A lamborghini não — Disse Renato com cara de poucos amigos.
— Não seja egoísta, você ainda terá sete carros, para mim parece um acordo bom! — Falou Damon barganhando.
Renato ponderar suas palavras e então assentiu.
— Fique com a Lamborghini então.
Damon assentiu em silêncio e olhou para frente.
— A casa de praia em Malibu e o apartamento em Dubai serão de Renato, assim como as propriedades na nos Estados Unidos e a fábrica no Canadá. Já a fazendo no Brasil, a mansão na austrália e às casas na itália e na alemanha serão de Damon, segundo ele, disse que havia discutido isso com vocês a meses atrás antes de mudar o testamento pela última vez e que Edgar não queria propriedade alguma a não ser a que seu avô comprou na África, do qual se tornou o instituto e centro de ajuda para os menos encarecidos que Edgar tem administrado, junto com uma quantia em boa em dinheiro, a soma o Sr Antonio me pediu para revelar somente a ele! — Ele olhou para Edgar e digitou no telefone, então o mostrando discretamente Edgar abriu um sorriso largo, contente — Está de acordo?
— Sim, de acordo e feliz!
Lorenzo fechou o semblante, afinal, era um testamento.
— Não foi isso que eu quis dizer, que Deus tenha o meu avô — Ele fez um gesto para o céu — Ele me apoiava muito nessa causa, não é tão ruim como falam.
— O Sr. Antônio não era um homem ruim, são vocês que não o conheciam! — Depois que terminei de falar, um silêncio pairou no ar enquanto os Bonner me olhavam com o semblante sério, notando a minha presença depois de tanto tempo quieta.
— Continue Lorenzo — Disse Renato sendo o primeiro a dar de ombros, com um gesto minimamente ofensivo com a mão pedindo que o advogado à sua frente continuasse, Lorenzo o ignorou e concertou sua postura, ajeitou os papeis, sorri, ele parecia fazer de propósito para irritar Renato.— Esse dinheiro vai ajudar muitas pessoas na África. — Soltou Edgar pensativo.
— Mas você só sabe pensar na África — Reclamou Renato, olhei fixo para Renato, indignada, só então pude notar que Damon me encarava ainda sério, ele esboçou um sorriso achando graça e pisquei voltando meus olhos para Lorenzo e consertando a minha postura.
Uma pequena discussão havia começado entre Edgar e Renato sobre egoísmo e prioridades, continuava como a sombra do ambiente sem saber o que fazer ou dizer.
— Chega! — Gritou Damon aos seus irmãos com uma voz que me fez estremecer, ele os olhava sério e balançou a cabeça em reprovação. — Se comportem como adultos, se Edgar não quer nada, apenas dar dinheiro aos necessitados deixe ele, mas Edgar você não pode achar que ficará em nossa aba depois disso!
— Eu nunca pedi ajuda de nenhum de vocês, além do mais pretendo aplicar metade do dinheiro em ações para fazê-lo render. — Disse ele com desdem e Damon balançou a cabeça.
— Mas… — Renato estava prestes a voltar a mesma discussão quando Damon o olhou com olhos severos, fazendo com que Renato desistisse da discussão, mas então, não convencido e desafiador abriu a boca para falar de novo e foi interrompido por Damon, que já parecia sem um resquício de paciência.
— Renato, já chega! O nosso avô acabou de morrer…
Renato fechou a boca a contra gosto e olhou para frente evitando olhá-los, era nítido a raiva que emanava entre eles, os três pareciam não se suportar apesar de serem irmãos.
— Continuando com o testamento — Disse Lorenzo se voltando para às folhas — Às joias serão empenhadas e o valor será dado para a casas de caridade, sendo orfanatos, abrigos de sem teto, abrigos de cães e uma instituição de luta contra o câncer.
— Ótimo — Disse Renata irritado e Edgar o olhou de cara feia, Damon passou a mão nos cabelos, estava claro que nem ele estava suportando mais o clima pesado — E a mansão do Sr. Lorenzo, essa casa… com quem ficará?
Lorenzo olhou para o rosto atento deles e então para o meu, fixando o olhar.
— Ficará com a senhorita Rosalina Danzi..
Todos os três olharam para mim juntos, não gostava de ser o centro das atenções, principalmente quando sabia que era odiada como estava sendo agora, me concertei na cadeira e me senti pressionada pelos olhares, meu coração disparou e ergui as mãos a fim de me defender.
— Espera, eu não… Eu não sei o que aconteceu! Eu não pedi isso…
— Com certeza você deve ter feito a cabeça do nosso avô todo esse tempo para que ele te entregasse as chaves de ouro — Disse Renato do meu lado, me levantei rápido.
— É sério Sr.Lorenzo, veja de novo deve ter algo de errado!
Os olhos se voltaram para Lorenzo de novo, ele estava sério quando assentiu e voltou a me olhar.
— Você é herdeira dessa mansão, assim como às companhias, a empresa e metade de toda a fortuna que o Sr. Antonio acumulou durante a vida avaliada em mais de cem milhões.
Quando abri os olhos estava em um quarto, cercada por três homens. Me levantei rápido me sentando na cama. — O que é isso? O que aconteceu? — Perguntei olhando em volta, a minha cabeça doía então botei a mão sobre ela. — Fique deitada, Sr. Rosalina, o médico está vindo você bateu a cabeça. — Disse Lorenzo. Assenti e me deitei na cama. — Então tudo foi um sonho. Ouvi um riso distante do outro lado do cômodo, era Renato ele me olhava com desdém. — Não, nada foi um sonho. Estava lendo o testamento quando você desmaiou e batendo forte a cabeça na mesa do escritório.Olhei para Edgar e Damon e senti meu rosto esquentar enquanto a vergonha se apossou de todo o meu corpo. — Ela está acordada, pode continuar a ler agora. — Disse Renato, ainda impaciente. — Acho melhor esperarmos ela se recuperar. — Não! — Falei rápido — Eu quero ouvir, preciso saber por que ele me escolheu… Lorenzo assentiu e puxou uma cadeira em um can
O dia havia sido cansativo e eu queria apenas me deitar e dormir, tudo o que havia acontecido parecia um delírio da minha cabeça do qual eu ainda não sabia o que pensar.— Sr. Rosa.Eu estava prestes a abrir a porta do meu quarto, me fechar e hibernar, mas a voz familiar do qual eu conhecia bem me chamou atenção.— O que foi agora, Wallace?— Você não dorme mais em seu quarto de funcionária — Ele apontou para o andar de cima.— Eu não vou dormir no quarto de Antônio, eu me recuso!— Tudo bem, então durma no quarto ao lado. É uma suíte bem grande, você não precisa dormir em um pequeno quarto, a casa inteira agora é sua agora!— Eu só quero uma cama.— E travesseiros de pena?— O que? — Franzi a testa, mas larguei a maçaneta e o segui.Ele me levou até o último andar, em um quarto grande e ao que parecia, feminino.— Esse quarto... — Olhei para Wallace e então me virei para sair dele o mais rápido possível — Não, você ficou louco!— Rosa, não saia daqui!Parei de andar e o olhei confusa
Mesmo envergonhada, mantive meus olhos fixos nele. Não sabia o que dizer e a cada segundo podia sentir meu rosto esquentar mais envergonhada, me sentindo culpada, intrusa, como se eu fosse a vilã naquela casa. — Eu… eu… — Você? — Eu… Renato esfregou o rosto perdendo a paciência e caminhou pelo quarto. — Você acha que podemos chegar em nossas vidas e tirar tudo o que temos? Você sabe o que esse quarto significa para mim? — Não — Fechei os olhos percebendo que havia piorado a situação. — Assim não dá, eu não consigo manter uma conversa com você. Você é oportunista. Arregalei os olhos. — O que? — O que está acontecendo? — Perguntou Edgar da porta, ele cruzou os braços sério e alternou o olhar entre nós. — Essa garota ai — Ele apontou — Ela mal tomou a casa e já está no quarto da nossa mãe. — Edgar a mamãe odiava esse quarto, ela dizia que era mal assombrado, se você botou os pés aqui foi por três vezes, no máxi
Rosa Parei nos degraus e respirei fundo, consertei minha postura, não estava preparada para encará-los na mesa do almoço, mesmo assim dei um passo à frente. Os saltos eram exagerados e eu não sabia como andar com eles, ainda assim dei mais um passo à frente, descendo às escadas com calma, a casa estava silenciosa, olhei para os lados, tudo o que eu queria era voltar para o quarto e me deitar, ficar na cama de moletom e me remoer em minha dor, mas precisava cumprir o cronograma. Entrei na sala de estar e era como se meus olhos se enchessem, às lembranças pairavam em minha mente brotando involuntariamente a cada segundo que se passava, eram tantas recordações com o Sr Antonio naquela mesa, comíamos juntos algo que quase ninguém entendia, mas ele era um homem solitário e após meses de insistência, eu me sentei a mesa e passei a comer todos os dias com ele, desde então não percebemos quando haviamos esvaziado o prato, continuavamos na mesa conversando por um tempo enquan
Rosa Eu e Jonathan subimos as escadas, ele parecia impressionado com o quarto enquanto eu contava os últimos acontecimentos, Jonathan balançava a cabeça e dizia poucas palavras. Ele tocou em um dos quadros de António antigo do qual havia um barco ao fundo, em um mar turbulento. — Por favor Jonathan, não toque em nada, esse quarto não é meu! — Não é ? — Ele se virou e abriu um sorriso — Você tem noção da sorte que você tem? Agora essa casa inteira é sua, isso é tão incrível quanto absurdo! Ele se aproximou rápido da cama onde eu estava sentada e me deu um beijo rápido que me pegou desprevenida. — Jonathan… — Ele me beijou de novo, um beijo rápido, mas forte me impulsionando um pouco para trás — Jonathan, você ouviu o que eu disse? — Sim, você acabou de ganhar na mega sena! — Não — Falei segurando o rosto dele, tentando impedir que ele me beijasse de novo e ele me puxou pela cintura me aproximando mais de si, tirou a alça do meu vestido e beijou meu p
Rosa Sai do terraço me sentindo vitoriosa, com um sorriso nos lábios, sabia que agora Damon estava com ainda mais raiva de mim, mas entre às desavenças e o desejo deles de me diminuir a qualquer custo eu estava chegando a um ponto onde me sentia sufocado, não tinha mais lágrimas para chorar ou cabeça para suportar, entre os cochichos dos meus colegas de trabalho e o olhar penetrante e julgador de Renato que insistentemente jogava piadas quase sempre que me via, Damon também não facilitava, era mais sutil, porém, tinha o mesmo desdém de todos da casa. Fazer com que todos gostassem de mim nunca foi tão difícil… Suspirei e parei em uma das janelas do corredor sentindo um nó em minha garganta, notei pelo lado de fora da janela e logo depois do grande gramado que se estendia a muitos metros, que atrás dos muros estavam abarrotados de jornalistas, todos pelos quais havia me prendido naquelas paredes, sem que eu pudesse sair para espairecer nem mesmo no quintal, pois sabia que logo
Rosa — A Sra. Rosa — Wallace me olhou de cima a baixo — Suas roupas. Olhei para minhas roupas, mas elas não estavam fora do lugar, me sentia envergonhada como se tivesse sido pega de surpresa e olhei para os olhos dele. — O que tem minhas roupas? — Elas estão amarrotadas, quer que eu as leve para as passar? — Agora? — Franzi a testa — O Sr. Antonio às vezes pedia para que passassem a roupa dele no meio do dia… Wallace balançou a cabeça assentindo. — E nesse tempo ele ficava como? Pelado? — De roupão, em sua sala de descanso. Balancei a cabeça assentindo, parece que havia coisas sobre a rotina de Antônio que eu não sabia. — Não é preciso, eu vou tomar um banho e me deitar. Já estava saindo quando Wallace chamou meu nome de novo, parei e olhei para ele. — Diga. — Isso é para você — Ele ergueu a mão revelando uma carta. A segurei, então olhando para ele e para ela a abri com cuidado para não rasgar o conteúdo de de
Rosa Ainda era muito cedo quando abri os olhos e perdi o sono. Deixei Jonathan dormindo na cama e caminhei pela casa perambulando pelos corredores que eu conhecia bem, mas que agora, de alguma forma, pareciam diferentes. Eu havia acordado pensativa, com tantas coisas acontecendo eu não sabia como agir, o que pensar, o que fazer. Todos pareciam contra mim, tudo parecia sufocante, eu ainda estava com um milhão de memórias que me vinham e iam pela mente durante o dia do Sr Antônio que foi como um pai para mim e todos os meus colegas e alguns que eu considerava amigos, viraram às costas para mim. Caminhei pelo campo e parei perto de um pequeno lago bonito, era frio e a neblina deixava tudo parecendo ainda mais monótono. Foi quando vi Jonathan dirigindo como um louco em um carrinho de golfe e gritando, vindo em minha direção. — O que é isso? — Perguntei incrédula e balancei — Parece uma criança. — É divertido — Disse ele saindo do carrinho de golfe, ele botou a mão e