Rosa Ainda era muito cedo quando abri os olhos e perdi o sono. Deixei Jonathan dormindo na cama e caminhei pela casa perambulando pelos corredores que eu conhecia bem, mas que agora, de alguma forma, pareciam diferentes. Eu havia acordado pensativa, com tantas coisas acontecendo eu não sabia como agir, o que pensar, o que fazer. Todos pareciam contra mim, tudo parecia sufocante, eu ainda estava com um milhão de memórias que me vinham e iam pela mente durante o dia do Sr Antônio que foi como um pai para mim e todos os meus colegas e alguns que eu considerava amigos, viraram às costas para mim. Caminhei pelo campo e parei perto de um pequeno lago bonito, era frio e a neblina deixava tudo parecendo ainda mais monótono. Foi quando vi Jonathan dirigindo como um louco em um carrinho de golfe e gritando, vindo em minha direção. — O que é isso? — Perguntei incrédula e balancei — Parece uma criança. — É divertido — Disse ele saindo do carrinho de golfe, ele botou a mão e
Rosa Na mesa do jantar o silêncio reinava, Edgar havia pintado os cabelos de vermelho a uma hora atrás fazendo com que Renato o olhasse com desdém e Damon risse do seu novo visual. Ninguém me olhava e quando olhava era com desdém, mas Jonathan parecia ser ignorado completamente por eles. Era algo bem melhor do que o que eu estava passando. — Você também irá à festa Damon? — Como? — Perguntou Damon me olhando surpreso. — Você foi convidada? — Perguntou Renato com indignação. Alternei o olhar entre eles. — Sim, eu fui. Edgar esboçou um riso contido e me olhou com olhos travessos. — Você não vê, né Rosa? — Não vejo o que? — Ninguém te conhece, ninguém quer você lá, ganhou destaque por causa do nosso avô, mas se você for, será motivo de piada! — Wallace disse que… — O Wallace que diz é o nosso Wallace, o mordomo? — Perguntou Renato e balancei a cabeça assentindo — O que ele sabe? — Ele era o braço direito do Sr Antônio
Rosa Assim que vi todos saírem a passos rapidos, me permiti desabar. Olhei em volta e senti como se meu peito estivesse sendo esmagado a cada segundo mais, doía, como aquela sala nunca me doeu antes. Estava impregnado em cada cômodo, cada canto às lembranças de Antônio, eu havia aprendido a amar aquele Senhor como se fosse minha própria familia, a familia que eu não tinha e agora a dor era inegável, assim como a mesa quebrada parecia ser o fim do ciclo de algo que nunca mais voltará a ser como antes. Me abaixei e peguei um caco de vidro de um prato quebrado no chão. — Rosa, deixe isso que os empregados iram limpar amanhã — Pediu Jonathan tocando em meu ombro. Balancei a cabeça negando. — Não dá para deixar isso — Falei na certeza de que logo ia desabar em lágrimas. — Rosa, você não é mais funcionária daqui. Vamos sumir e tomar um banho, deitar, eu te faço uma massagem. O dia foi estressante, deixe que os criados limpem a… — Criados? — O questionei
Não esperei que Damon respondesse e também não olhei para o seu rosto de novo, estava envergonhada demais para isso. Segui rápido sem olhar para os lados em direção ao meu quarto e quando cheguei vi Jonathan deitado na cama dormindo como uma pedra. Tirei os sapatos sujos de comida os deixando pelo caminho, exausta, esgotada da noite, nem mesmo tive ânimo de responder ao carinho feito pelo meu gato que veio me receber de prontidão. Apenas me despi e me deitei na cama ao lado de Jonathan. Senti suas mãos em volta de mim me puxando para um abraço e conchinha e fechei os olhos sentindo meu coração disparar, me sentindo errada, completamente culpada mesmo sem ter de fato acontecido algo. Passei a noite em claro pensando, nada batia na minha mente, não fazia sentido. Eu poderia entender que estava sensível, que precisava de apoio, que não estava em uma fase boa do meu relacionamento, mas Damon? Isso não se encaixava na minha mente, a forma como me sentia atraída por ele só podia
O sol estava bem quente, pela primeira vez em meses, o que deixou a praia cheia. Paramos em um quiosque da praia, em um local menos cheio onde achamos uma mesa vazia e Jonathan pediu cerveja e tira gostos. A música baixa, o vento e o sol, a paisagem, o som do mar, a areia sob meus pés. Tudo parecia perfeito. — Aqui devia fazer mais sol, é sempre tão frio — Falei relaxada na cadeira. — Podemos viajar para um lugar que seja agora você tem rios de dinheiro — Disse Jonathan. Balancei a cabeça assentindo, talvez viajar me faça bem. — Eu estou mesmo precisando me distrair. — Para onde quer ir? Pensei um pouco. — Portugal? — Então vamos para lá, semana que vem. — Semana que vem? — Repeti suas palavras incrédula — Já? — Sim, não tem porque ficamos aqui todo esse tempo. — Mas os Bonner precisam… — Quem liga para o que os Bonner precisam? E o que você precisa Rosa, será que alguém pensou nisso? Ponderei suas palavras. —
Ela olhava nos olhos, por um segundo fiquei sem reação então a vi mergulhar. As suas palavras tinham outro significado, pairavam no ar e eu senti que elas não foram levadas pelo vento da praia. Quem quer mergulhar de cabeça em alguém que só conhece a dois dias? Ela levantou a cabeça e riu com certa animação ou talvez fosse o choque da água. — Está muito gelado aí? — Sim. Mergulhei também deixando toda a água me cobrir como um cobertor, estava gelada, mas quando botei minha cabeça para fora da água me sentia renovada “Era isso que eu precisava” pensei. Um mergulho no mar. — Não vá de cabeça com Damon — Falei me aproximando dela. — Você o conhece a dois dias. — Sim, eu o conheço há dois dias. Mas ele tem se mostrado um homem bom, conversamos muito. — Conversam? — Repetir surpresa, Damon não parecia ter conversado muito. — Sim, ele é muito atencioso. Balancei a cabeça lentamente. — E o que mais? — O que mais? Você já deve imaginar…
Fiquei olhando para Damon enquanto ele se afastava, não demorou muito e Jonathan apareceu ao lado de Brad segurando algumas caixas de whisky, sorri, mas ele seguiu em direção contrária ajudando a Brad a carregar as caixas. “Eu preciso me enturmar" pensei, eu não queria ser a chata, e metida, a que sem graça que não conseguia interagir e sabia, que essa festa não acabaria tão cedo, eu precisava me aproximar das meninas. Olhei para o mar por um breve momento e então virei meu copo decidida a me animar. Me aproximei das meninas do qual, já estavam muito animadas e Keyla me puxou. — Até enfim você veio. Deixa eu te apresentar às meninas. — Essa é Lisa, essa é Maria e essa Jose.. Meninas essas é Rosa. — Você é a… Maria estava falando quando Jose deu uma cotovelada nela que se calou e sorriu. — Não precisa ficar tensa, eu não ligo. Maria assentiu e relaxou os músculos. — Cadê sua bebida? — Perguntou Keyla olhando para o meu copo vazio, ela o
Um calor forte percorreu por todo o meu corpo com a proximidade, Damon me olhava de forma diferente, mas continuava imovel. Toquei em seu rosto e então, algo dentro de mim revirou, dentro do meu estômago enquanto o mal estar piorou, tudo girava. Só deu tempo de me virar para o mar e vomitar tudo o que havia bebido, tudo o que havia comido durante o dia. — Isso está horrível — Disse Damon fazendo uma careta. — Cale a boca! — Você comeu camarão também? — Você é nojento, Damon sai daqui. Não quero você olhando! Não achava que Damon fosse obedecer, mas também não esperava pela sua reação. Ele se aproximou mais de mim e com delicadeza começou a juntar os meus cabelos os afastando do rosto. — Se eu sair, quem me garante que você não vai cair no mar e virar comida de tubarão? — Tem tubarões por aqui? — Olhei nos olhos dele. — Sim — Me levantei rápido me afastando um pouco da borda, mas então voltei e senti a mão de Damon na minha cintura. — Ros